26 de abril de 2024 Atualizado 17:36

8 de Agosto de 2019 Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Trânsito

Pandemia afeta crescimento da frota de veículos de Americana e cidades da região

Frota tem menor aumento da década na região; especialista avalia resultado como positivo diante de recessão econômica que afeta o País

Por Leonardo Oliveira

28 de fevereiro de 2021, às 08h00 • Última atualização em 28 de fevereiro de 2021, às 08h01

A frota de veículos nas cinco cidades da RPT (Região de Polo Têxtil) teve um crescimento de 2,7% em 2020 na comparação com o ano anterior. Houve um salto de 671 mil veículos para 689 mil no período, segundo dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito). Foi o menor crescimento da década.

A evolução da frota começou a década com os 8% de crescimento registrados em 2011. O salto oscilou entre 4% e 7% nos quatro anos seguintes. Desde 2016 houve uma variação entre 3% e 4% de crescimento até chegar em 2020, quando o acréscimo no número de veículos foi de 2,7% na região.

Americana tem cerca de 187 mil veículos, segundo dados do Denatran – Foto: Ernesto Rodrigues / O Liberal

Os dados se referem às cidades de Americana, Hortolândia, Nova Odessa, Santa Bárbara d’Oeste e Sumaré, que integram a microrregião. Apesar do crescimento menor, para o economista do Observatório da PUC (Pontifícia Universidade Católica) Campinas, Paulo Oliveira, o dado é positivo diante de um cenário de crise econômica.

“Mesmo a maior crise da história recente do Brasil não foi capaz de impedir que houvesse um crescimento pequeno. É louvável que, em uma crise dessa proporção, a gente tenha tido a frota continuando crescendo, relativamente estável”, disse ao LIBERAL.

Em Nova Odessa e Hortolândia a queda no ritmo de crescimento foi maior. A primeira havia tido acréscimo de 4% na frota em 2019 e não registrou aumento no ano passado. Já a segunda viu cair de 7% para 3% os emplacamentos no último ano.

Gráfico mostra o crescimento da frota da região – Foto: Editoria de Arte / O Liberal

Para proprietários e consultores de revende doras da região, ouvidos pela reportagem, os meses em que os estabelecimentos foram impedidos de funcionar por conta de restrições do Plano São Paulo e os problemas enfrentados na produção dos automóveis ajudam a explicar os dados.

“Hoje o mercado não está a todo o vapor porque a gente não tem produto. Falta o veículo para que a gente possa revender. Nós temos visita de cliente, procura de produto, mas o cliente não está encontrando no nosso pátio, como em outras lojas, o produto que ele quer”, disse o sócio da Única Veículos, de Hortolândia, Durval Justino.

As fábricas da Honda em Sumaré e Itirapina, por exemplo, tiveram que paralisar as atividades entre março e julho do ano passado por conta da pandemia, a exemplo de outras montadoras. Isso fez com que houvesse no mercado dificuldade para encontrar novas peças e manter os estoques em dia.

Na última semana, a montadora confirmou ainda que parou a produção em fevereiro e fará nova interrupção a partir desta segunda-feira até o dia 10 de março, medida que afetará cerca de mil funcionários.

Além dos componentes eletrônicos, o setor automotivo tenta contornar a insuficiência de insumos como aço, peças plásticas e pneus – que ainda deve durar mais seis meses.

“Em um todo, o mercado está superaquecido. A grande dificuldade que nós estamos encontrando é justamente a falta da matéria-prima, para gente comprar o carro e fazer a revenda. O pessoal que estava comprando carro zero no final do ano, as revendedoras estavam com promessa de entrega só para esse mês”, disse o consultor de vendas da Samuel Veículos, de Americana, Jefferson Dametto.

A tendência de aquecimento do mercado, segundo as fontes ouvidas pela reportagem, tem relação com a intensificação da informalidade no mercado de trabalho, provocando a procura por carros e, principalmente, motos, para serviços de entrega.

“A gente tem o crescimento do desemprego e isso joga as pessoas que, antes tinham um emprego de carteira assinada, para atividades como essa, entrega de alimentos. Também tem um efeito ‘uberização’”, disse o economista Paulo Oliveira.

Publicidade