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Transporte

Disputa por espaço gera tensão entre táxi e aplicativos

Presença de muitos motoristas de fora de Americana, especialmente, provoca ira de profissionais da cidade

Por Rodrigo Pereira

28 de junho de 2019, às 07h21

A disputa por espaço entre taxistas e motoristas de aplicativo em Americana causa clima de tensão entre as categorias. Em frente ao ponto da Igreja “Matriz Velha”, a reportagem do LIBERAL flagrou um profissional de viagens por app, que conduzia um carro com placa de Campinas e selo da Emdec (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas), recebendo um passageiro bem em frente ao ponto dos taxistas. Eles relatam que a situação é frequente.

“É uma falta de respeito. Na semana passada, o cara teve a coragem, a ousadia de chegar, parar atrás do nosso carro com um passageiro e ficar esperando outro. Chamei de ‘urubu’. Daqui a pouco a gente tem que ceder a nossa cama pra eles dormirem”, reclama Luiz Vicente Galhardo, que tem 68 anos e há 43 deles atua como taxista.

A chegada de um outro motorista de aplicativo em frente ao ponto de táxi durante a entrevista enfureceu os concorrentes que têm permissão para atuar no espaço. “Ele vai gastar o dinheiro que ele ganhou aqui em Campinas, e aí? Eu te pergunto: por que somos obrigado a fazer aferição no táxi?”, questiona o taxista Claudinei Trochi.

A prefeitura admitiu, em nota, que não há repasse de impostos diretamente desta categoria aos cofres públicos municipais atualmente. “No entanto, toda atividade econômica resulta em geração de renda ao município”, acrescenta.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Taxistas João Balbino, Luiz Vicente Galhardo e Claudinei Trochi, no ponto em frente à Igreja Matriz de Americana

A administração ainda cita que não há qualquer desoneração ou medida compensatória a taxistas que tenha sido criada após o início das atividades dos aplicativos.

Motoristas veem queda de usuários de ônibus

Tanto para motoristas de aplicativo como para taxistas, a entrada dos aplicativos de transporte no mercado também teve como reflexo a queda de passageiros de ônibus.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Taxistas reclamam que motoristas de aplicativo chegam a entrar nos pontos de táxi para pegar passageiros

A Sancetur, empresa responsável pelo serviço em Americana atualmente, admitiu recentemente uma redução no número de pessoas transportadas, mas não fez relação disso com os aplicativos. “Se não tivesse o sistema de aplicativo hoje, o prefeito ia ter um desgaste sobre isso. Muitas pessoas migraram”, afirma o motorista de aplicativo Pedro Pelizari.

“Uma corrida do Centro até o Parque da Liberdade fica em torno de R$ 13. Se divide em três pessoas, vai dar R$ 4 para cada. É mais barato que o ônibus e deixa na porta da casa”, compara Victor Pelizari, que
atua pela Uber e 99.

Reflexo

Em maio, a Sancetur informou ao LIBERAL que a queda no número de passageiros foi o fator principal para o recente aumento do valor da tarifa de R$ 4 para R$ 4,40.

Foto: João Carlos Nascimento / O Liberal
Sancetur admitiu queda no número de passageiros em Americana, mas não atribuiu a questão aos motoristas de aplicativos

O gerente interino da permissionária, Márcio Anselmi, não soube citar qual foi a redução na quantidade de usuários, mas informou que hoje são transportadas diariamente, em média, 31 mil pessoas de segunda a sexta. “Começamos [a operar] em novembro e essa queda de usuários já vinha tendo há muito tempo”.

Dono da empresa, Marco Chedid informou que as planilhas de fluxo são controladas pela prefeitura, que, por sua vez, não enviou as estatísticas à reportagem.

Membro de sindicato denuncia pneu careca

Recentemente, o taxista João Balbino, que integra o sindicato da categoria em Americana, enviou a vereadores e à prefeitura uma carta na qual denuncia um caso de um motorista de aplicativo que rodava com o pneu do veículo completamente careca. O texto é acompanhado por uma foto do pneu, feita em uma oficina.

Foto: Marcelo Rocha / Liberal
Segundo taxistas, eles passam por uma série de procedimentos de segurança que não existem para motoristas de aplicativos

“Infelizmente tenho que dizer que não será nenhuma novidade no futuro encontrar aos montes veículos que trabalham em troca de esmola nessas condições. No mês de maio completou quatro anos sem um centavo de reajuste da tarifa de táxi. Nossa cidade foi invadida por uma infinidade de motoristas amadores daqui e de toda região para tirar da nossa mesa o tão suado sustento”, desabafa.

As empresas proprietárias de aplicativos de transporte apontam que o desrespeito às leis de trânsito configura violação dos termos da plataforma e pode levar ao fim da parceria.

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