Revista L Pets
Humanização dos pets: saiba os limites saudáveis
Médicos veterinários explicam o fenômeno e dão dicas de como tornar esse processo mais sadio
Por Stela Pires
10 de abril de 2024, às 16h37
Link da matéria: https://liberal.com.br/revista-l/humanizacao-dos-pets-saiba-os-limites-saudaveis-2145236/
De casinhas personalizadas a festas de aniversário com direito a bolo, os animais de estimação estão cada vez mais integrados ao estilo de vida humano, refletindo uma tendência de afeto e cuidado que ultrapassa as barreiras entre espécies. Esse fenômeno é chamado de “humanização dos pets”, e ocorre com animais domésticos, sendo cães, gatos e até mesmo pássaros.
De acordo com o médico veterinário especialista em oncologia Renan Bignotto Ferreira, docente da Fam (Faculdade de Americana), os animais que passam pelo processo de humanização têm características e necessidades humanas atribuídas a eles, “como amor, atenção, cuidados médicos e até mesmo vestimentas e alimentação semelhantes às dos humanos”, disse. Ele aponta que é natural que a humanização dos pets aconteça dentro das casas à medida que os animais de estimação se tornam parte integrante da vida familiar e são tratados com afeto e cuidado semelhantes aos dos humanos.
No entanto, veterinários apontam que o fenômeno, quando excessivo, pode ser prejudicial à saúde física e biológica desses animais. “O excesso de humanização pode levar a problemas comportamentais nos pets, como ansiedade de separação, agressividade e falta de habilidades sociais com outros animais”, disse Renan. Além disso, pode gerar dependência emocional e dificuldades de adaptação em ambientes não familiares.
A médica veterinária Clair Gonçalves de Brito, proprietária do Cantinho do Mascote, em Americana, relata que esse processo tem sido cada vez mais comum e que frequentemente se depara com casos de humanização no consultório.
Segundo a veterinária, diversas condutas dos “pais de pets” podem desencadear esse processo, dentre elas a oferta de brinquedos eletrônicos, excesso de uso de roupinhas e a tentativa de regular a alimentação daquele animal conforme a dos humanos.
Em relação à saúde física, a conduta e consequência estão diretamente ligadas. Clair exemplifica com casos que acompanhou.
“Recebo muitas ligações durante o calor de que o cachorro não está se alimentando durante o dia, mas é normal durante esse período, ele vai comer no período da noite, que é mais confortável para ele”, exemplificou Clair.
Ela aponta que alguns tutores inclusive misturam sachê na ração para forçar a alimentação do pet em horários que coincidam com as refeições da família, quando, na verdade, a vontade dele deveria ser respeitada, assim como seus instintos e necessidades.
A alimentação também é um grande fator de problemas. A oferta de alimentação inadequada, como a de humanos, pode desencadear problemas cardíacos e também diabetes.
Encontre o equilíbrio. De acordo com Renan, a humanização moderada pode fortalecer o vínculo entre o tutor e o animal de estimação, promovendo uma relação de cuidado e amor mútuos. “Também pode incentivar a responsabilidade e o comprometimento com o bem-estar do animal”, apontou.
Segundo ele, é importante estabelecer o equilíbrio entre o cuidado e a atenção dedicados aos pets, além da promoção de comportamentos naturais. Isso inclui garantir que os animais tenham acesso a exercícios físicos adequados, interações sociais com outros animais e estimulação mental.
A veterinária Clair Gonçalves orienta que os tutores estudem as características da raça de determinada espécie para assim entenderem as reais necessidades daquele pet. Além disso, o ideal é que procurem por uma raça que se adeque à rotina da família antes de adotar ou adquirir o animal.
Busque o equilíbrio natural
- Ofereça uma dieta balanceada.
- Estimule a atividade física regular.
- Proporcione enriquecimento ambiental, como brincadeiras e caça.
- Estabeleça limites claros para o comportamento dos animais, promovendo uma relação equilibrada entre amor e disciplina.
Fonte: Veterinário Renan Bignotto Ferreira