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Covid-19

‘Restrições podem não ser suficientes e região corre risco de colapsar’, diz especialista

Região de Campinas alcançou taxa de ocupação de leitos de UTI Covid equivalente à fase vermelha; Americana registra alta na taxa de ocupação

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02 de março de 2021, às 07h43 • Última atualização em 02 de março de 2021, às 07h46

As restrições impostas pelo governador João Doria (PSDB) para conter o avanço do novo coronavírus (Covid-19) na região de Campinas podem não ser suficientes e o sistema de saúde corre risco de colapsar.

O alerta é do médico André Giglio Bueno, que atua na linha de frente da pandemia e faz parte do Observatório da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Campinas, analisando os dados do contágio na região.

A região de Campinas alcançou taxa de ocupação de leitos de UTI Covid equivalente à fase vermelha um dia após ter sido reclassificada para a fase laranja. Em Americana, hospitais também têm altas taxas de ocupação.

“Provavelmente (as medidas) não vão ser suficientes. O grande objetivo do toque de restrição era diminuir aglomerações noturnas, mas já estavam proibidas. Aparentemente, as pessoas que estavam desrespeitando, a tendência é que continuem, a não ser que aumente a fiscalização e multa para os donos de estabelecimentos”, analisou o profissional.

Ele afirmou que apesar de a região de Campinas ser privilegiada em relação ao restante do país, com vários hospitais e grande rede hospitalar, há o risco de colapso diante da agressividade da segunda onda.

“As ocupações estão bastante elevadas, Campinas está sempre acima de 80% há mais de duas semanas, mesmo tendo sido abertos mais de 30 leitos em fevereiro”, disse o médico, em menção às UTIs abertas na Unicamp pelo governo de São Paulo no mês passado.

O infectologista lembrou ainda que está prestes a completar duas semanas do fim do Carnaval. Considerando o período de evolução da doença, ainda pode haver um incremento importante de pacientes contaminados em função das aglomerações do feriado.

“Se tivermos aumentos adicionais, o sistema está em iminência de ter um colapso. Gente que precisa de leito intensivo e não consegue, vai demorar alguns dias para conseguir, e às vezes é o que vai determinar se a pessoa vai sobreviver ou não”, alertou o médico.

Lockdown
O médico enxerga que a única saída é adotar medidas mais restritivas para conter o avanço do contágio.

“A ideia do Plano São Paulo é tentar essa medida do toque de restrição por uma, duas semanas, e reavaliar. Mas é uma janela de tempo que talvez a gente esteja perdendo a oportunidade de adotar medidas mais restritivas, para adotar lockdown, e aí nesse atraso talvez a gente não consiga segurar os casos”, alertou o André.

O Conselho Nacional de Secretários de Saúde defendeu, em comunicado divulgado nesta segunda-feira, a adoção imediata de lockdown nos estados em que a ocupação dos leitos de Covid-19 tenha alcançado mais de 85%.

André pondera que um lockdown pode ter dificuldade de adesão da população justamente pela falta de uma postura assertiva do governo federal no combate à pandemia.

“O governo federal joga contra, fala tudo ao contrário, então tem esse problema de conseguir de fato implantar, se não for de maneira plena não vai funcionar. Mas depende de vontade política, vai ter que assumir esse custo político no contexto de que muita gente é contra. Mas é o que resolve, é o que consegue quebrar a cadeia de transmissão”, finalizou o médico.

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