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INVESTIGAÇÃO

Justiça mantém prisão de suspeitos de assalto no Terras do Imperador

Decisão foi dada na tarde desta segunda-feira pela 2ª Vara Criminal de Americana; mobilização de familiares nas redes sociais tenta provar que suspeitos são inocentes

Por João Colosalle

15 de agosto de 2022, às 18h34 • Última atualização em 15 de agosto de 2022, às 21h19

Entrada do condomínio Terras do Imperador, onde assalto aconteceu em julho de 2022 - Foto: Junior Guarnieri / LIBERAL

Uma decisão da 2ª Vara Criminal de Americana, no final da tarde desta segunda-feira (15), manteve a prisão temporária dos dois suspeitos presos pelo assalto ao condomínio Terras do Imperador.

Clóvis Conceição Costa, de 50 anos, e Wallison Augusto da Costa, de 21, foram presos pela DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Americana na última terça-feira (9), após terem sido reconhecidos por uma vítima do assalto.

O roubo ocorreu na manhã do dia 30 de julho, um sábado. Cerca de R$ 220 mil em joias, relógio e outros objetos foram levados de um casal. Apenas a esposa estava na casa durante o assalto.

Entrada do condomínio Terras do Imperador – Foto: Junior Guarnieri / LIBERAL

A manutenção da prisão ocorre após a defesa dos suspeitos apresentar contradições que indicariam que os dois não estavam no local do crime no horário do assalto. Nas redes sociais, familiares expuseram documentos e informações e fizeram um apelo por Justiça, que acabou viralizando.

Na tarde desta segunda-feira, após a apresentação de novos documentos pela defesa, a juíza Roberta Virginio dos Santos chegou a pedir para que o Ministério Público se manifestasse, mas acabou decidindo antes do parecer da Promotoria.

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Na decisão, a juíza concluiu que o documento da prefeitura apresentado pela defesa, que apontava que Clóvis estaria em exame médico no horário do crime, não seria o suficiente, porque comprovaria apenas que ele estava na unidade de saúde ao final do atendimento, por volta de 16h.

Ao LIBERAL, a Prefeitura de Americana confirmou a veracidade do documento e afirmou que Clóvis compareceu no Núcleo de Especialidades às 11h33.

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“Assim, nesta fase de cognição sumária dos fatos, entendo que os requisitos que justificaram o decreto da custódia temporária permanecem íntegros, já que houve o reconhecimento dos investigados pela vítima”, decidiu a juíza.

A magistrada ainda determinou que a Polícia Civil proceda, com urgência e novamente, o reconhecimento pessoal dos suspeitos pela vítima. Também determinou novas diligências e oitivas de testemunhas sugeridas pela defesa. Sobre o álibi apresentado por Wallison, a juíza não se manifestou.

O advogado Dinael de Souza Machado Júnior, que representa Clóvis e Wallison, criticou a decisão. “A defesa juntou documentos oficiais, disponibilizados pela própria Prefeitura de Americana, que comprovam que Clóvis estava em consulta médica na data e horário dos fatos e simplesmente foram ignorados. Outras inúmeras provas que constituem álibis de Clóvis e Wallison sequer foram analisadas”, afirmou ao LIBERAL.

Segundo o advogado, a defesa deverá buscar um habeas corpus no Tribunal de Justiça. “Não tenho dúvidas de que, em breve, será revelada uma das maiores injustiças ocorridas em nossa cidade”.

Em nota, a Secretaria Estadual da Segurança Pública informou que “todos os procedimentos obedeceram às regras processuais”. “As investigações do caso prosseguem pela DIG de Americana. A equipe da unidade realiza diligências e aguarda o resultado dos laudos periciais para análises e esclarecimento dos fatos”, informou a pasta.

Entenda o caso

Na quinta-feira (11), a defesa de Clóvis e Wallison apresentou uma petição no inquérito policial acompanhado pela 2ª Vara Criminal da cidade, apontando álibis dos suspeitos.

