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Revista L - Pets

Câncer: Um diagnóstico, não uma sentença

Tumores malignos são uma das principais causas de morte entre os pets; veja alternativas de tratamentos

Por Marina Zanaki

02 de maio de 2023, às 11h09

O avanço da medicina veterinária tem aumentado a expectativa de vida dos pets nas últimas décadas. Os bichos estão vivendo mais e melhor. Por outro lado, a ocorrência de câncer, uma doença que tem a idade como fator de risco, também cresceu entre os cachorros e gatos. Pesquisas indicam que já é a principal causa de morte entre os pets nos países desenvolvidos, e que o Brasil caminha para isso.

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A cadela Dalila, de Santa Bárbara d’Oeste, teve câncer pela primeira vez em 2020, quando tinha 11 anos. Ela passou por uma cirurgia e se recuperou da doença. Contudo, um novo tumor apareceu e ela precisou voltar ao tratamento, que culminou com a amputação de dois dedos da pata esquerda em janeiro de 2023.

Aos 14 anos, já é considerada uma senhora, o que foi um fator de preocupação. Engenheira de alimentos e professora de francês, Talita Balansin Rigon contou que, como moram em um sobrado e Dalila costuma subir na cama, ela decidiu que passaria as primeiras noites após a cirurgia na sala para que a cachorra fizesse o mínimo esforço possível.

“Por ser uma idosinha e tomar remédio para o coração, ficamos apreensivos. Também tivemos que mudar algumas rotinas, tanto nossas quanto dela, mas é um período curto e um bem-estar que vai valer por anos”, considera Talita.

A veterinária Marcela Scherr, da Vitae Oncologia Veterinária, destacou que fatores como tipo do tumor, o estágio e as limitações fisiológicas do paciente são decisivos para o sucesso do tratamento. “O conceito de cura vem sendo muito discutido, nossa missão é tratar o paciente e não a doença. Isso significa que o maior objetivo é reestabelecer a qualidade de vida do animal, toda intervenção deve trazer um benefício e jamais uma piora no quadro. As doses devem ser corrigidas e modalidades terapêuticas combinadas a fim de proporcionar controle efetivo da doença sem efeitos colaterais se a cura não for possível”, ponderou a especialista.

MODERNOS. O tratamento mais comum para tratar câncer nos pets é a cirurgia, extinguindo a lesão. A quimioterapia também é uma alternativa, que pode atuar tanto na redução do tumor quanto como reforço para evitar o retorno das células malignas.

Contudo, assim como nas outras especialidades da medicina veterinária, têm surgido novos tratamentos. A veterinária Marcela destacou a imunoterapia, os inibidores de tki e a medicina complementar (como acupuntura e ozonioterapia) como aliados nesse tratamento.

Ainda na mesa de cirurgia, Dalila também recebeu um tratamento chamado eletroquimioterapia. A técnica consiste na emissão de pulso elétrico que provoca a abertura dos poros na célula cancerígena para aplicação do quimioterápico. Com isso, a absorção é muito mais intensa e o tratamento se torna mais eficaz. “A chance do câncer voltar é praticamente zero, o que sobrou da célula foi destruído pela técnica”, comemorou Talita. “Ela está bem, saiu com margem livre na biópsia, na primeira vez que teve saiu com margem comprometida. Além disso, ao associar com a eletroquimio acreditamos que não sobrou nada”, completou a tutora.

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DIAGNÓSTICO. Sinais como emagrecimento, falta de apetite, tristeza, sangramento nasal, pela urina ou fezes, nódulos ou ferida que não cicatriza são sinais que devem acender o alerta de suspeita de câncer.

A médica veterinária radiologista Vanessa Páfaro, responsável pelo setor de Diagnóstico por Imagem na Páfaro Medicina Veterinária Diagnóstica, explicou que a investigação começa com exames de imagem, como raio-x e ultrassom, para detectar aumento de volume e possíveis tumores em órgãos. O exame de sangue mostra alterações no funcionamento do organismo e também é um aliado nessa apuração.

Contudo, o diagnóstico definitivo só acontece com a biópsia, que pode ser citológica (com a coleta de algumas células) ou histopatológica (que demanda retirar um fragmento da área afetada). Para esse último procedimento, é necessário anestesiar o pet.

“Depois que faz a biópsia e confirma, vamos saber qual o tipo do câncer. As pessoas acham que é um tipo só, mas existem dezenas, e cada um deles tem predileção para causar metástase em um órgão.

A identificação é por exames de raio-x e ultrassom, mas temos exames mais modernos, como ressonância magnética e tomografia computadorizada, que ajudam nesse diagnóstico”, explicou Vanessa.

Semelhante ao que acontece nos humanos, a metástase nos animais acontece quando uma célula cancerígena cai na corrente sanguínea e começa a se multiplicar em um órgão diferente do original. Mesmo quando o câncer já alcançou esse estágio, os tutores não devem desistir dos pets. “Ele me ama e confia em mim, no dia em que a nossa despedida for inevitável quero olhar nos olhos dele com o coração triste, mas leve, com a sensação de dever cumprido, ou seja, sabendo exatamente o que o adoeceu, certo que todas possibilidades terapêuticas foram esgotadas e de fato não há nada que eu possa fazer, então cada um de nós seguirá livre do sofrimento físico, mas com o coração cheio de memórias que me farão sorrir nos dias difíceis”, defende Marcela.

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