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Liberal voluntário

Aprendendo como seguir em frente

Com a ajuda do CPC, que trabalha com deficientes visuais, Vera faz todo o serviço de casa e Robens começou a cursar Direito

Por Valéria Barreira

02 de junho de 2019, às 09h04 • Última atualização em 02 de junho de 2019, às 10h10

Há 13 anos, quando Vera Lucia Meneghel Bernardes ficou cega em decorrência do diabetes, além da visão ela perdeu também o interesse pela vida. Aos 46 anos na época, a mulher que ganhava a vida como empregada doméstica achou que não seria mais capaz de cuidar da própria casa e nem dela mesma.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Vera ficou cega devido ao diabetes há 13 anos

“Eu achava que estava tudo perdido, que nunca mais iria me reerguer. Pensei ‘a minha vida acabou, agora não sou mais ninguém’”. Os sentimentos de impotência, tristeza e até mesmo revolta começaram a ser superados quando ela descobriu no Centro de Promoção à Cidadania da Pessoa com Deficiência Visual, o CPC, um novo recomeço.

Ela é uma das pessoas atendidas pela instituição nos grupos de reabilitação destinados a ajudar quem perdeu a visão a começar de novo. “Quando cheguei na instituição eu estava perdida, mas lá me reencontrei com a vida”. Há 11 anos, ela frequenta semanalmente o CPC. Se no começo ia para aprender, hoje ajuda a ensinar. “Colaboro ensinando as pessoas a como usar o fogão sem se queimar”, conta.

Essa lição – assim como todas as outras que envolvem a rotina doméstica – ela já sabe de cor. Com os conhecimentos e orientações que recebeu, ela voltou a ter autonomia dentro de casa. Limpa, passa e cozinha como qualquer outra dona de casa e como uma mãe dedicada, ainda ajuda a cuidar da casa do filho e das roupas dos netos.

Nas horas vagas, faz crochê que doa para a instituição vender em seus bazares. “Eles deram outro sentido para a minha vida, aprendi a me aceitar nesse novo momento e a seguir em frente”.

Sonhos

Aos 21 anos, Robens Denilson Custódio dos Anjos corre atrás dos seus sonhos como outros jovens da sua idade. Ele frequenta o primeiro semestre do curso de Direito do Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo), gosta de viajar, interagir com os amigos e não dispensa um convite para conversar sobre sua condição.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Cego desde criança, Robens cursa Direito hoje

Robens é cego desde criança. Foi diagnosticado com glaucoma congênito, mas aprendeu logo cedo a não deixar isso definir sua vida. Ele começou a frequentar o CPC há 20 anos. Na entidade, descobriu o braile, recebeu noções de informática e orientações sobre mobilidade. “Viajo sozinho e chego onde eu quero”, diz.

O jovem também participou dos grupos de psicologia oferecidos pela instituição e diz que isso também foi fundamental para formar a sua autoestima.

“Jamais deixei que a cegueira fosse empecilho para eu caminhar adiante. Nunca deixei que ela me limitasse. Penso ‘se eu parar, o mundo vai continuar girando’. Então prefiro engrenar com o mundo ao invés de ficar parado e perder as chances da vida. O CPC me ajudou a ter essa visão do mundo e compõe uma parte significativa do que eu sou hoje e do que eu transmito para quem está à minha volta”.

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