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ALÉM DO ESPECTRO

Apae de Americana mantém programa para inserção de autistas no mercado de trabalho

Do diagnóstico ao emprego, entidade ajuda no desenvolvimento de pessoas com autismo

Por Ana Carolina Leal

06 de abril de 2024, às 08h00 • Última atualização em 07 de abril de 2024, às 07h36

Entre os direitos das pessoas autistas, está o da inserção no mercado de trabalho. Empresas com mais de 100 funcionários têm obrigação de incluir pessoas com alguma deficiência em seu quadro. Por conta disso, muitas disponibilizam vagas exclusivas para quem tem TEA (Transtorno do Espectro Autista).

Em Americana, a Apae (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais) mantém há 10 anos o programa Mercado de Trabalho Emprego Apoiado. O público-alvo são pessoas com 16 anos ou mais que tenham alguma deficiência, que pode ser física, auditiva, visual, intelectual e múltipla, o TEA ou que sejam reabilitadas pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

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De acordo com Mariéllen Barreto Villas Boas, psicóloga do programa, o objetivo é ajudar as empresas a manterem o cumprimento da lei de cotas e as pessoas que precisam ter um trabalho. Consequentemente, famílias também acabam beneficiadas com essa inclusão.

“A pessoa com interesse em participar do programa passa por uma avaliação para identificar qual o perfil mais adequado de vagas para ela. Depois dessa avaliação, passa por nosso médico para obter o laudo”, explica a psicóloga.

Mariéllen Villas Boas, psicóloga que atua em programa da Apae – Foto: Marcelo Rocha/Liberal

Atualmente, o programa tem cerca de 25 empresas parceiras em Americana e região, que indicam a disponibilidade de vagas. Uma dessas oportunidades foi preenchida pelo jovem Pedro Bial Carvalho da Cruz, de 21 anos. Ele trabalha em uma das unidades da Drogaria Todo Dia.

“É o meu terceiro emprego registrado. Trabalhei em um supermercado como empacotador, depois fui trabalhar em uma indústria têxtil como auxiliar geral no setor da fiação. Lá, também fui auxiliar de operador, chegava a operar máquina de repasses e auxiliar o gestor, onde fazia as contas e os cálculos da produção”, conta.

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Na drogaria, Pedro é auxiliar de reposição. Ele confere as mercadorias que chega, organiza o estoque, repõe nas prateleiras, coloca preço e também atende os clientes.

“Se conseguir tirar CNH [Carteira Nacional de Habilitação], pretendo ser mecânico automotivo, mas também posso trabalhar com TI [Tecnologia da Informação] e fazer uma faculdade nessa área”, planeja. O programa Mercado de Trabalho Emprego Apoiado tem hoje 245 pessoas com carteira assinada e 102 aguardando uma vaga.

Pedro, que tem 21 anos, foi empregado em farmácia por meio de programa da Apae – Foto: Marcelo Rocha/Liberal

“Estou na Apae há 13 anos e falo que o mercado de trabalho é como se fosse uma luz para as famílias porque desde que o filho é criança, as mães, os pais, recebem muitos “nãos”. Quando eles atingem 16 anos e falamos que é possível, sim, entrar no mercado de trabalho, muda uma chave”, diz Mariéllen.

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Atualmente estagiário no Caic (Centro de Atendimento Integral à Criança) do Jardim da Paz, em Americana, Leonardo Henrique Campos Oliveira, de 25 anos, diagnosticado com nível de suporte 1 de autismo, tem como função acompanhar as crianças com dificuldade de aprendizado.

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“O que mais gosto no meu trabalho é quando ajudo as crianças e elas tiram nota boa nas atividades”, destacou em entrevista ao LIBERAL. Antes, porém, de trabalhar na escola, Leonardo passou pela prefeitura e pela Câmara de Americana, um supermercado e uma rede de fast food.

Ele contou que conseguiu a vaga de estagiário porque faz faculdade de artes visuais – está no segundo ano, de um total de quatro.

Com nível 1 de autismo, Leonardo é estagiário no Caic Jardim da Paz, em Americana – Foto: Marcelo Rocha/Liberal

Além do trabalho e dos estudos, Leonardo também se dedica a múltiplas atividades. Nas noites de segunda-feira, ele dá aulas de k-pop dance, um ritmo coreano, como voluntário no CCL (Centro de Cultura e Lazer).

O jovem também é escritor. Já lançou três livros com histórias de superações, tendo como personagem principal uma pessoa autista.

Para o futuro, Leonardo tem muitos planos. “Quero me formar e ainda vou decidir se vou mesmo dar aula ou partir para curadoria, trabalhar em museu”, revelou, acrescentando que o maior desafio para ele é a mudança de rotina. Com o tempo, diz, vai aprendendo a lidar.

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