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LIBERAL, 70

Empresas locais carregam legado de décadas

Tal como o LIBERAL, empresas septuagenárias da região têm trajetórias que mostram evolução e adaptação ao mercado; conheça quatro histórias

Por Ana Carolina Leal

01 de junho de 2022, às 10h08

Fundado em 1952 pelo advogado Jessyr Bianco e pelos irmãos Romeu e Arnaldo Mantovani, o LIBERAL completa, nesta quarta-feira, dia 1º de junho, 70 anos. E como muitas empresas, se vê diante de desafios inéditos para manter vivo o legado de décadas: “no coração e no espírito, compromisso com a verdade”.

A exemplo dele, que tem um pouco da sua trajetória contada neste suplemento especial, reunimos quatro empresas familiares de Americana e Santa Bárbara d’Oeste que já chegaram e até passaram sete décadas para conhecer um pouco da história e evolução de cada uma delas. 

REFRIGERANTES ESPORTIVO, 74
Tradição e sabor em Santa Bárbara

Quem passa hoje em frente à fábrica da Refrigerantes Esportivo, na Rua Sabato Ronsini, na Vila Olinda, em Santa Bárbara d’Oeste, não imagina que a empresa, fundada há 74 anos pelo senhor Hermano Parazzi, começou com um pequeno barracão.

Naquela época, em 1948, as máquinas eram manuais. Mas com o passar do tempo e compra de mais imóveis, a empresa cresceu e os equipamentos se tornaram automáticos.

Jackson, Odílio, Roberto e Laerte, da família Parazzi – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Famosa pela produção dos refrigerantes nos sabores guaraná, datubeba, maçã, soda limonada, laranja, gengibirra, abacaxi, tri-cola, uva e diet guaraná, a Esportivo entrou no mercado com embalagens de vidros retornáveis, ainda fabricadas, e a partir de 1996 ampliou o leque de opções com o uso de embalagens PET. Além das bebidas, a indústria também produz xaropes de limão e groselha, vinagre Cascalho e água mineral.

“Meu avô [Hermano Parazzi] possuía um armazém de secos e molhados no São Luiz. Mas com o passar dos anos o negócio foi ficando inviável. Um amigo, então, o incentivou a montar uma pequena fábrica de refrigerantes. E assim ele fez com a ajuda da família, filhos e esposa”, conta o neto Jackson Antonio Parazzi, 51 anos, que assumiu o lugar do pai na indústria. O empresário Luiz Antonio Parazzi morreu aos 74 anos, em 2019.

A empresa foi transferida para os quatro filhos de Hermano em 1965. Hoje, o patrimônio da família é administrado pelo neto Jackson e os três filhos do fundador, Laerte, 86 anos, Odílio, 83 anos e Roberto, 81 anos.

ROMI, 92
De garagem a multinacional

Atualmente com cerca de 2,2 mil funcionários no Brasil e no mundo, além de 13 unidades fabris e subsidiárias nos Estados Unidos, Reino Unido, Espanha, França, Itália e México, a Romi iniciou suas atividades em 1930 como uma modesta oficina de reparo de automóveis, chamada Garage Santa Bárbara.

Fundada há 92 anos pelo comendador Américo Emilio Romi, as atividades se expandiram, conquistando novos mercados com o início da produção de máquinas agrícolas e a inauguração da primeira fundição, ambas em 1934.

Em 1941, surgiram os primeiros tornos. A ideia veio de Carlos Chiti, enteado e braço direito do fundador, que em suas viagens identificou a necessidade do mercado em mecanizar as linhas de produção. Na época, o Brasil vivia sua revolução industrial, que foi de 1930 a 1956.

O diretor-presidente da Romi, Luiz Cassiano Rando Rosolen – Foto: Divulgação

De 1956 a 1963 a Romi também foi responsável pela produção do icônico Romi-Isetta, o primeiro carro nacional de fabricação em série, marcando presença em filmes e séries nacionais da época, e que fez e ainda faz muito sucesso com os amantes do automobilismo.

Em 2011, adquiriu a empresa alemã Burkhardt + Weber (B+W), agregando novos modelos de máquinas-ferramenta e ainda mais tecnologia ao seu portfólio de produtos. Não à toa, é líder nacional da fabricação de máquinas-ferramenta, para trabalhar metal por arranque de cavaco.