Na petição, o advogado Dinael de Souza Machado Júnior afirma que, no horário do crime, por volta de 11h30, Clóvis estava em uma consulta em uma unidade de saúde da Prefeitura de Americana e Wallison, em um serviço de frete que incluía um deslocamento de Nova Odessa a Itapevi, cidade na Grande São Paulo, a cerca de 130 quilômetros de Americana.

A alegação da defesa juntou registros que mostram que Clóvis deixou o condomínio onde mora, no Jardim Terramérica, às 11h17, acompanhado da esposa, para exames cardiológicos no Núcleo de Especialidades, que estavam agendados para 16h06, mas foram adiantados para 11h30.

Entre os documentos juntados pela defesa estão uma certidão da Secretaria Municipal de Saúde e uma ficha de atendimento ambulatorial, cujo horário de registro é 11h33 da manhã do crime.

Os documentos e as informações foram confirmados pela prefeitura ao LIBERAL. Segundo a assessoria de imprensa do governo municipal, Clóvis foi submetido a um ecocardiograma.

O Núcleo de Especialidades fica a cerca de nove quilômetros do condomínio Terras do Imperador, às margens da Rodovia Luiz de Queiroz (SP-304). O deslocamento entre os dois pontos, de carro, duraria de 10 a 15 minutos.

No caso de Wallison, a defesa aponta que ele não estava na cidade no momento do crime. Tanto ele quanto o pai trabalham com fretes e teriam sido contratados para um serviço em Itapevi.

Trocas de mensagens, vídeos, fotos e comprovante de pagamento em dia anterior e nos horários próximos ao horário do roubo sugerem que o trabalho foi realizado por Wallison.

Ao menos uma testemunha, que ainda não foi ouvida pela polícia, afirma que esteve junto de Wallison durante todo o serviço. Trata-se do homem que contratou o frete.

Por volta de 8h, Wallison teria ido buscar um trailer em Nova Odessa para ser levado para Itapevi. O deslocamento de Nova Odessa para Itapevi teria ocorrido por volta de 12h. E o retorno para Americana, no final da tarde.

Relação com suspeita

O roubo no condomínio teria como liderança uma mulher procurada pela Justiça chamada Luma Valéria Rovagnollo. Ela já foi investigada e condenada por integrar a facção criminosa PCC e por transportar um fuzil.

Luma, segundo as investigações, havia alugado uma casa recentemente no Terras do Imperador, fato que foi notado pelas vítimas do crime e que indica premeditação para o assalto. Para o aluguel, ela teria usado uma identidade falsa.

Segundo a defesa dos suspeitos presos, há sim uma relação entre os dois e a mulher. No dia 19 de julho, eles foram contratados por Luma para um frete. Levaram móveis adquiridos em uma loja no Jardim Santana, em Americana, até o condomínio. Luma teria se identificado como Priscila.

A ida ao condomínio fez com que a imagem dos dois fosse registrada pela portaria do local. Após o crime, a polícia verificou os acessos recentes e apresentou fotos à vítima do assalto.

Segundo os autos de reconhecimento fotográfico juntados no inquérito policial, no dia 3 de agosto, quatro dias após o crime, foram apresentadas quatro fotos para a vítima – as de Clóvis, Wallison e mais dois homens. Pai e filho foram reconhecidos.

Luma também foi reconhecida – ela seria a motorista do assalto e teria ficado no carro durante o roubo. Segundo a vítima, ela já havia sido vista anteriormente no condomínio, já que seria uma vizinha recém-chegada. Já Clóvis e Wallison nunca havia sido vistos pela vítima até o momento do crime.

No dia 4 de agosto, o delegado José Donizeti de Melo (que deixou a DIG na semana passada), representou pela prisão temporária dos três, reforçando, principalmente, a informação do reconhecimento fotográfico. O Ministério Público concordou. No dia 5, o juiz Eugênio Augusto Clementi Junior, da 2ª Vara Criminal, determinou a prisão temporária por 30 dias.

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