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INVESTIGAÇÃO

Suspeitos presos por roubo no Terras do Imperador, em Americana, não estavam no local do crime, alega defesa

Documentos juntados em inquérito por advogado apontam que um dos presos estava em uma consulta médica e outro, fazendo um frete

Por João Colosalle

15 de agosto de 2022, às 10h35 • Última atualização em 15 de agosto de 2022, às 12h56

Fachada do condomínio Terras do Imperador - Foto: Junior Guarnieri / LIBERAL

A defesa dos dois suspeitos presos pela polícia pelo roubo a uma casa no condomínio Terras do Imperador, em Americana, afirma que eles não estavam no local do crime no momento do assalto e que há provas disso.

A Justiça analisa um pedido de soltura da dupla, que é pai e filho. Nas redes sociais, a família do dois presos tem feito uma mobilização para expor as contradições do caso.

O roubo ocorreu na manhã do dia 30 de julho, um sábado. Cerca de R$ 220 mil em joias, relógio e outros objetos foram levados de um casal. Apenas a esposa estava na casa durante o assalto.

Clóvis Conceição Costa, de 50 anos, e Wallison Augusto da Costa, de 21, foram presos pela DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Americana na última terça-feira (9).

Eles foram reconhecidos pela vítima do assalto, que foi abordada quando chegava em casa, no condomínio que é um dos de mais alto padrão em Americana.

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Além da dupla, a polícia aponta uma mulher de 33 anos, vizinha das vítimas e condenada por integrar o PCC (Primeiro Comando da Capital), como suspeita do crime. A prisão temporária dela foi determinada, mas ela continua foragida.

Contradições

Na quinta-feira (11), a defesa de Clóvis e Wallison apresentou uma petição no inquérito policial acompanhado pela 2ª Vara Criminal da cidade apontando álibis dos suspeitos.

Na petição, o advogado Dinael de Souza Machado Júnior afirma que, no horário do crime, por volta de 11h30, Clóvis estava em uma consulta em uma unidade de saúde da Prefeitura de Americana e Wallison, em um serviço de frete que incluía um deslocamento de Nova Odessa a Itapevi, cidade na Grande São Paulo a cerca de 130 quilômetros de Americana.

A alegação da defesa juntou registros que mostram que Clóvis deixou o condomínio onde mora, no Jardim Terramérica, às 11h17, acompanhado da esposa, para exames cardiológicos no Núcleo de Especialidades que estavam agendados para 16h06, mas foram adiantados para 11h30.

Entre os documentos juntados pela defesa estão uma certidão da Secretaria Municipal de Saúde e uma ficha de atendimento ambulatorial cujo horário de registro é às 11h33 da manhã do crime.

Os documentos e as informações foram confirmados pela prefeitura ao LIBERAL. Segundo a assessoria de imprensa do governo municipal, Clóvis foi submetido a um ecocardiograma.

O Núcleo de Especialidades fica a cerca de nove quilômetros do condomínio Terras do Imperador, às margens da Rodovia Luiz de Queiroz (SP-304). O deslocamento entre os dois pontos, de carro, duraria de 10 a 15 minutos.

No caso de Wallison, a defesa aponta que ele não estava na cidade no momento do crime. Tanto ele quanto o pai trabalham com fretes e teriam sido contratados para um serviço em Itapevi.

Trocas de mensagens, vídeos, fotos e comprovante de pagamento em dia anterior e nos horários próximos ao horário do roubo no Terras do Imperador sugerem que o trabalho foi realizado por Wallison.

Ao menos uma testemunha, que ainda não foi ouvida pela polícia, afirma que esteve junto de Wallison durante todo o serviço. Trata-se do homem que contratou o frete.

Por volta de 8h, Wallison teria ido buscar um trailer em Nova Odessa para ser levado para Itapevi. O deslocamento de Nova Odessa para Itapevi teria ocorrido por volta de 12h. E o retorno para Americana, no final da tarde.

Relação com suspeita

O roubo no condomínio teria como liderança uma mulher procurada pela Justiça chamada Luma Valéria Rovagnollo. Ela já foi investigada e condenada por integrar a facção criminosa PCC e por transportar um fuzil.

Luma, segundo as investigações, havia alugado uma casa recentemente no Terras do Imperador, fato que foi notado pelas vítimas do crime e que indica premeditação para o assalto. Para o aluguel, ela teria usado uma identidade falsa.

Segundo a defesa dos suspeitos presos, há sim uma relação entre os dois e a mulher. No dia 19 de julho, eles foram contratados por Luma para um frete. Levaram móveis adquiridos em uma loja no Jardim Santana, em Americana, até o condomínio. Luma teria se identificado como Priscila.

A ida ao condomínio fez com que a imagem dos dois fosse registrada pela portaria do local. Após o crime, a polícia verificou os acessos recentes e apresentou fotos à vítima do assalto.

Segundo os autos de reconhecimento fotográfico juntados no inquérito policial, no dia 3 de agosto, quatro dias após o crime, foram apresentadas quatro fotos para a vítima – as de Clóvis, Wallison e mais dois homens. Pai e filho foram reconhecidos.

Luma também foi reconhecida – ela seria a motorista do assalto e teria ficado no carro durante o roubo. Segundo a vítima, ela já havia sido vista anteriormente no condomínio, já que seria uma vizinha recém-chegada. Já Clóvis e Wallison nunca havia sido vistos pela vítima até o momento do crime.

No dia 4 de agosto, o delegado José Donizeti de Melo (que deixou a DIG na semana passada), representou pela prisão temporária dos três, reforçando, principalmente, a informação do reconhecimento fotográfico. O Ministério Público concordou. No dia 5, o juiz Eugênio Augusto Clementi Junior, da 2ª Vara Criminal, determinou a prisão temporária por 30 dias.

Após a prisão, Clóvis e Wallison foram apresentados para a vítima na delegacia, que os reconheceu pessoalmente.

A petição apresentada pelo advogado dos dois suspeitos, que pede a revogação da prisão temporária, ainda está sob análise do Judiciário. Na sexta-feira (12), o promotor André Luiz Dezotti, que acompanha o caso, se manifestou de maneira contrária à soltura.

Na manifestação, o promotor ressaltou o fato de que os suspeitos foram “reconhecidos categoricamente pela vítima”. “Os documentos e mídias juntados, que em tese comprovariam o álibi dos investigados, necessitam passar por perícia”. A análise dos celulares de pai e filho é um dos pedidos feitos pela defesa para tentar esclarecer o caso.

Mobilização

No final de semana, familiares dos dois suspeitos presos começaram uma mobilização para expor as contradições da investigação. Informações juntadas pela defesa no pedido de soltura, como os documentos da consulta de Clóvis e os prints de mensagens sobre o frete feito por Wallison, passaram a circular como forma de pedido de Justiça no caso. Os dois estão presos na cadeia de Sumaré.

Ao LIBERAL, o advogado da dupla afirmou que todos os documentos já foram apresentados à Justiça. “Além disso, outras provas estão sendo obtidas para fortalecer ainda mais todo alegado e desfazer todo mal-entendido com urgência”, afirmou.

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