“Temos como tradição a busca constante pela inovação, o que nos permitiu conquistar a confiança, parceria e a fidelidade dos nossos clientes ao longo de nossa trajetória. Temos orgulho em ser uma forte indústria que nasceu no interior de São Paulo e hoje é uma multinacional”, afirma Luiz Cassiano Rando Rosolen, diretor-presidente da Romi.

PRIMOR, 74
Muito além da estamparia

Administrada pela terceira geração da família, os sócios e irmãos Alexandre Corrêa Duarte, 50 anos, e Paulo Sérgio Corrêa Duarte, 56 anos, a Tinturaria e Estamparia Primor, em Americana, tem seu nascimento creditado, indiretamente, à Segunda Guerra Mundial.

Segundo os irmãos Duarte, a família Müller, antiga proprietária da única fábrica de tecidos de Americana, era alemã, e decidiu voltar a seu país de origem após o início dos combates. Com isto, afirmam, antigos funcionários compraram alguns dos equipamentos da fábrica, montando uma grande quantidade de pequenas tecelagens, muitas vezes de fundo de quintal.

Houve um crescimento deste segmento na região de Americana, sem que, no entanto, houvesse empresas especializadas em beneficiar o tecido que era produzido (as chamadas tinturarias e estamparias). Foi exatamente esta a oportunidade que os sócios e irmãos Francisco Pinto Duarte Filho e Antônio Pinto Duarte, enxergaram: propiciar às novas tecelagens que surgiam a possibilidade de vender seu produto acabado, agregando valor ao mesmo.

Alexandre e Paulo Duarte, irmãos e terceira geração da família na Primor – Foto: Claudeci Junior / O Liberal

Assim nasceu em 23 de janeiro de 1948, a Primor, inicialmente batizada de Irasa (Indústrias Reunidas de Americana S/A). “E nasceu grande, já que era uma das únicas com capacidade instalada para ao mesmo tempo tingir, estampar e promover o acabamento de tecidos em geral”, afirmam os sócios.

Hoje, a Primor faz parte do homônimo Grupo Primor, que conta com sete empresas diferentes atuando nos segmentos financeiro (Bunfox Securitizadora, Bunfox Factoring e Bunfox ESC), plástico (Infinity Plastics), imobiliário (Touchdown) e comércio exterior (ZyronGeo), além é claro, do têxtil.

INDÚSTRIAS NAJAR, 82
De Americana para todo país

Prestes a completar 83 anos, em agosto, as Indústrias Têxteis Najar são líder no mercado nacional com produção em três segmentos diferentes: fitas, etiquetas bordadas e rendas, totalizando mais de três mil itens em seu portfólio.

A empresa foi fundada em 1939 pelo empresário, e depois prefeito de Americana, Abdo Najar, se tornando sinônimo de tradição, alta tecnologia e qualidade. “Temos orgulho de ser uma empresa brasileira com tantos anos de mercado, resultado de muito trabalho, visão, ousadia e dedicação do seu fundador e do seu filho, o presidente das indústrias, Omar Najar”, afirma Tatiana Bruno Faraone Najar, de 41 anos, filha de Omar [também ex-prefeito] e diretora de produção do grupo.

O empresário e ex-prefeito Omar Najar com a filha e diretora das Indústrias Najar, Tatiana Najar – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Situada no Distrito Industrial de Americana, em uma área de 63 mil metros quadrados, em expansão, a empresa tem como uma de suas premissas a melhoria contínua, investindo constantemente em tecnologia de ponta, matéria prima selecionada, otimização de processos e pesquisa e desenvolvimento de produtos.

“Ser empresário no Brasil é um desafio diário perante as crises de governo, instabilidades econômicas e abertura do mercado chinês. Mas apesar das dificuldades, a empresa sempre investiu em tecnologia e melhoria contínua de produtos e processos”, destaca Tatiana.

Com 255 colaboradores, as Indústrias Najar têm hoje na cartela de clientes nomes como Kopenhagen, Ofner, Penalty, Adriana Degreas, Jolitex Ternille e Fillity.

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