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Voluntário

Um dos primeiros de 13 mil jovens segue hoje na área

Em 1997, sem rendimento, Márcio Piacentini fez um curso gratuito de informática na Diaconia São Judas Tadeu, o que lhe abriu portas

Por Valéria Barreira

09 de junho de 2019, às 15h31 • Última atualização em 09 de junho de 2019, às 15h33

Foto: João Carlos Nascimento - O Liberal.JPG
Primeiro contato com computadores no CCPA e seguiu a carreira

Quando Márcio André Piacentini fez o curso de informática do CCPA (Centro de Capacitação Profissional do Adolescente), mantido pela Diaconia São Judas Tadeu, no bairro Jardim Ipiranga, em Americana, ele ainda não sabia, mas estava entrando para uma área onde viria a se formar e seguir carreira.

“Foi ali que tive meu primeiro contato com os computadores. Naquela época não sabia se era exatamente isso o que eu queria, mas acabei me graduando em tecnologia da informação e hoje trabalho na área”, informa.

Márcio foi um dos primeiros jovens a passar pelo local, idealizado e fundado pelo cônego Aldomiro Storniolo, em 1997. Assim como ele, outros 13 mil jovens de Americana já foram atendidos pela instituição, onde tiveram a chance de obter conhecimento e começar a descobrir uma profissão.

“A entidade é o pontapé inicial para saber se você se identifica com aquela área”, diz Piacentini, lembrando que na época ainda não tinha rendimento e o fato da entidade não cobrar pelos cursos que oferece lhe permitiu frequentar as aulas sem onerar o orçamento da família.

Além da oportunidade profissional, ele cita o ambiente oferecido pela instituição. “Sempre me senti muito à vontade lá dentro. O cônego passava, batia na porta, entrava e perguntava se estava tudo bem. Até hoje mantenho amizade com meus antigos professores”.

Faz 20 anos que Márcio passou pelo CCPA. Na sua avaliação, o trabalho da diaconia merece reconhecimento. “Para a comunidade foi sensacional. O que ele (o cônego) conseguiu fazer com o dinheiro do dízimo poucos líderes religiosos fizeram. Então foi algo realmente notável”, ressalta.

Foto: João Carlos Nascimento - O Liberal.JPG
Aluno de desenho e informática; mãe vê avanços no desenvolvimento

A dona de casa Fabiana Zaghetto Lazarim é mãe de Nicolas, de 12 anos, aluno da diaconia nos cursos de informática e desenho. “Quando meu filho começou, ele era agitado e ansioso. Hoje vejo os avanços dele e percebo que até a coordenação está melhor graças às aulas de desenho”, diz.

Ela também é voluntária da entidade, que frequenta duas vezes por semana. No tempo em que está lá, ajuda no cadastro dos cupons da Nota Fiscal Paulista e na cooperativa de artesanato. “Além de fazer a diferença na vida dos jovens, nós, voluntários, também somos beneficiados. É uma terapia frequentar e colaborar com a entidade”.

Comunidade banca serviços

Foto: João Carlos Nascimento - O Liberal.JPG
Caminhamos com as próprias pernas”

A Diaconia São Judas Tadeu, criada há 22 anos pelo cônego Aldomiro Storniolo, segue buscando ajudar pessoas, quatro anos após a morte do idealizador e fundador. A instituição funciona no Jardim Ipiranga, em Americana, e atende 715 jovens no CCPA (Centro de Capacitação Profissional do Adolescente), seu maior programa.

Ela também mantém o Programa de Fortalecimento de Vínculos “Caminho”, no São Jerônimo, voltado ao atendimento de pessoas de qualquer idade em vulnerabilidade social e o de Promoção e Integração ao Mercado de Trabalho, destinado a menores infratores em liberdade assistida encaminhados para a instituição pela Promotoria da Infância e Juventude.

Segundo o presidente da entidade, Lucas Leoncine, o “Caminho” recebe pessoas enviadas pelo Cras (Centro de Referência de Assistência Social) do município. É o único serviço que recebe dinheiro público. Todos os demais atendimentos são bancados pela comunidade. A Paróquia São Judas Tadeu, também no Jardim Ipiranga, é a principal mantenedora.

“Caminhamos com as próprias pernas. O cônego idealizou, fundou e construiu a entidade com a ajuda do dízimo e de doações. Continua assim, a paróquia é a principal mantenedora e tudo isso pertence à comunidade”, diz. O voluntariado também é importante. “Contamos com um trabalho grande de pessoas que contribuem com ações ou conseguindo doadores para a instituição”, informa Leoncine, citando o Ser Voluntário, programa que reúne quem colabora com a entidade.

É o caso, por exemplo, das mulheres da cooperativa de artesanato. Elas produzem as peças e revertem o dinheiro da venda para a instituição.

Foto: João Carlos Nascimento / O Liberal
Maior programa, atende atualmente 715 jovens

PROGRAMAS. A Diaconia São Judas Tadeu foi fundada com o objetivo de retirar os adolescentes das ruas e oferecer a eles a chance de aprender algo voltado ao mercado de trabalho. Isso foi em 1997. Um ano depois, formou as primeiras turmas. Na época, eram apenas dois cursos – informática e desenho industrial. Hoje são oito opções: inglês, administração, informática, design gráfico, montagem e manutenção de computadores e montagem e manutenção de notebooks, além de desenho artístico e pintura em tela para crianças de 9 ou 10 anos.

Todos os cursos são gratuitos e as inscrições são abertas sempre em novembro.

No São Jerônimo, o trabalho acontece desde 2012 em uma casa alugada. Os atendimentos são feitos por uma equipe formada por psicólogos, assistente social e educadores. A capacidade é para 100 pessoas. O programa mais novo, de 2018, é o Promoção e Integração ao Mercado de Trabalho. Hoje, atende menores infratores em liberdade assistida. “Tentamos prepará-los. Está sendo um desafio”, diz o presidente.

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