VCA 141, DEZ ANOS
Motorista do VCA 141 diz ainda ver riscos na passagem
Condenado pela tragédia que matou dez pessoas em 2010, em Americana, ex-funcionário da VCA afirma que problema no local era visível
Por Marina Zanaki
10 de setembro de 2020, às 08h08 • Última atualização em 09 de dezembro de 2020, às 16h59
Link da matéria: https://liberal.com.br/cidades/americana/motorista-do-vca-141-diz-ainda-ver-riscos-na-passagem-1304152/
Dez anos após o acidente que matou dez pessoas na linha férrea em Americana, o ex-motorista do VCA 141, Alonso de Carvalho, condenado pelo acidente, diz ainda ver riscos na passagem de nível entre a Avenida Antônio Lobo e os trilhos.
Ele entende que um acidente no trecho era questão de tempo, considerando a situação do local sem a cancela.
“Tinha que acontecer. Se não acontecesse comigo, ia acontecer com outro, porque o problema era visível demais”, afirma.
Em 2006, quatro anos antes da tragédia, um acidente semelhante ocorreu no trecho.
Um ônibus da AVA (Auto Viação Americana) tombou e ficou preso entre um vagão e a passarela.
Um funcionário do trem percebeu a aproximação do ônibus e avisou o maquinista, que conseguiu diminuir a velocidade.
Os passageiros foram retirados do ônibus através de uma saída de emergência e houve apenas um ferido leve.
A passagem de nível passou a contar com uma cancela no cruzamento com a Avenida Antônio Lobo e avisos sonoros automáticos depois do acidente.
Alonso ressaltou a importância dos dispositivos, mas disse que ainda enxerga riscos fatais na passagem.
Ele chama a atenção para a ausência de uma cancela fechando a passagem entre os trilhos e a Rua Carioba.
O sentido é contramão para carros, mas utilizado por muitos pedestres.
O local conta com uma passarela de pedestres, que foi reformada no ano passado pela concessionária Rumo.
Apesar disso, muitas pessoas acabam não a utilizando. Alonso lembrou que, além disso, a região concentra a presença de moradores de rua e usuários de drogas.
A outra crítica se refere justamente ao fechamento manual do portão.
Atualmente, os vigias recebem do maquinista um aviso por rádio e têm alguns minutos para sair da guarita para fechar o portão que impede a passagem de carros.
Um funcionário que trabalha na cancela e que preferiu não ser identificado confirmou os riscos apontados por Alonso.
“Fora o perigo que o portão está do lado errado. A gente está na guarita, e vem o aviso. Tem que atravessar na frente dos veículos, principalmente em horário de pico, ir do outro lado buscar o portão e vir fechando. Depois tem que abrir e esperar a boa vontade de um motorista ou arriscar a vida na frente de um carro”, disse o funcionário ao LIBERAL.
O funcionário contou que há casos pontuais em que o aviso pelo rádio não é feito. O vigia então depende de avisos sonoros.
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A Prefeitura de Americana, que é quem responde pela instalação de cancelas e possível automatização do portão, não se posicionou até o fechamento da reportagem.
Já a concessionária Rumo afirma que “uma peça fundamental na prevenção de acidentes é a conscientização da população”.
“A empresa realiza uma série de campanhas educativas para alertar sobre os cuidados com a ferrovia”, defende.