“Ele tem que ser responsabilizado, mesmo não embriagado”, diz vítima de acidente causado por motorista que matou pastor atropelado e feriu quatro pessoas em dezembro de 2020, no Mollon, em Santa Bárbara d´Oeste.

Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo) informou na quarta-feira (5), o exame do motorista, que saiu após quatro meses, não constatou embriaguez.

A declaração é da monitora de esportes Júlia Francieli de Oliveira, de 39 anos, motociclista atingida pela caminhonete Toyota Hilux dirigida por motorista de 54 anos. Ela quase perdeu a perna. “Embriagado ou não, ele tirou a vida de uma pessoa e machucou outras”, diz.

O condutor da Hilux atingiu a motociclista, e atravessou quiosque onde estava o pastor Jhonnatan Guimarães, de 28 anos, que morreu na hora. Mais três pessoas foram feridas. O veículo parou após bater em poste.

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Testemunhas afirmaram que a Hilux estava em alta velocidade. Após o acidente, o motorista não saiu do carro, ficou sem prestar socorro, parecia embriagado, e não conseguia se comunicar.

Na delegacia, ele alegou que teve um mal súbito e que toma remédios controlados. A reportagem não conseguiu contato com o motorista.

Júlia lamenta a impunidade. “Quando fui depor na delegacia, a escrivã tinha me informado que enquanto não saísse o laudo não teria como fazer nada, só esperar. Agora saiu, e nada”.

Jhonnatan era pastor na Igreja Plena Paz, no Jardim Guanabara, em Americana, casado e pai de dois filhos. A esposa dele não quis falar à reportagem, por orientação do advogado.

CONFLITO DE INFORMAÇÕES

Com o resultado do laudo do exame de sangue do motorista, descartando embriaguez ao volante, o inquérito do caso foi concluído pelo 2° DP (Distrito Policial) de Santa Bárbara e entregue à Justiça, informou a SSP em nota.

A pasta foi questionada, mas não respondeu se o inquérito pede a prisão preventiva do motorista ou o indiciamento do condutor.

Porém, a assessoria do TJSP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo), afirmou à reportagem nesta quinta-feira (6) que o inquérito ainda não foi concluído, e segue em diligências na delegacia, por enquanto sem indiciar ou pedir a prisão preventiva do motorista.

Investigador do 2° DP que não quis ser identificado confirmou ao LIBERAL por telefone na quarta-feira (5), que o resultado do laudo do exame de sangue do motorista chegou, mas disse que o inquérito será concluído na próxima semana.

O desencontro de informações no caso não é novo. Conforme noticiado pelo LIBERAL, a investigação do atropelamento estava parada, aguardando o laudo de amostra de sangue do motorista, enviada ao IML (Instituto Médico Legal) na noite do atropelamento.

Em nota enviada na ocasião, a SSP afirmou que “ a autoridade policial indiciou o autor por homicídio culposo e lesão corporal culposo na direção de veículo automotor. O inquérito foi encaminhado ao Fórum com pedido de prazo para conclusão das diligências”.

Não há registro de processo do caso no sistema do TJSP. Na época, conforme apurado com o 2° DP, a informação era de que o motorista ainda não havia sido indiciado.