Quadro crítico
Infectologista do HM relata casos mais graves da Covid
Médica aponta mudança no perfil de pacientes com coronavírus que dão entrada na unidade; demora na procura pelo serviço pode ter ligação
Por Marina Zanaki
11 de março de 2021, às 07h46 • Última atualização em 11 de março de 2021, às 09h06
Link da matéria: https://liberal.com.br/cidades/americana/infectologista-do-hm-relata-casos-mais-graves-da-covid-1459808/
Os pacientes com o novo coronavírus (Covid-19) que estão dando entrada no Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi, em Americana, têm apresentado quadro mais grave em relação à primeira onda da pandemia.
A situação pode estar ligada a uma demora em procurar o serviço. Além disso, mais pessoas jovens e sem comorbidades têm apresentado quadro crítico ligado à Covid-19.
As informações são da infectologista Juliana Ribon, coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar.
“Os pacientes estão chegando com insuficiência respiratória e evoluindo mais rápido com quadro de insuficiência renal. Temos um número grande de pacientes dialisando dentro da UTI Coronavírus. O quadro está mais grave e mais crítico”, define a médica.
Ela conta que há pacientes dando entrada de forma tardia, com 10 até 16 dias de sintomas. “Muita gente que perdeu o emprego e o convênio, agora depende da saúde pública. Então o SUS está mais lotado que nunca. Os pacientes têm medo de ser internados no HM, de vir para o serviço público, e quando procuram já está crítica a situação”, lamenta.
A recomendação é que a população procure o hospital a partir do início dos sintomas para ser avaliado, e retorne entre o 3º e 7º dia de sintoma para fazer o teste de PCR. O cuidado deve ser redobrado em pacientes com comorbidades.
“Sem contar que antes a gente pensava em fatores de risco, obesos, cardiopatas, diabéticos, idosos e institucionalizados. Hoje, vê mais jovens e que não tem comorbidades sendo internados também em estado crítico”, alerta.
A médica acredita que a disparada das internações, que colocou sobrecarga no sistema de saúde público e privado da cidade, está relacionada a um conjunto de fatores.
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“Colocar a culpa só na mutação seria incorreto, ela tem realmente impacto, mas também tem a população que afrouxou medidas de isolamento, do uso de máscaras, aglomerações e reinfecções”, explica.
Juliana considera importante a ampliação de leitos para coronavírus que a prefeitura está organizando. Contudo, alerta que isso também demanda diversos recursos, inclusive funcionários.
“Aumenta leitos para coronavírus e acaba estrangulando outras enfermidades, o que também é preocupante”, completa.
Adaptação de leitos
O prefeito de Americana, Chico Sardelli (PV), anunciou nesta quarta-feira que vai dobrar os leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e aumentar os de enfermaria do Hospital Municipal para atender os contaminados.
A medida é uma reação da prefeitura ao aumento de casos de internações pela doença. Com isso, o hospital terá 60% de sua capacidade voltada para o atendimento de casos de Covid-19.
Ainda nesta quarta, Americana chegou à marca de 300 mortes pelo novo coronavírus. O óbito foi confirmado 17 dias antes de a cidade completar um ano da primeira morte pela pandemia, ocorrida em 27 de março de 2020.
Veja abaixo a ocupação dos leitos de enfermaria, sem respiradores:
Hospital | Leitos | Ocupados | % |
Hospital Municipal | 23 | 23 | 100% |
São Lucas | 17 | 9 | 53% |
São Francisco | 14 | 6 | 43% |
Unimed | 21 | 21 | 100% |
Total | 75 | 59 | 79% |
Veja abaixo a ocupação dos leitos de UTI, com respiradores:
Hospital | Leitos | Ocupados | % |
Hospital Municipal | 15 | 15 | 100% |
São Lucas | 11 | 11 | 100% |
São Francisco | 10 | 7 | 70% |
Unimed | 23 | 23 | 100% |
Total | 59 | 56 | 95% |