Atrás da cadeira
De Americana para Itália, o barbeiro dos boleiros
Americanense Vagner Tronchin corta o cabelo de atletas italianos desde 2018 e, atualmente, presta serviço em três clubes da 3ª divisão no país; sonho é chegar à elite local
Por Rodrigo Alonso
19 de junho de 2021, às 09h32 • Última atualização em 19 de junho de 2021, às 09h33
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Por trás dos penteados adotados pelos jogadores de futebol, há sempre um barbeiro que dedicou seu tempo em busca do corte ideal. E um desses profissionais é o americanense Vagner Tronchin, de 33 anos, que tem moldado o cabelo de vários atletas na Europa desde 2018.
Ele mora desde 2017 na Itália, em Mantova, e hoje presta serviço em três clubes da terceira divisão nacional: Mantova, Feralpisalò e Carpi.
No entanto, assim como qualquer atleta, Vagner sonha em subir de divisões e trabalhar com equipes da Série A italiana. Ele também quer, um dia, atender jogadores de ponta do futebol mundial.
“O sonho que eu tenho é cortar o cabelo de jogadores tipo Neymar, dos tops, porque seria uma satisfação enorme chegar ao nível de cortar o cabelo de grandes jogadores. Partindo com os pés no chão, de baixo, a gente chega lá no alto”, diz.
O americanense começou a atuar como barbeiro em abril de 2018, após ter feito um curso no Brasil. Ele atendeu um jogador pela primeira vez em setembro do mesmo ano. O cliente, na ocasião, era o zagueiro Elia Legati, que passou por times como Milan, da Itália, e Monaco, da França.
“Ele gostou e começou a me indicar para todos os amigos dele, do time [Feralpisaló]. Começou a vir um, vir outro, vir outro… Vieram todos”, conta.
Vagner trabalha em uma rede de barbearia, mas costuma se deslocar até os atletas. “Corto o cabelo deles no estádio, porque eles preferem que eu vá lá. Então, a cada 15 dias ou, às vezes, até uma vez por semana, eu vou lá no estádio, no vestiário, e corto o cabelo deles”, afirma.
Mudança de planos
Quando viajou para Mantova pela primeira vez, em 2010, o americanense tinha como objetivo obter cidadania italiana e fazer carreira como jogador de futebol. Ele chegou, inclusive, a jogar na segunda divisão do futsal nacional. Porém, em 2011, sua equipe acabou falindo, o que o fez abandonar as quadras e retornar para Americana.
Anos depois, de volta à Itália, Vagner conseguiu reestabelecer sua conexão com o futebol, mas desta vez atrás de uma cadeira e com uma tesoura na mão.
“Eu me sinto como se fosse um deles, como se fosse um jogador, porque sempre foi o meu sonho ser jogador. Só de estar ali no vestiário, trocando ideia, assistindo aos treinos, é como se eu fosse um”, ressalta.