LIBERAL Voluntário
Voluntários levam sorrisos e alegria a pacientes de nove hospitais
Trabalho dos "Anjos da Alegria" ocorre todo sábado na região; em troca, eles acumulam experiências e recebem gratidão
Por Valéria Barreira
23 de junho de 2019, às 08h49
Link da matéria: https://liberal.com.br/cidades/regiao/voluntarios-levam-sorrisos-e-alegria-a-pacientes-de-nove-hospitais-1031136/
Todo sábado à tarde a rotina dos hospitais públicos e particulares de Americana, Nova Odessa e Santa Bárbara d’Oeste se transforma. Pessoas com roupas alegres e maquiagem divertida começam a perambular pelos corredores das alas, entrando e saindo dos quartos. A aparência lembra a de palhaços, mas na verdade são os “Anjos da Alegria”.
Eles dão nome à associação nascida há 15 anos em Americana e que desde então vem humanizando o ambiente hospitalar, levando um pouco de alívio para onde quase sempre predomina a dor. Nove hospitais recebem a visita dos voluntários, que se dividem em grupos para poder estar em todos. Para esses anjos, o sábado é um dia sagrado. Mais que um compromisso, a visita aos hospitais é quase um ritual.
São quase duas horas de um sábado pós-feriado e o auditório do Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi, em Americana, onde nos encontramos com um dos grupos, vai se transformando num camarim. Sozinhos ou acompanhados, os voluntários vão chegando aos poucos e tirando seus adereços e maquiagem das mochilas começam a se transformar. O silêncio passa a ser ocupado pelas conversas e risadas.
Quando chegamos, dois anjos já estavam por lá. Na ponta de uma mesa, Maísa Lucilene da Silva começava os primeiros traços da maquiagem. Ela está no grupo desde janeiro e dá uma informação que se revelaria mais tarde ser uma unanimidade entre todos os anjos que integram o grupo que visita o HM. É a percepção de que o trabalho é, na verdade, uma troca e que eles acabam recebendo muito mais do que oferecem aos pacientes.
“A gente vem achando que vai doar e quem acaba recebendo é a gente. É tão gostoso dar e receber um abraço. É uma renovação de energia. É o meu combustível da semana”, diz Daniela Ricucci, anjo há quatro anos. Quando passam pela porta de entrada do hospital, os anjos deixam do lado de fora o cansaço, os problemas e as preocupações pessoais.
“Estamos com o corpo e a cabeça cansados de trabalhar a semana toda, mas aí a gente chega aqui e consegue roubar um sorriso de quem está nesse ambiente às vezes há meses. Isso é muito gratificante. Faz um bem enorme pra gente”, explica Lucimar Eliza dos Santos, que está há oito anos no grupo.
As visitas não têm roteiro. Os voluntários nunca sabem o que vão encontrar e para muitos isso é uma motivação extra. O motoboy Aloisio da Silva Pereira está no grupo há sete anos junto com a família toda. Ele e a mulher Claudineia chegaram primeiro. Depois vieram os filhos Jonas e Leonardo.
“Em cada quarto nos deparamos com uma situação diferente, uma experiência nova que levamos para nossa vida lá fora”, diz ele. “Contamos os dias para estar aqui. A gente vem trazendo alegria e vamos embora revigorados. Não tem como mensurar isso, mas todos recebemos muita gratidão”, completa Claudineia.
Lucas Alves Martins vivenciou os dois lados. Ele já era um anjo, quando ficou 30 dias internado no HM, dos quais 15 na UTI. “Pude sentir como esse trabalho é importante para quem está no hospital. Para muita gente, somos a única visita”.
Cerca de meia hora depois de chegarem ao auditório, os anjos estão prontos para as visitas. Se reúnem num círculo, ouvem avisos, trocam informações e pedem a inclusão de nomes de amigos e familiares na oração que vem a seguir. Depois dão um abraço coletivo e saem do auditório para ganhar os corredores do hospital.
Divididos em grupos, cada um vai para uma ala. Acompanhamos a da pediatria. O espaço que recebe as crianças fica bem ao lado do Pronto-Socorro do HM e enquanto passavam por ali impossível não notar que mesmo quem não é abordado pelo grupo abre um sorriso só de vê-lo passar.
E foi um sorriso que eles conseguiram arrancar do pequeno Pedro Coutinho, de 7 anos. Foi preciso insistir, mas conseguir fazer uma criança com dor sorrir não é uma tarefa para qualquer um e a iniciativa acabou elogiada pela mãe do pequeno, Lilian Martins. “Esse trabalho é muito importante. Pelo menos por alguns minutos, ele esqueceu da dor”.
COMO AJUDAR:
– Participando dos eventos promovidos pela associação para angariar recursos.
– Comprando camisetas do grupo.
– Ajudando a associação a estruturar a sua sede, doando produtos de limpeza, móveis de escritório e computador.
– Contato: (19) 99726-7451