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ARTE EM MADEIRA

Artista criado em Americana tem obra aceita pela Bienal de Florença 2021

Juliano Volpato experimenta técnicas de escultura desde a infância, mas se reencontrou de verdade nesta arte em 2018

Por Isabella Holouka

03 de outubro de 2021, às 07h55 • Última atualização em 03 de outubro de 2021, às 14h43

Paulistano criado em Americana, Juliano Volpato, de 37 anos, experimenta técnicas de escultura desde a infância. Ele começou esculpindo giz de lousa, na escola, com a agulha do compasso, teve aulas com a tia e artista plástica Marta De Nadai e – mesmo que inconscientemente – reuniu em suas andanças fortes referências artísticas europeias.

Embora tenha seguido outros rumos profissionais, Juliano mergulhou de cabeça e se reencontrou na escultura em madeira há três anos, e teve recentemente uma obra aceita pela Florence Biennale dell’Arte Contemporanea (a Bienal de Arte Contemporânea de Florença, na Itália) neste ano.

A peça aceita é nomeada como “A aurora e o ocaso”. “É um Janus, deus bifronte da mitologia romana. Nesta escultura, eu fiz um rosto feminino e um rosto masculino. Era uma madeira de poda de árvore, então apareceu um vazio grande, que acabou separando as duas faces. A obra calhou muito bem com o tema da Bienal, porque discute o quanto masculino e feminino estão conectados, mas separados, diferentes um ao outro, ao mesmo tempo”, contou o escultor ao LIBERAL.

Neste ano, a Bienal tem como tema “Feminino eterno, mudança eterna: Conceitos de feminilidade em arte contemporânea e design“, traduzindo para o português. Acontece entre 23 e 31 de outubro. 

Juliano conta que o evento tem como tradição abrir espaço a novos artistas, em contraste com o que ocorre em outras Bienais, como a de São Paulo ou de Veneza (também na Itália), que são mais voltadas aos nomes consagrados e têm processos de admissão mais complexos.

“L’Aurora e il Tramonto” é o nome original da peça que será apresentada em Florença – Foto: Juliano Volpato

O artista se prepara para viajar ao velho continente na segunda-feira (4). Não será a primeira passagem de Juliano por Florença, cidade onde, em 2015, ele viveu experiências determinantes para a sua imersão na escultura, três anos depois. Além da cidade italiana que é mundialmente reconhecida pelo seu valor artístico cultural, o escultor acumulou vivências em Londres (Inglaterra), Segóvia e Salamanca (Espanha). 

“Foi uma imersão, porque para onde você olha tem história, história da arte e arte, em Florença. Quase toda a história ocidental da arte passa por lá, e acredito que isso me influenciou muito. Na Europa, sempre busquei muitos museus, e esse contato foi muito determinante”, comentou ele.

Dentre suas influências também estão brasileiros como Tarsila do Amaral, Maria Martins, Victor Brecheret, Cândido Portinari, Di Cavalcanti e Francisco Brennand. Além disso, Juliano viveu em Lavras (MG), aprendendo técnicas de entalhe em madeira sob a orientação do escultor Carlos Calsavara.

As peças de Juliano costumam representar figuras humanas, embora a linguagem do artista ainda esteja em construção, segundo ele próprio. A intenção não é fazer um “trabalho acadêmico”, que represente fielmente a realidade, mas usar a distorção e o gestual para abrir espaço para interpretações. Música, dança, crenças, simbologias, mitos, criatividade, criação, o masculino e o feminino servem de inspiração.

As madeiras de demolição, de poda ou de reuso, de diferentes espécies, são as principais matérias-primas do escultor, que é geólogo por formação e se preocupa com a sustentabilidade em seus processos. 

Motosserra, micromotores e brocas, formões, grosas, limas e lixas estão entre as ferramentas que possibilitam ao artista atingir formas, silhuetas, volumes e detalhes desejados. “É sempre um trabalho que começa do grosseiro para o refinado”, detalha ele, explicando as diferentes modalidades de construção escultural.

Juliano é formado em geologia, e chegou a atuar na área antes de fazer uma imersão no universo das esculturas – Foto: Divulgação

“Existe a modelagem, que é a construção da forma a partir do nada, partículas menores como argilas por exemplo. São esculturas de adição, você vai colocando material e chegando na forma desejada. Mas quando você trabalha com um material rígido, como a madeira ou pedra, você faz um processo de retirada de material. Então não tem volta, os erros me forçam a produzir algo satisfatório também”, revela.

As obras de Juliano Volpato podem ser consultadas e adquiridas pela galeria virtual do site www.autentikart.com.

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