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CASO MARIA CLARA

Morte de menina de 5 anos pelo padrasto choca a região e provoca revolta em Hortolândia

Cássio Martins Camilo, de 27 anos, confessou que estuprou e matou a criança; corpo foi encontrado dentro de caixa em terreno baldio

Por André Rossi

19 de dezembro de 2020, às 07h27

A morte da menina Maria Clara Calixto Nascimento, de 5 anos, chocou a região nesta sexta-feira (18) e provocou revolta em Hortolândia. A criança foi estuprada e assassinada pelo padrasto, Cássio Martins Camilo, de 27 anos, que confessou o crime e foi preso. O homem já tinha passagem por estupro.

A criança havia desaparecido na manhã de quinta-feira (17). Desde então, familiares realizavam buscas pelo bairro Vila Real, onde a menina morava com a mãe, a encarregada de produção Franciéle Kauane Viana Nascimento, de 25 anos, e o padrasto.

Corpo de Maria Clara foi achado em terreno baldio no bairro São Felipe, na manhã de ontem – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal e Reprodução

O homem já era tido como suspeito e chegou a ser ouvido na delegacia quinta-feira (17), mas acabou liberado e levado até a casa de uma parente em Monte Mor. Ele negava participação no então sumiço da criança.

Familiares e amigos realizavam buscas pelo bairro na manhã de sexta quando um tio da menina localizou o corpo em um terreno baldio na Rua Irmã Nazária Rita de Fillipi, no bairro São Felipe, próximo à casa da família.

A criança estava dentro de uma caixa de papelão, coberta por plástico. Em um ato de desespero, Franciéle pegou o corpo da filha no colo e o levou até a UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) Nova Hortolândia, mas a criança já estava morta.

Corpo da menina foi encontrado na manhã de sexta-feira em um terreno baldio – Foto: Reprodução

Depois que o corpo foi encontrado, agentes da Polícia Civil interceptaram o padrasto tentando fugir de Monte Mor para Campinas. Ele foi detido quando descia de um veículo de transporte por aplicativo já na cidade campineira.

Segundo o delegado titular de Hortolândia, João Jorge Ferreira da Silva, o homem confessou que estuprou e matou a menina. “Só estamos diligenciando para verificar a forma como ele levou a criança”, ressaltou.

O corpo foi encaminhado para o IML (Instituto Médico Legal) para determinar a causa exata da morte e se a criança estava viva durante o estupro. Ainda segundo o delegado, a suspeita é de que a menina tenha sido morta por asfixia.

Delegado João Jorge Ferreira da Silva, em coletiva sobre o caso nesta sexta – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

“A psicose de um indivíduo, você não pode tentar imaginar o motivo. Ele é um individuo descompensado, desqualificado, para o qual a vida não tem valor. […]  Elemento psicótico não tem arrependimento”, disse João Jorge ao ser questionado se o homem demonstrou arrependimento.

Momento
Segundo o delegado, o crime deve ter ocorrido após às 5h de quinta-feira. A mãe da criança deixou a casa para trabalhar e o homem permaneceu no imóvel com a menina.

A mulher estava na delegacia durante a tarde desta sexta-feira para prestar depoimento. Ela não era considerada suspeita, mas a Polícia Civil queria determinar as circunstância que levaram ao crime.

População protestou em frente à Delegacia de Polícia de Hortolândia – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

“Esse indivíduo, que é usuário de entorpecente, teria retornado por volta das 5h para  a residência. […] Particularmente, eu não deixaria uma criança na mão de um usuário de entorpecente. Ele chegou às 5h na residência porque ele passou a noite inteira consumindo crack”, afirmou João Jorge.

A perícia da Polícia Civil voltou ao imóvel nesta sexta-feira para uma nova inspeção. Um fato que chamou a atenção foi o fato do homem ter lavado a casa inteira na quinta-feira de manhã. Vizinhos ouvidos pelo LIBERAL presenciaram o ato.

Além da casa, o terreno onde a criança foi encontrada e outra área de mato na mesma rua também foram alvo dos agentes.

Policiais prenderam o acusado pelo crime quando ele tentava fugir – Foto: Marcelo Rocha/Liberal

“A perícia foi fazer o levantamento para ver se não tinha indícios no outro terreno também. Na casa ontem, quando meus investigadores adentraram, ela tinha sido lavada inteira, mas isso não impede da perícia encontrar indícios posteriores”, ressaltou João Jorge.

Padrasto é acusado de estupro contra outra enteada

Assassino confesso da menina Maria Clara, Cássio Martins Camilo, de 27 anos, é acusado de estupro contra outra enteada, em 2018, na cidade de Monte Mor. Na época, a menina tinha 9 anos e era filha de uma ex-namorada.

A passagem por estupro foi citada pelo delegado titular de Hortolândia, João Jorge Ferreira da Silva, e também pela delegada seccional de Americana, Martha Rocha, que foi até a cidade para acompanhar o trabalho da polícia.

Enquanto manifestantes protestavam, pai de outra vítima do mesmo homem foi até a delegacia – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Segundo parentes de Maria Clara, a família não sabia que Cássio tinha passagem por estupro.

“Esse indivíduo já tem um positivo na cidade de Monte Mor, onde teria também praticado estupro contra uma enteada da época. Ele está sendo denunciado pelo Fórum de Monte Mor”, afirmou João Jorge.

No início da tarde desta sexta-feira, quando populares protestavam na frente da delegacia de Hortolândia, o pai da vítima de Monte Mor foi até o local para tentar ser ouvido. Em entrevista ao LIBERAL, o homem disse que reconheceu Cássio pelas imagens que circularam em redes sociais.

Policiais civis verificam local onde a menina Maria Clara foi achada morta nesta sexta, em Hortolândia – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

“Ele era ex-companheiro da minha ex. Ele estava namorando ela, até morava junto. Depois do ocorrido, sumiu e não deu mais a cara a tapa”, comentou o homem, que não terá a identidade revelada para preservar a vítima.

Na época do abuso, a menina tinha 9 anos e contou ao pai sobre o estupro por meio de mensagens de WhatsApp. O caso aconteceu em agosto de 2018.

“Minha filha mandou mensagem dizendo que ele abusou dela. Quando eu fui atrás, não achei ele. Foi feito BO, mas não encontramos ele de forma alguma. […] Um cara que faz isso com uma criança não merece nem viver”, afirmou o homem.

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