Americana, 147 anos
Americana: uma cidade de gente muito festeira!
Desde os primeiros tempos até hoje, a tradição de promover eventos sempre esteve presente no cotidiano da sociedade
Por Jucimara Lima
27 de agosto de 2022, às 08h29 • Última atualização em 27 de agosto de 2022, às 08h44
Link da matéria: https://liberal.com.br/especiais/americana-uma-cidade-de-gente-muito-festeira-1822117/
Se em sua história Americana ficou conhecida como a “Princesa Tecelã”, não surpreenderia se também ganhasse o apelido carinhoso de “Rainha das Festas”. Desde os primeiros tempos até hoje, a tradição de promover eventos sempre esteve presente no cotidiano da sociedade.
Festas particulares, encontros corporativos, grandes bailes, ações em clubes, baladas para a moçada, os nossos famosos e inesquecíveis carnavais e, principalmente, as atividades sociais beneficentes dos clubes de serviços e entidades filantrópicas, que, além de movimentarem a sociedade, também colocaram em moda o ato de ser solidário.
Dessa maneira, diversas causas ganharam voz, como a do câncer, a de crianças e idosos em situação de vulnerabilidade social, famílias com insegurança alimentar e tantas outras importantes bandeiras levantadas ao longo do tempo.
Por essa razão, apesar de muitas vezes banalizada ou excessivamente glamourizada, a coluna social é importante, pois acaba sendo a área do jornalismo responsável por registrar o comportamento da comunidade, por meio dos eventos que movimentam a sociedade em todas as épocas.
Assim, retratar acontecimentos sociais vai muito além de apenas publicar fotos em jornais, mas preservar fatos para a posteridade, afinal, o cotidiano de um povo, um dia também se transforma em história.
Tanto é assim, que revisitar eventos antigos sempre é uma maneira de manter viva a memória dos que já se foram, além de uma oportunidade de conhecer um pouco mais dos que por aqui viveram, deixando sua contribuição para a cidade. Como bem diz Antoine de Saint-Exupery em sua obra mais famosa, “Aqueles que passam por nós não vão sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”.
Pena serem tão raros as imagens e registros de outras épocas, especialmente porque há algumas décadas fotografar era algo bem mais complicado do que apenas sacar um celular e clicar, ato que envolvia toda uma logística, investimento financeiro e até um pouco de sorte, afinal, verificar se a foto tinha ficado “boa”, só mesmo depois de revelar o negativo.
Por essa razão, o material que colhemos para publicar na Eclética de hoje, cuja proposta é regatar eventos sociais que marcaram a vida social da cidade, é tão rico do ponto de vista histórico. Embora tenha faltado muitas imagens para ilustrar eventos conhecidos, agradecemos as preciosidades enviadas por um grande time de colaboradores que aceitaram nosso convite para revirar seus baús de fotos em busca de algo que fosse relevante para nossa pesquisa.
Como esse trabalho foi coletado a partir das memórias dessas pessoas, pedimos a licença poética para vez ou outra não sermos tão precisos sobre as datas. Agradecimento especial ao amigo, ex-colunista social e memória viva da sociedade americanense, Airton Sgobin, que muito nos ajudou na construção dessa linha do tempo. Confira!
Grandes Desfiles
Na cidade conhecida nacionalmente pela potência da indústria têxtil, os desfiles sempre tiveram seu destaque na sociedade. Apresentando tendências, esses eventos, em sua maioria, buscavam as causas sociais para apoiar, uma maneira “très chic” de lançar moda e promover a solidariedade. Além disso, essas ações costumavam trazer nomes conhecidos desse universo.
Beleza americanense
Americana sempre foi conhecida pela beleza feminina. Assim sendo, diversos concursos marcaram a história da cidade como o “Miss Comarca”, “Miss Fidam”, “Miss Americana”, concursos de Rainha da Festa do Peão, da Festa das Nações e tantos outros que revelaram belas americanenses em todos os tempos.
Na década de 50, a coroação de Roxi Alice Demaret como Miss. Do lado direito, a garotinha que levou a coroa é Ivanise Maria Pioli Trevisani – Foto: Arquivo Pessoal Daniela Maria Froner Bueno Ordonez ao lado de Edinei Annanias na Festa das Nações realizada na Fidam em 1992 quando ela foi a rainha – Foto: Arquivo Pessoal Em 1975, a eterna Miss Americana, Neusa Maria Seleri (in memorian), que ficou conhecida como Patrícia, ladeada pelos pais, o saudoso Cezar e dona Ercilia, que hoje tem 87 anos. No mesmo ano, ela ficou em 3º – Foto: Arquivo Pessoal
Velhos Carnavais
Se tem uma coisa que Americana soube fazer ao longo da história foram bons eventos de Carnaval. Inesquecíveis, os “velhos carnavais” eram verdadeiros acontecimentos na cidade. Impossível falar de Carnaval sem ressaltar os blocos como os famosos Bananeira e Salvação, ou ainda a Escola de Samba Unidos do Cordenonsi e tantos outros que, apesar de pouco lembrados, foram muito importantes para construir esse legado. Sobrava luxo, criatividade e muita organização.
