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Comércio

Comerciantes de Americana relatam alívio, mas pregam cautela em reabertura

Consenso entre os lojistas é de que as pessoas queriam sair de casa após muito tempo em isolamento, por isso o movimento registrado ontem foi grande

Por Leonardo Oliveira

02 de junho de 2020, às 09h34 • Última atualização em 02 de junho de 2020, às 10h22

A reabertura dos comércios não essenciais criou uma mistura de sentimentos nos lojistas de Americana e região. Embora aliviados por terem voltado a abrir as portas, a avaliação é de que é necessária muita cautela sobre as projeções de retomada econômica em um cenário de pandemia.

O comerciante Frederico Faé, proprietário de uma loja de calçados do Centro de Americana, acredita que o grande movimento registrado ontem no comércio foi um reflexo dos meses em que a população ficou isolada em casa e que o otimismo deve ser construído em cima de uma retomada constante.

Comércio de Americana registrou grande movimento nesta segunda-feira, primeiro dia da reabertura das lojas de rua – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

“Um sentimento de alívio e angústia. Alívio porque a gente pode retomar o trabalho e de angústia porque um pouco temeroso em relação a situação do próprio vírus em si. Se os clientes puderem vir com calma, todas as lojas no Centro estão se precavendo”, disse ao LIBERAL.

Durante os meses em que a loja não abriu as portas, houve uma queda de 90% no faturamento, diz Faé. As vendas realizadas foram através do sistema de entrega. Apesar disso, não demitiu funcionários. “Delivery muda muito, é um perfil diferente”, disse.

Dono de uma rede de calçados, o comerciante Ricardo Betim comemorou a reabertura após sofrer uma queda de 90% nas vendas. “Tinha passado da hora de abrir. Foi legal, pelo menos o pessoal percebe o comércio aberto e fica a impressão do comércio estar funcionando normal. O movimento tá legal, o pessoal veio bastante para rua, muita gente passeando, dando uma volta”, comentou.

Por outro lado, Betim não acredita em uma volta rápida ao cenário econômico de antes da pandemia.

“A realidade não volta com mais de 50% da nossa capacidade de vendas normal de um mês de junho. A retomada vai ser bem difícil adaptar ao novo momento”, argumenta.

Regras sanitárias

O LIBERAL noticiou ontem que a reabertura teve uma série de determinações sanitárias que não foram respeitadas por lojistas. Distanciamento inadequado entre os consumidores e mais compradores do que funcionários dentro dos estabelecimentos foram algumas das irregularidades flagradas pela reportagem.

A situação preocupa aqueles lojistas que cumpriram com o que diz o decreto municipal publicado no último sábado. “Não adianta nada um tomar cuidado e o outro não. Todo mundo deveria fazer o que é necessário. A gente já viu bastante aglomeração nas portas aqui, pessoal entrando. A gente tá tomando todos os cuidados. Cada vendedor atende um cliente de cada vez, mas é importante que todo mundo faça isso”, afirmou a gerente de uma loja calçadista, Divaneta Luizon.

Questionada pelo LIBERAL, a Prefeitura de Americana informou que não notificou comerciantes nesta segunda, mas que foi feito o trabalho de orientação.

“É natural que neste primeiro dia de funcionamento haja algumas infrações, que tendem a ser corrigidas nos dias subsequentes. Hoje se identificou, sobretudo, filas para pagamentos de carnês acumulados em algumas lojas”, diz a nota enviada ao LIBERAL.

Podcast Além da Capa
O novo coronavírus representa um desafio para a estrutura de saúde de Americana, assim como outros municípios da RPT (Região do Polo Têxtil), mas não é o primeiro a ser encarado. H1N1, dengue, malária, febre maculosa. Outras doenças também modificaram rotinas, exigiram cuidados além do trivial – ainda que não tenha havido quarentena, como agora – e servem de experiência para traçar paralelos com o atual cenário. Nesse episódio, o editor Bruno Moreira conversa com a repórter Marina Zanaki, que assina uma série de reportagens sobre outras epidemias em Americana.

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