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Balança

Dificuldade para engordar pode ser tão prejudicial quanto a obesidade

Entre os motivos que impossibilitam o ganho de peso estão fatores hormonais e genéticos, apontam nutricionistas

Por Heitor Carvalho

28 de março de 2021, às 08h30

Apesar de ser bem menos discutida do que a obesidade, a dificuldade para ganhar peso também pode causar prejuízos à saúde e atinge muitas pessoas.

Entre os fatores que impossibilitam o ganho de peso estão um metabolismo muito acelerado, além de condições genéticas e distúrbios hormonais, apontam nutricionistas.

A nutricionista Ana Haddad é enfática ao dizer que não é possível fazer grandes mudanças sozinho ou através de dietas extremas – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

No entanto, fatores ambientais, sociais e psicológicos também podem ter um peso nessa questão. “Já vi acontecer da mãe estar dentro do peso ideal e ser tão preocupada com a questão do que pode ou não comer, com medo de ganhar peso, que acabou passando isso para a filha de apenas quatro anos, sendo que a criança tinha muito medo de engordar”, explica a nutricionista barbarense Ana Haddad.

Segundo a especialista, entre os possíveis prejuízos que a magreza excessiva pode trazer às pessoas que sofrem dessa condição estão falta de nutrientes, pouca energia para realizar as atividades diárias, maior tendência a fraturas ósseas e anemia. 

A analista de comércio exterior Ana Claudia Tridico Lacerda, de 32 anos, nasceu em São Bernardo do Campo e veio para Americana aos cinco anos de idade, mas mora em Santa Bárbara d’Oeste com seu marido e seu filho há três anos.

Ana Claudia é uma das pessoas que têm dificuldade de engordar desde a infância – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Ana é uma das pessoas que têm dificuldade de engordar desde a infância. Ela contou que já tentou ganhar alguns quilos de várias maneiras e até conseguiu alguns resultados positivos, mas manter a rotina de alimentação e exercícios ainda é um desafio.

“Fiz um programa de health coach para engordar e consegui ganhar 2 kg, o que para mim já estava ótimo, pois tenho 1,55 m e não preciso de muito. No entanto, eu tinha que comer a cada 2 horas e quando finalizou o programa não dei conta de seguir sem a orientação e facilmente perdi esse 2 quilos”, conta.

Apesar disso, ela explica que não lembra de ter sofrido preconceito ou estigma social por conta de sua condição. “Se sofri bullying, não me lembro, não é algo que impacta na minha vida social. As vezes internamente sinto que gostaria de ganhar uns quilinhos, mas não atrapalha minha vida ser como sou. Vivo bem e não me cobro, pois sei da minha realidade”, afirma.

A empresária Rose Casagrande, de 60 anos, mora na região do Parque das Nações, em Americana, com o marido e a filha e também é magra desde a juventude.  

“Isso me incomodava muito na adolescência. Fui chamada de ‘Pantera Cor-de-Rosa’ na escola por colegas de classe. Eu tomava estimulantes de apetites, engordava uns dois quilos e voltava a emagrecer. Diziam que durante a gravidez ou na menopausa eu conseguiria ganhar peso, mas não foi o meu caso”, contou.

Apesar das dificuldades que enfretou quando era mais jovem, Rose afirma que, atualmente, o impacto disso em sua vida é praticamente nulo.

“Minha magreza é uma questão genética mesmo. Na família do meu pai todos são magros, todos. E acabei herdando, não tem jeito. Mas hoje isso não me incomoda mais. Eu uso roupas que me deixam mais confortável e não tenho mais essa neurose (de engordar)”, conclui.

A nutricionista é enfática ao dizer que não é possível fazer grandes mudanças sozinho ou através de tratamentos “alternativos”, como dietas extremas.

Segundo Ana Haddad, o maior problema de resolver isso por conta própria é querer ganhar peso a qualquer custo, como através do consumo exacerbado de fast food, sorvetes e doces, sem focar na qualidade da alimentação e na distribuição correta dos nutrientes. “Quando ‘funciona’, o ganho de peso é na forma de gordura, o que pode acarretar no desenvolvimento de doenças crônicas, como diabetes, colesterol excessivo e pressão alta”, conclui.

Magreza X Emagrecimento excessivo

De acordo com a nutricionista americanense Patrícia Anésio Barros Coelho, é importante entender também o que é “magreza” e o que é “emagrecimento excessivo”. A magreza excessiva pode ser avaliada através do cálculo do IMC (Índice de Massa Corporal), cujo resultado é obtido através da entre o peso e altura do paciente.

“Resultado de IMC abaixo de 18,5 é considerado baixo peso (magreza). Pessoas que sempre foram magrinhas com dificuldades para engordar possuem um biótipo ectomorfo, ou seja, possuem um metabolismo que queima calorias muito rápido. Nesse caso, temos a genética muito envolvida”, explica.

Já o emagrecimento excessivo é quando se perde bastante peso em um período curto de tempo sem ter mudado os hábitos alimentares e físicos. “Nesse caso, é importante avaliar possíveis distúrbios hormonais, como tireóide e cortisol, além de outras possíveis causas, como diabetes, infecções, neoplasias, entre outros”, afirma.

“É importante tanto no caso de magreza quanto de emagrecimento excessivo avaliar possíveis deficiências de vitaminas que podem acarretar o funcionamento adequado do nosso organismo.

Além disso, estudos mostram que pessoas com baixo IMC (desnutrição) possuem alto risco de mortalidade”, disse Patrícia.

Mas é possível mudar esse quadro através de alimentação e exercícios de força. O ideal, é um tratamento multidisciplinar, com apoio de nutricionista, educador físico, psicóloga e endocrinologista, visto que as causas da dificuldade de engordar podem variar de pessoa para pessoa.

“O primeiro passo é ajustar a alimentação. O consumo calórico dessa pessoa precisa ser bem alto e não podemos deixar de lado a qualidade alimentar. Outra recomendação é a prática de exercícios de força e o acompanhamento de um endocrinologista. É importante fazer exames tanto de vitaminas quanto hormonais para saber de fato o que o paciente realmente precisa para chegar ao resultado desejado”, conclui Patrícia.

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