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Liberal Voluntário

Projeto em Sumaré acolhe mães entre 11 e 17 anos

Instituto na Vila Valle atende meninas com o suporte de profissionais tanto para elas quanto para as crianças

Por Valéria Barreira

22 de setembro de 2019, às 10h24

Foto: Divulgação
Maria Aparecida, responsável pelo projeto auxílio para o fortalecimento do vínculo

Ana Carla, Joyce Adrielly e Rilary. Todas têm 17 anos e algo bem especial em comum: são mães. Elas integram o grupo de 50 adolescentes com idade entre 11 e 17 anos amparadas pelo projeto Mamãe Bem Querer, mantido pelo Instituto Bem Querer, em Sumaré. Na opinião dessas meninas, o trabalho prestado pelo local se define em cinco palavras. Gratidão, amizade, carinho, respeito e amor.

Para essas adolescentes, enfrentar o desafio da maternidade precoce seria ainda mais difícil se não fosse pelo Mamãe Bem Querer. “Quando cheguei aqui ainda não tinha caído a ficha de que ia ser mãe. Tem menina que vem pra cá sem nenhuma condição e aqui recebe todo o suporte”, explica Rilary, mãe de Lorenzo, de 7 meses.

O projeto funciona numa casa da Rua do Café, na Vila Valle. Mais que um endereço, o local é considerado o porto seguro para as meninas que mal deixaram de ser criança e já se viram tendo de ser mãe. “Aqui me considero em casa”, resume Joyce. Ela frequenta o local com o filho Michel, de 1 ano e 9 meses.

Muitas das meninas atendidas pelo instituto chegam cedo ao local e ali permanecem o dia todo. Recebem o café da manhã, almoçam e tomam o café da tarde antes de voltarem para casa. Durante o tempo em que permanecem na casa, participam de atividades e recebem atendimento psicológico individual ou em grupo duas vezes na semana.

São nove profissionais dando suporte às adolescentes e seus filhos, incluindo assistente social, pedagogo, psicólogos e monitores de artesanato. Durante o tempo em que permanecem assistidas pelo projeto, as jovens participam das oficinas de geração de renda como forma de garantir uma qualificação profissional. São aulas de artesanato, corte e costura, manicure e pedicure, e até culinária. Elas também aprendem os cuidados que precisam ter com o bebê.

Muitas das adolescentes pertencem a famílias em vulnerabilidade social e chegam ainda grávidas à instituição. Entre as atividades ocupacionais oferecidas a elas está a oportunidade de participarem da produção do enxoval do bebê. Elas também ganham um kit maternidade com 48 itens essenciais, incluindo carrinho, banheira, fraldas e itens de higiene pessoal como fraldas e lenços umedecidos, além de roupas.

O trabalho acontece em parceria com a Prefeitura de Sumaré, através do Fundo Social de Solidariedade e da Secretaria de Inclusão Social. Além do Mamãe Bem Querer, o IBQ mantém outros quatro projetos sociais, entre eles o Criança Feliz e o Serviço de Convivência.

Foto: Divulgação.JPG
Ana Carla e a filha Helena no projeto Mamãe Bem Querer, em Sumaré

‘Tratamos o emocional’, explica responsável

O Mamãe Bem Querer oferece atendimento e acompanhamento psicológico às jovens mães durante todo o tempo em que permanecem amparadas pelo projeto. Elas são assistidas pelo Instituto Bem Querer até completarem maioridade ou até o primeiro ano da criança.

“Tratamos o emocional dessas meninas, em especial a aceitação da maternidade. Temos que ajudá-las nesse fortalecimento de vínculo entre mamãe e bebê e fazê-las entender que não são culpadas”, informa a psicóloga e responsável pelo projeto, Maria Aparecida Sampaio Sans Camargo.

Ela explica que as adolescentes muitas vezes chegam à casa amedrontadas, resistentes, e conforme vão convivendo com as demais meninas, acabam se soltando e sentindo-se mais seguras. Aos poucos, vão se abrindo e assumindo o instinto materno.

A psicóloga destaca que a gravidez precoce na adolescência impõe uma dura realidade às jovens mamães. “Durante a gravidez, a menina fica com vergonha de ir à escola e a primeira coisa que faz é abandonar os estudos”, exemplifica.

Foto: Divulgação.JPG
Adolescente durante aula de artesanato

As jovens chegam à entidade ainda durante a gravidez e são estimuladas a continuar estudando. Depois que a criança nasce, o instituto, que também mantém uma creche, oferece vaga para que o bebê tenha onde ficar enquanto a mãe está na escola.

“A adolescente que engravida geralmente não trabalha. Daí a importância do projeto também para que após o nascimento do bebê elas retomem os estudos e frequentem a casa no contraturno escolar”, ressalta Maria Aparecida.

O projeto estimula as meninas a seguir em frente. Além de mantê-las na escola, busca parcerias visando a inserção das jovens no mercado de trabalho. “Precisamos estimular para que elas tenham um futuro melhor. Então, tentamos colocá-las no mercado através de programas como o jovem aprendiz e o Centro de Integração Empresa-Escola”, detalha a psicóloga responsável pelo Mamãe Bem Querer.

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