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COVID-19

Campinas volta à fase vermelha do Plano SP, anuncia Dário

Prefeito fala em situação de quase colapso no sistema de saúde; medida afeta funcionamento de atividades não essenciais e suspende as aulas presenciais na metrópole

Por João Colosalle/Milton Paes

02 de março de 2021, às 15h11 • Última atualização em 02 de março de 2021, às 19h05

A cidade de Campinas vai voltar à fase vermelha do Plano São Paulo. A informação foi anunciada pelo prefeito Dário Saadi (Republicanos) na tarde desta terça-feira (2). Segundo o prefeito, o município vive uma situação de “quase colapso”, com alta ocupação de leitos para pacientes com a doença.

A medida começa a valer a partir desta quarta-feira (3) e durará 15 dias, até o dia 16 de março. Haverá uma reavaliação em uma semana, segundo o prefeito.

Atualmente, a região de Campinas se encontra na fase laranja do Plano São Paulo. Reportagem do LIBERAL desta terça-feira, porém, mostra que a ocupação dos leitos de UTI para pacientes com Covid-19 nos 42 municípios sob jurisdição do DRS 7 (Departamento Regional de Saúde de Campinas) já atingiu percentual de fase vermelha.

A decisão da Prefeitura de Campinas fecha as atividades não essenciais, como bares, restaurantes, comércios e academias.

O secretário de Justiça, Peter Panutto, explicou que o decreto da Fase Vermelha vai suspender o decreto que autoriza o funcionamento de atividades.

“A partir de amanhã [quarta-feira], atividades como comércio, academias, shoppings, salões de beleza, barbearia não poderão funcionar. Os bares e restaurantes não poderão ter atendimento presencial. Para este segmento só estão autorizados os serviços de retirada e delivery”, disse.

Também haverá suspensão de aulas presenciais em todos os níveis de ensino até o dia 16 de março. A exceção é para o ensino presencial de cursos superiores de saúde.

“A determinação vale para escolas privadas e públicas, incluindo as estaduais. O prefeito, como autoridade sanitária máxima, tem essa prerrogativa e pode implementar medidas mais rigorosas que as estaduais”, explicou Panutto.

Igrejas terão atividades restritas a 30% da ocupação e até as 20h. No Paço Municipal haverá restrição de circulação e a capacidade será limitada a 30%.

Os servidores voltarão a realizar home office e, no prédio da prefeitura, deverá ter apenas 30% dos funcionários por setor. Os parques públicos e praças de esportes também permanecerão fechados durante a fase vermelha

Em relação ao transporte público, Dário disse que não haverá redução da frota por ora.

O que não pode funcionar na fase vermelha?

  • Comércio de rua e shoppings
  • Bares, lanchonetes e restaurantes (podem funcionar no sistema de delivery ou drive-thru)
  • Salões de beleza, cabeleireiros e similares
  • Academias e centros esportivos
  • Escolas e faculdades, com exceção dos cursos superiores da área de saúde

A decisão foi tomada em consenso com autoridades de saúde no município, segundo Dário, e tomou como base os números da doença na cidade e a experiência em outras metrópoles do País.

“Nós vivemos momento de quase colapso do nosso sistema de saúde. Não é uma decisão fácil para a cidade tomar. Tenho ido a todos os hospitais, acompanhado de perto o trabalho e sofrimento das equipes médicas. Vejo também o sofrimento de famílias que tem seus parentes e entes queridos intubados”, comentou Dário, em uma transmissão.

“Todos nós estamos cansados dessa pandemia, de restrições. Mas o cansaço a gente recupera. A dor da perde de um familiar é pra sempre”, afirmou o prefeito.

Campinas chegou nesta terça-feira a 70.286 casos confirmados da Covid-19. Ainda foram confirmadas mais 12 mortes. Veja a ocupação dos leitos na cidade nesta terça, segundo informações da prefeitura:

Total de leitos na cidade: 290
Ocupados: 263 (90%)

Total de leitos municipais: 118
Ocupados: 115 (97%)

Total de leitos estaduais: 30
Ocupados: 21 (70%)

Total de leitos privados: 142
Ocupados: 127 (90%)

Repercussão

Em nota, a Abrasel RMC (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Campinas e Região) criticou a medida e declarou que o fechamento das atividades por mais 14 dias trará forte impacto para a economia local.

A entidade ressalta que bares e restaurantes são estabelecimentos “muito sensíveis”, diferentemente de outros setores. “O momento é muito delicado e estamos perto de presenciar uma segunda onda de falências e podendo atingir 30 mil demissões na região”, alerta o presidente da Abrasel na região, Matheus Mason.

“Muita gente já vendeu bens, tomou empréstimos e hoje não tem condições de sobreviver sem ajuda dos governos e pagar os salários dos funcionários e as dívidas com fornecedores”, comentou.

Também em nota distribuída à imprensa, a Acic (Associação Comercial e Industrial de Campinas) afirmou que compreende a preocupação com o quase colapso do sistema de saúde na cidade e a consequente decretação de fase vermelha

“Como entidade legalista, orienta os comerciantes dos chamados setores não essenciais a cumprirem as determinações restritivas para que as atividades econômicas possam ser retomadas o mais breve possível”, diz a entidade.

A Acic diz que pleiteou à prefeitura a liberação de trechos de vias públicas na região central da cidade para que os lojistas possam continuar a vender e a receber os pagamentos dos clientes por meio do sistema de drive-thru.

“Sabemos que as vendas online representam uma parcela pequena do faturamento – cerca de 10% – mas incentivamos a prática e apresentamos soluções para que os pequenos possam entrar nesse mercado”, afirma Camila Oliveira, gerente de marketing e relacionamento da Acic.

Intervenção em hospital

Um decreto do prefeito determinou nesta terça-feira o uso do Hospital Metropolitano para pacientes do SUS com o novo coronavírus (Covid-19). A unidade é particular.

A medida publicada no Diário Oficial de hoje funciona como uma espécie de intervenção da administração municipal no hospital em função da pandemia.

No decreto, o prefeito considera o artigo 5º da Constituição Federal que dispõe que “no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano”.

Sede do Hospital Metropolitano em Campinas – Foto: Fernanda Sunega/Prefeitura de Campinas

Na manhã desta terça, a Guarda Municipal acompanhou o cumprimento do decreto no Hospital Metropolitano.

Segundo o decreto, a Secretaria Municipal de Saúde e a Rede Municipal Dr. Mário Gatti deverão, em caráter de urgência, tomar as medidas necessárias para o início do atendimento à população e a gestão da unidade, ficando a cargo da autarquia municipal a operação assistencial.

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