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Americana

Fabricante diz que respiradores não são adequados para uso em UTI

Modelos são mais simples e voltados para atendimentos emergenciais, mas não para longas internações; prefeitura afirma que aparelhos foram vendidos como sendo para uso de UTI

Por Marina Zanaki

21 de agosto de 2021, às 08h23 • Última atualização em 03 de outubro de 2021, às 07h46

A fabricante dos ventiladores Ventmed, comprados com recurso da Câmara de Americana para uso na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Covid do Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi, disse que eles não são adequados para uso prolongado e nem em terapia intensiva.

Os respiradores são alvo de investigação por parte do Ministério Público e Secretaria de Saúde após denúncias de servidores. A Anvisa determinou o recolhimento de todos os aparelhos dessa marca no País após identificar problemas na fabricação.

Segundo a empresa World Life, os aparelhos que ela produz com a marca Ventmed são mais simples em comparação com os respiradores de UTI e são destinados para admissão de pacientes, mas não para longas internações. A denúncia de funcionários do HM que embasou as investigações apontava, além de problemas no funcionamento, exatamente a avaliação de que eles não eram adequados para uso em UTI.

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A Secretaria de Saúde de Americana disse que “os aparelhos foram comprados e, consequentemente vendidos, como sendo de uso para UTI”. A venda foi realizada pela empresa Avante, que alegou ter atendido aos requisitos técnicos pedidos pela prefeitura.

Advogado da fabricante World Life, Victor Hugo de Oliveira Abreu explicou que o aparelho foi desenvolvido pela detentora da marca, chamada Intology, para atendimento emergencial na pandemia.

“É um aparelho para admissão, com uma tecnologia muito mais simples, e feito justamente para criar mecanismos para pacientes na época da pandemia, em seu auge. Mas é um aparelho para admissão, emergencial. Um simples olhar para o aparelho você percebe que é muito mais simples, menos complexo do que os utilizados em UTI. O produto fabricado pela World Life é de emergência, e não um respirador para longas internações”, explicou o advogado.

Segundo a Secretaria de Saúde, o próprio manual técnico dos respiradores descreve “aparelho ventilador para pacientes com Covid”. “O manual, portanto, atendia as especificações técnicas necessárias, porém, os aparelhos, na prática, não atendem a essas especificações, motivo que resultou no recolhimento, pela Anvisa, de todos os aparelhos desse fabricante que foram vendidos com a finalidade de suporte respiratório para casos de Covid-19, em todo o país”, disse a pasta.

Venda

Questionada se os ventiladores entregues atenderam às especificações técnicas feitas pela prefeitura, a Avante afirma que sim. “A própria Prefeitura contratante admite que as características dos produtos estão em plena conformidade com as especificações técnicas determinadas no Processo de Dispensa Emergencial, não havendo qualquer questionamento quanto ao cumprimento destes requisitos”.

A Avante lembrou que, no momento da venda, os aparelhos possuíam certificação vigente na Anvisa, inclusive com classificação de Risco III – Alto Risco. “Diante da alegação de que os aparelhos ‘na prática’ não correspondem às especificações contidas no manual do produto, consideramos precipitado qualquer comentário antes da conclusão da perícia determinada pelo Ministério Público”, finalizou a empresa.

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