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Sumaré

Hospital completa 20 anos em meio ao maior desafio

Inaugurado em 21 de setembro de 2000 e referência regional, Hospital Estadual de Sumaré utiliza aprendizagens de outras crises para enfrentar a pandemia

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20 de setembro de 2020, às 08h37 • Última atualização em 20 de setembro de 2020, às 08h38

Mantido pelo Estado, hospital atende área de 1 milhão de habitantes - Foto: Marcelo Rocha - O Liberal.JPG

O Hospital Estadual Sumaré Dr. Leandro Franceschini completa 20 anos de fundação nesta segunda-feira, 21, diante do seu maior desafio. Ao longo de duas décadas, a instituição já enfrentou crises, mas a pandemia do coronavírus é “todas as crises ao mesmo tempo”.

A definição é do diretor-superintendente do HES, o pneumologista Maurício Wesley Perroud Júnior. Ele está no hospital desde o primeiro plantão, em 2000.

“O HES em 20 anos passou por várias crises, internas, externas, de financiamento, demanda. A Covid está sendo todas as crises juntas”, afirmou ao LIBERAL.

“A pandemia é o grande desafio não só dos últimos 20 anos, mas das últimas três gerações. Não houve nos últimos 120 anos uma crise com tanto impacto na saúde pública e econômica. Então, é o maior desafio do HES e da minha geração como médico”, declarou.

Atual diretor está desde o primeiro plantão – Foto: Marcelo Rocha – O Liberal.JPG

Ele avalia que as diversas crises vividas ao longo dos últimos 20 anos prepararam o HES para dar respostas eficientes à pandemia. Um dos exemplos foi a montagem de 24 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) exclusivos para Covid-19 em um período de 10 horas.

O plano de expansão de leitos estava montado e aprovado pela Secretaria do Estado de Saúde. Após receber o aval para executá-lo, o HES mobilizou funcionários na manhã do dia 21 de março e ao final do dia os novos leitos estavam prontos para uso.

“Se não fosse a crise econômica de 2015, estaríamos mais fracos para a Covid. Conseguimos nos organizar mais rápido graças a uma série de dados históricos que viemos acumulando”, avaliou.

Além do desafio de lidar com uma doença desconhecida, que mudou protocolos até então utilizados, o HES também tem enfrentado problemas financeiros. O preço de insumos básicos, como máscaras e medicamentos, disparou em função da pandemia.

Com recursos limitados, a diretoria priorizou equipamentos de proteção aos funcionários e insumos e equipamentos para os pacientes. Outras demandas ficaram para segundo plano.

O hospital não sabe se será possível, por exemplo, a reposição salarial dos funcionários. No final de agosto, trabalhadores protestaram por aumento salarial real e bônus de R$ 500 para cada funcionário enquanto durar a pandemia, como forma de reconhecimento.

“Digo que o hospital é o que é por conta da gente que trabalha aqui. Tem muitos que estão desde o começo e metade do corpo clínico tem mais de sete anos. Conseguir reter esses talentos mostra que estamos no caminho certo. As pessoas não trabalham só pelo dinheiro. Aqui no HES elas têm propósito”, disse Maurício.

“Adoraria cumprir o que tinha planejado esse ano. Seria um ano de festa, já tinha dinheiro guardado para dar reajuste, estava previsto investimento do Estado, era pra ser um ano maravilhoso, para passar dando risada. Mas infelizmente não foi assim”, lamentou o diretor.

HES em números mensais

  • 5,5 mil consultas de ambulatório
  • 1,6 mil atendimentos de urgência
  • 220 partos
  • 850 cirurgias
  • 1,1 mil internações
  • 5 mil exames de imagem

Retomada de atendimentos eletivos é nova missão

Ao longo da pandemia, o Hospital Estadual Sumaré interrompeu, assim como outros hospitais, a realização de procedimentos eletivos.

Com a diminuição da circulação do vírus e a retomada desses outros atendimentos, a demanda reprimida será o desafio dos próximos meses.

Desde maio, o HES retomou alguns atendimentos eletivos. Com aumento gradual ao longo dos meses, a expectativa é que o atendimento em setembro chegue próximo à média histórica do hospital. Contudo, ainda há casos represados.

“As doenças crônicas foram deixadas para um segundo momento, todo mundo focou muito na Covid. Nos próximos meses, o desafio gigantesco vai ser equilibrar o atendimento de Covid, que não vai acabar, e tirar o atraso dessa população que deveria ter sido operada nesses meses e não foi. Por esperar mais tempo, os pacientes vão chegar em condições mais graves do que há três, cinco meses”, afirmou ao LIBERAL o diretor-superintendente do HES, Maurício Wesley Perroud Júnior. Por outro lado, ele aposta que o SUS deve sair fortalecido da pandemia do coronavírus.

“Com certeza absoluta se a gente não tivesse o SUS no país, seria o caos instalado. Acho que o que acontece nos Estados Unidos é que não tem sistema de saúde adequado. Até por questões sociais, a Europa não tem expertise de lidar com casos graves como a gente tem – atropelado, baleado, gente com sepse. O fato de ter mais problemas deixou a gente mais preparado pra lidar com Covid”, disse, em entrevista ao LIBERAL.

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