Festa de Carioba
União que faz a força de uma tradição
Comunidade se uniu, em 1994, para resgatar a Festa de Carioba que marcou gerações e até hoje envolve as famílias cariobenses
Por Danilo Reenlsober
08 de junho de 2019, às 10h50
Link da matéria: https://liberal.com.br/especiais/uniao-que-faz-a-forca-de-uma-tradicao-1023891/
A Festa de São João Batista, em Carioba, é um dos eventos mais tradicionais de Americana, tanto que até faz parte do calendário oficial do município. Com sua característica familiar e tradicional, atraI milhares de pessoas de várias cidades da região. No entanto, houve uma época em que toda essa tradição quase se perdeu – se não fosse a união da comunidade e dos ex-moradores do antigo bairro, que retomaram a organização da quermesse na década de 1990.
A primeira capela de São João Batista foi erguida ainda nos anos 1920. Uma nova igreja tomou forma na década de 1940, enquanto os primeiros festejos foram realizados por volta dos anos 1950.
“Se hoje só tem a igreja, antes ao redor tinham as casas dos moradores. Onde hoje é o pátio da igreja, antes eram as ruas do bairro e as barracas eram montadas ao redor da igreja”, recordou Jader Grilo, que, nos anos 1970, acompanhava o pai na organização dos eventos.
A quermesse, simples, durou até 1977, ano em que a Tecelagem Carioba fechou as portas. Foi nesse ano, também, que a última festa foi realizada. Com o encerramento das atividades da fábrica, as pessoas começaram a deixar o bairro e as casas foram demolidas.
“Por volta de 1980, vários aparatos de Carioba, como o presépio, por exemplo, foram levados para a igreja de Nossa Senhora do Carmo”, lembrou Gilberto de Godoy Ugo, ex-presidente da comissão organizadora da festa. “Eles voltaram para a capela dez anos depois, em 1990, quando as missas voltaram a ser realizadas”.
A situação do prédio, no entanto, não era das melhores. “A capela ficou muito tempo fechada, estava mal cuidada, vidros quebrados, sem pintura”, comentou Grilo, que atuou por anos na organização da festa. “A igreja estava feia, destruída, e as missas atraiam poucas pessoas”, completou Ugo. “Estávamos inconformados com o descaso em relação a demolição do bairro Carioba. E ainda queriam demolir a igreja, um patrimônio histórico”, ressaltou Maristela Bortolotti Feltrin, que também trabalhou na retomada da festa.
Retomada. Nessa época, Tito Justi e sua esposa, Dona Nenê, que frequentavam as missas, começaram a preparar pipoca e quentão e distribuir para os fiéis após as missas em homenagem ao santo. “Foi nessa época que surgiu a vontade de retomarmos a quermesse, já que a igreja não tinha fundos para fazer as reformas necessárias”, disse Ugo, que acabou eleito presidente da comissão organizadora, cargo que ocupou por 11 anos. Assim, um tanto quanto aos trancos e barrancos, a primeira festa de São João Batista após a “retomada” do evento ocorreu em 1994 de maneira bem simples.
O resultado positivo fez com que a festa ganhasse força e reconhecimento, atraindo cada vez mais público. No decorrer dos anos, a estrutura da festa foi aumentando para acomodar melhor todos os visitantes. “Todo dinheiro arrecadado era revertido na reforma e infraestrutura para as futuras festas”, lembrou Maristela.
Vitória. Os três, no entanto, falam do prazer em ter ajudado a festa a se transformar no que ela é hoje. “Costumo dizer que o diferencial é que Carioba é uma festa bem de interior, e o pessoal gosta muito. Conseguimos recuperar a igreja e a tradição do evento”, comentou Grilo. “Infelizmente, não temos mais o bairro, nem nossas antigas casas, mas nossa fé se mantém a mesma”, encerrou Maristela.