Em 1974, Airton Sgobin em seu primeiro Carnaval em Americana, aos 14 anos, pela Escola de Samba Tropicália – Foto: Arquivo Pessoal José Luiz Meneghel e Claudio Froner, figuras icônicas do Bloco Bananeira em clique da década de 80 – Foto: Arquivo Pessoal Elza Froner na matinê do Rio Branco com os filhos Willian (in memorian) e Wagner no início da década de 70 – Foto: Arquivo Pessoal
Quem viveu nesse tempo, com certeza jamais esqueceu a Avenida Fernando de Camargo lotada, a animação na concentração e os grandes carros alegóricos, que literalmente paravam tudo. Isso sem contar as matinês nos clubes, em especial no Rio Branco, que também eram um dos eventos mais aguardados do ano.
Bailes de debutantes
Os famosos bailes de debutantes organizados por diversas frentes, em especial o Lions Clube Americana Centro, são um capítulo à parte quando o assunto é evento de destaque na cidade. Pelo menos desde a década de 50 até 90, eles eram badaladíssimos e fizeram parte da vida de muitas jovens, que eram oficialmente apresentadas à sociedade com toda “pompa e circunstância” que a ocasião pedia.
As debutantes do Veteranos, no Baile realizado em 27 de setembro de 1986, cujo convidado especial foi Alexandre Frota – Foto: Arquivo Pessoal Isabel Ferraz Abraham no final da década de 60 em seu Baile de Debutantes organizado pelo Lions Clube Americana Centro. No clique, ela ao centro, à esquerda, Lúcia Medon e à direita, Tavares de Miranda – Foto: Arquivo Pessoal Hélio Panhoca e a esposa, Luiza Panhoca quando eram o casal presidente do Lions Clube Americana no Baile de Debutantes na década de 80 – Foto: Arquivo Pessoal
O Clube dos Veteranos foi um dos que promoveu esses eventos, especialmente na década de 80. Além do baile (que sempre tinha um galã de televisão como paraninfo), havia coquetel de apresentação, missa de Ação de Graças, entrevistas em jornais e outras atividades paralelas.
As festas dos clubes
Durante muito tempo, os clubes foram os palcos para os grandes eventos que movimentavam a cidade, inclusive os grandes shows. Já pisaram em palcos de clubes americanenses grandes nomes do cenário artístico nacional e internacional, entre eles o cantor Roberto Carlos (Flamengo), Gal Costa (Clube do Bosque), Elis Regina (Rio Branco), Cauby Peixoto (Iate) e tantos outros como os saudosos Dercy Gonçalves e Procópio Ferreira.
Valéria Nascimento na Noite do Caribe do Clube do Bosque no final da década de 90 – Foto: Arquivo Pessoal Agmar Rezende, Cleide Particelli (in memorian) e Gida Najar em um Reveillon do Clube do Bosque no início dos anos 80 – Foto: Arquivo Pessoal As amigas, Ana Lúcia, Luciene Miante, Valdete e Kátia no Baile da Arara Vermelha no Iate Clube Americana, final da década de 80 – Foto: Arquivo Pessoal Os saudosos Afonso Ponce Junior e Maria Ieda C. Cesare Ponce no Baile de Aniversário do Rio Branco, década de 60 – Foto: Arquivo Pessoal
Ainda assim, as lembranças que mais remetem aos clubes são os bailes como os de aniversário, Baile de Aleluia, Réveillon e os famosos eventos tropicais, como o Baile da Arara Vermelha, no Iate Clube Americana; Honolulua, do Rio Branco; e o Baile do Caribe, do Clube do Bosque.
Eventos de Carnaval também eram muito badalados, inclusive com concurso de fantasia de originalidade e luxo, com figuras conhecidas, vindas do carnaval carioca, como o eterno Clóvis Bornay, idealizador do famoso Baile de Gala do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
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Eventos bem ecléticos
Se por um lado a sociedade americanense sempre se destacou pelos grandes eventos, as reuniões particulares também merecem um destaque, pois elas também sempre foram motivo de muito “burburinho” na cidade, que é conhecida por “saber fazer festas”. Grandes casamentos e inesquecíveis festas de aniversário também são recordadas com saudosismo por quem as viveu.
Além disso, eventos sociais e culturais com outros propósitos e das mais variadas naturezas também agitavam a sociedade, como a Festas da Nações, Eventos na Fidam, mais tarde as baladas assinadas por Julião & Gusula e tantas outras.
No salão social da atual Basílica de Santo Antônio, por exemplo, aconteceram diversas programações culturais de escolas e até mesmo apresentações de companhias teatrais. Isso sem contar as tradicionais festas de igrejas, que mereceriam um capítulo inteiro e que são assunto para outra coluna.