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TRATAMENTO

Após reportagem, Prefeitura de Americana mantém custeio da terapia ABA para autistas

Decisão do prefeito Chico Sardelli ocorre após reportagem do LIBERAL mostrar que tratamentos obtidos por meio de decisões judiciais seriam interrompidos

Por João Colosalle e Gabriel Pitor

19 de julho de 2024, às 19h06 • Última atualização em 19 de julho de 2024, às 23h04

O prefeito Chico Sardelli (PL) determinou, nesta sexta-feira (19), que seja mantido o custeio da Prefeitura de Americana de tratamentos com a terapia ABA (Análise do Comportamento Aplicada, traduzido do inglês) para crianças e adolescentes autistas, obrigado em decisões liminares da Justiça.

A medida ocorreu após reportagem do LIBERAL, publicada nesta sexta, revelar que os tratamentos haviam sido cortados depois que a prefeitura recorreu ao TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) contra as decisões liminares que haviam determinado o atendimento.

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Na quinta-feira (18), um grupo de mães com filhos autistas procurou o Ministério Público em Americana para tentar reverter a situação. Elas alegam que os filhos estão sendo encaminhados para o SUS (Sistema Único de Saúde) para receber um tratamento convencional, já que o sistema público não oferece a terapia ABA.

Mães com filhos autistas protestam após corte de terapia ABA em Americana – Foto: Leonardo Matos/Liberal

“Entendo e respeito todas as decisões judiciais, mas nesse caso, são crianças que iniciaram o tratamento contínuo. A interrupção deste tratamento pode ser irreversível para o desenvolvimento das crianças. Como prefeito, estou determinando que as crianças que já iniciaram o tratamento por força de liminar não tenham o tratamento interrompido”, declarou Chico, em vídeo postado nas redes sociais.

🌻 Além do Espectro: leia a série de reportagens do LIBERAL sobre o autismo

As famílias de crianças diagnosticadas com TEA (Transtorno do Espectro Autista) pela rede pública e em situação de vulnerabilidade social precisam entrar com ação para ter acesso à terapia ABA sem precisar pagar.

Quando a decisão é favorável à família, que precisa apresentar à Justiça o laudo médico, o paciente é encaminhado para uma instituição conveniada ao Executivo, que subsidia o tratamento. No caso de Americana, a prefeitura tem contrato com a Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), com duração de cinco anos e investimento de R$ 3,2 milhões por ano.

Grupo de mães de crianças autistas esteve no Ministério Público, em Americana, nesta quinta-feira – Foto: Leonardo Matos/Liberal

Entretanto, muitas dessas decisões são liminares e a administração apresentou contestações. O TJ-SP acatou os pedidos. 

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Questionada pelo LIBERAL na quinta-feira, a Prefeitura de Americana havia justificado que o Ministério da Saúde ainda não aprovou a inclusão da terapia ABA no SUS, por isso contestou as liminares concedidas às famílias de crianças com TEA.

Segundo apurou a reportagem nesta sexta, outro motivo para os agravos terem sido apresentados é uma possibilidade de prevaricação caso não fossem feitos. O tratamento, então, seria realizado no Núcleo de Especialidades.

Leia as reportagens da série Além do Espectro
➡️ Um olhar sobre o autismo: entenda a condição, o diagnóstico, o tratamento e como lidar
➡️ Proporção de diagnósticos de autismo é maior entre pessoas do sexo masculino
➡️ O autismo entre os adultos: como lidar com o diagnóstico considerado tardio
➡️ Número de alunos autistas quase triplica na rede estadual de Americana
➡️ Famílias de crianças autistas recorrem à Justiça para garantir professores auxiliares
➡️ Considerados deficientes pela legislação, autistas possuem benefícios e atendimento especiais em diversos setores
➡️ Apae de Americana mantém programa para inserção de autistas no mercado de trabalho
➡️ Em Americana, Apae é referência para acolher e tratar quem tem TEA
➡️ Sem políticas públicas, mães de filhos autistas em Americana e região buscam ajuda entre si em grupo

📝 Sinais do autismo

Veja comportamentos que possam indicar TEA e como a condição pode ser diagnosticada e tratada

  • Aparente desinteresse por outras pessoas
  • Inabilidade para fazer amizades
  • Não gostar de ser tocado
  • Não participar de brincadeiras em grupo
  • Dificuldade de entender e expressar sentimentos
  • Parecer não ouvir quando falam com ele ou ela
  • Falar em um tom ou ritmo diferente
  • Repetir as mesmas palavras ou frase sem objetivo comunicativo
  • Repetir a uma pergunta sem respondê-la
  • Dificuldade em comunicar necessidades e desejos
  • Evitar contato visual
  • Postura atípica
  • Seguir rotina rígida, com dificuldade de se adaptar a qualquer mudança na programação ou ambiente
  • Interesses restritos ou hiperfoco em relação a números, símbolos ou temas específicos
  • Passar longos períodos observando objetos em movimento como ventilador ou focar em uma parte específica do objeto, como as rodas de um carrinho
  • Repetir as mesmas ações e movimentos, como agitar as mãos, balançar ou girar o corpo
  • Seletividade alimentar

🩺 Como se dá o diagnóstico do TEA

É clínico, realizado por meio de observação, entrevistas e instrumentos validados para mensurar sinais de autismo. Não existem exames laboratoriais para o diagnóstico, porém, uma avaliação neurológica é relevante para descartar a manifestação de uma outra síndrome ou presença de doenças.

👪 Como ocorre o tratamento

Considerando que normalmente várias áreas do desenvolvimento se encontram afetadas, tanto o diagnóstico como o tratamento deve ser multidisciplinar. O plano de tratamento deve ser individualizado, com envolvimento participativo e integrado da família, escola e da equipe de profissionais. O diagnóstico e intervenção precoce ajudam muito no desenvolvimento e evolução da condição.

🌻 Recomendações para lidar com o autismo

➡️ Levar em consideração as dificuldades e procurar atender as necessidades oferecendo um ambiente calmo e acolhedor, sem muitos estímulos, com tempo maior para realização das atividades;

➡️ Falar de maneira objetiva, considerar os sentimentos e, muitas vezes, a dificuldade de expressar as emoções;

➡️ Conseguir compreender que existe uma diferença entre uma crise de birra e uma crise em função de um excesso de estímulos ou de uma dificuldade de expressar as emoções;

➡️ As crises podem se manifestar por meio de agitação e comportamentos estereotipados como uma tentativa de autorregulação emocional. Manter a calma e procurar identificar quais estímulos ambientais e/ou emocionais que podem estar causando um desconforto podem ajudar neste momento;

➡️ Buscar um suporte emocional para a família e para os cuidadores também é muito importante para ter um espaço de acolhimento, assim como para esclarecer dúvidas e ter orientações;

➡️ A aceitação e a inclusão social também são fatores fundamentais que contribuem para amenizar as dificuldades encontradas e para o acolhimento dos autistas e de suas famílias.

Fonte: Marly Fernandes, professora do curso de psicologia da PUC-Campinas.

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