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PAIS & FILHOS

Comportamentos alimentares demandam atenção dos pais

Seletividade, compulsão e comportamentos compensatórios exigem cuidado

Por Isabella Holouka

07 de novembro de 2022, às 06h26

Aversão a grupos alimentares inteiros, como frutas, legumes e leguminosas, a ponto de ter náusea diante a possibilidade de ingerir um alimento. E, por outro lado, um impulso para comer um pacote inteiro de bolachas recheadas, rapidamente, sem prestar atenção no que está fazendo.

Comportamentos como a seletividade e a compulsão alimentar costumam estar relacionados a outros sintomas emocionais das crianças e adolescentes e demandam atenção dos pais e cuidadores para que não se agravem, resultando em distúrbios alimentares.

A psicóloga clínica Marilia Sandin, especialista em comportamentos alimentares, que atende em Americana, lembra que os transtornos são mais comuns de serem diagnosticados em adultos, porém comportamentos como a seletividade e a compulsão acontecem também com as crianças e adolescentes, gerando conflitos durante as refeições.

A psicóloga Marília Sandin lembra que os transtornos costumam estar relacionados a outros sintomas emocionais – Foto: Ronnie Souza

“A criança começa a ter muita seletividade alimentar e fica muito difícil alimentá-la. A hora de comer é sempre um problema, gera muita discussão, confusão na casa, o ambiente fica muito pesado. Na compulsão acaba acontecendo parecido, porém a criança ou adolescente quer comer muito a mais, muito rápido, não presta atenção no que está comendo, só vai”, exemplifica a especialista.

Na adolescência, especialmente por influência das mídias, comportamentos precursores da anorexia ou da bulimia têm mais risco de ocorrer, somados à compulsão. “Aprendemos desde muito cedo, nos filmes, que após algo ruim as meninas estão lá comendo um pote de sorvete para curar o sofrimento emocional. Da mesma forma, temos o culto à magreza, que pode influenciar muito nos comportamentos compensatórios: se eu comer muito, tomo laxante, ou vomito, fico dias sem comer, para compensar, porque eu tenho que estar magra como vi na TV ou no Instagram”, acrescenta.

Marília lembra que os comportamentos ou transtornos não têm causas específicas, são multifatoriais, com influência genética, comportamental e cultural, mas costumam estar relacionados a outros sintomas emocionais.

“Uma criança que começa a apresentar sinais de que está desenvolvendo um transtorno pode apresentar também, por exemplo, picos de agressão, momentos com episódios mais depressivos, outros tipos de ansiedade, baixa autoestima, baixa autoconfiança. Não podemos analisar um único comportamento isoladamente”, destaca.

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“Como as famílias podem ajudar? Tendo uma boa relação, bom diálogo, estando abertos para escutar as orientações de profissionais capacitados. Precisamos aprender a nos relacionar com a comida. É desafiador e quanto mais pessoas ao redor estiverem falando a mesma língua, melhor. O desenvolvimento de um padrão alimentar também ocorre por modelo, e crianças e adolescentes dependem de um adulto para a alimentação”, ressalta a profissional.

Ela recomenda que as famílias busquem ajuda especializada ao menor sinal de comportamentos alimentares preocupantes. Psiquiatras, psicólogos e nutricionistas têm papel fundamental na orientação parental e cuidado com os filhos, independentemente da idade.

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