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Caso Maria Clara

Padrasto acusado de matar enteada é condenado a 32 anos de prisão

Mãe da Maria Clara, acompanhada de familiares, participou do julgamento; defesa diz que vai recorrer da sentença

Por Cristiani Azanha

17 de maio de 2024, às 08h13 • Última atualização em 17 de maio de 2024, às 10h56

O Tribunal do Júri de Hortolândia condenou o réu Cássio Martins Camilo à pena de 32 anos, 10 meses e dez dia de reclusão, em regime fechado, pela morte da própria enteada, Maria Clara Calixto Nascimento, de apenas 5 anos.

O julgamento ocorreu nesta quinta-feira (16), no Fórum, e foi acompanhado pela mãe da vítima, junto de familiares. O pai da criança iria prestar depoimento, mas passou mal e precisou de atendimento médico. O crime ocorreu em dezembro de 2020, na casa da criança, no Jardim São Felipe.

Familiares da vítima protestaram na frente do Fórum nesta quinta-feira (16) – Foto: Cristiani Azanha/Liberal

O padrasto foi responsabilizado por estupro de vulnerável agravado, homicídio multiqualificado, por asfixia e meio cruel e por assegurar a ocultação e a impunidade do delito de estupro e feminicídio.

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A pedido do advogado Nelson Ventura Candello, que representou o réu, ele não esteve no júri presencialmente. Porém, o juiz André Forato Anhê permitiu que acompanhasse o julgamento por meio de videoconferência diretamente da Penitenciária de Sorocaba, onde cumpre pena.

O defensor antecipou ao LIBERAL que pretende recorrer da sentença. “Vamos pedir a desclassificação do estupro, que não ficou comprovado nos laudos.”

A menina Maria Clara – Foto: Reprodução

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Para o promotor Alberto Cerqueira Freitas Filho, o julgamento foi justo e a sentença confirmou a denúncia apresentada pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo).

“A assistência de acusação que representou a família no processo acredita que foi feita justiça para a Maria Clara, visto que houve a condenação por todos os crimes aos quais foi acusado”, informaram os advogados Antonio Gonzales e Edilson Casagrande.

Crime chocou a região

O corpo de Maria Clara foi encontrado em um terreno baldio. Segundo o MP, no dia do crime o réu estava sozinho com a criança, quando tentou molestá-la, mas ela gritou. A vítima foi agredida e morta por esganadura, ou seja, o padrasto usou as próprias mãos para asfixiá-la.

O laudo necroscópico confirmou que ela tinha três hematomas em cada lado do pescoço, que possivelmente foram marcas deixadas pelos dedos do réu. 

Polícia investiga terreno onde Maria Clara (destaque) foi encontrada – Foto: Marcelo Rocha – O Liberal / Reprodução

Depois, o corpo da menina foi enrolado em uma cortina, colocado em uma caixa e abandonado em um terreno baldio.

Quando a mãe chegou em casa depois do trabalho não encontrou a menina e passou a procurá-la no bairro. O próprio padrasto acompanhou as buscas com os familiares. O corpo da menina foi localizado por um tio somente no dia seguinte ao crime. Ela estava com a boca amordaçada com uma fita adesiva e tinha outros hematomas no corpo.

Após perceber que era o principal suspeito, Cássio fugiu, mas foi localizado pela polícia na casa de parentes, em Campinas. Enquanto prestava depoimento na delegacia, várias pessoas conhecidas da vítima ameaçaram invadir a delegacia e pneus foram queimados em protesto.

Populares atearam fogo em pneus em frente à delegacia – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

O réu também já havia sido condenado a 18 anos de prisão pelo estupro de outra enteada, em Monte Mor.

Familiares de Maria Clara realizaram protesto antes do júri popular

Inconformados pela afirmação do réu Cássio Martins Camilo, 30, de que teria matado a enteada Maria Clara Calixto Nascimento, de apenas 5 anos, por acidente, um grupo de cerca de 20 familiares carregou faixas de protesto pedindo “Justiça” antes do início do júri popular, próximo ao Fórum de Hortolândia, na manhã desta quinta-feira.

Durante o interrogatório no processo, o réu chegou a dizer que a menina correu em casa, bateu a cabeça no armário e depois caiu desfalecida. Ele alegou que teve um surto e acabou matando a enteada, mas negou o estupro.

A mãe da vítima, Franciele Kauane Viana Nascimento disse que seu ex-companheiro matou sua única filha. “Em nenhum momento tive alguma suspeita de que ele poderia fazer um mal tão grande. Eles se davam super bem e se gostavam. Desde a morte da minha filha deixei de viver, hoje eu apenas sobrevivo”, desabafou.

Após saber da sentença, a tia materna de Maria Clara, Adriana Viana Nascimento afirmou que esperava uma condenação maior. “Esperávamos uma pena mais severa diante de tudo que foi apresentado hoje, mas vamos continuar pedindo a justiça divina.”

A avó paterna da criança, Maria José Dias dos Santos relatou que seu filho, pai de Maria Clara, está fazendo tratamento de depressão desde a morte da criança.

“Ele até chegou a vir ao Fórum, mas o juiz o dispensou porque passou mal. Meu filho chegou a entrar na Justiça pedindo a guarda compartilhada, mas o pedido nem chegou a ser analisado. O padrasto tinha ciúmes da menina e sempre dificultava as visitas do pai”, disse.

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