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Televisão

Marco Nanini: mestre dos disfarces

Marco Nanini exalta a comicidade plural do excêntrico Pancrácio de “Êta Mundo Bom!”

Por Gerado Bessa / TV Press

28 de agosto de 2020, às 11h29

Em meados de 2015, fora do ar há pouco mais de um ano depois do fim de “A Grande Família”, Marco Nanini já estava cansado das férias e com saudade dos estúdios.

Fazendo valer seu contrato com a Globo, quis saber se existia algum papel para ele nos projetos que estavam na fila de produção da emissora e deu de cara com o Pancrácio de “Êta Mundo Bom!”, novela exibida originalmente em 2016 e atual reprise do “Vale a Pena Ver de Novo”.

Para Nanini, Pancrácio era puro movimento e o personagem certo para ele naquele momento de férias dos estúdios – Foto: Divulgação

Pernambucano de Recife, mas radicado no Rio desde os anos 1960, Nanini exibe a urgência criativa, que sempre foi seu forte, mesmo durante a quarentena. Ator, diretor e produtor premiado, seu primeiro contato com a televisão foi como figurante de “A Ponte dos Suspiros”, de 1969.

Nos anos 1970, à medida que sua carreira avançava nos palcos, seu nome era melhor reconhecido na televisão, onde passou a ganhar papéis de destaque em tramas como “Carinhoso” e “Gabriela”. Na década seguinte, seu talento para o humor lhe reservou trabalhos em tramas como “Brega & Chique” e no humorístico “TV Pirata”.

A sintonia com a equipe do programa, em especial com o diretor Guel Arraes, acabou por fazer Nanini enveredar pelo universo das séries, em produções como “Comédia da Vida Privada” “O Auto da Compadecida” e “A Grande Família”, que ficou 14 anos no ar. Para o ator, “Êta Mundo Bom!” foi seu grande retorno aos folhetins e Pancrácio tornou-se um de seus personagens mais marcantes na tevê. “Ele era encantador. É meu papel favorito dos últimos anos”, elogia.

Você passou 14 anos interpretando o Lineu de “A Grande Família”. Voltar às novelas com um personagem múltiplo como o Pancrácio de “Êta Mundo Bom!” foi uma forma de “exorcizar” a monotonia?
Fiz o Lineu por tanto tempo que, de certa maneira, ele faz meio que parte de mim. Acho que o Pancrácio foi uma forma de exercitar minha pluralidade e surgiu em uma época ótima, onde eu já estava cansado de ficar em casa. Me acostumei a trabalhar sempre e estava me sentindo meio que um “peso” para a empresa. Foi muito necessário passar por esse processo de fazer “nada” por um tempo, mas uma hora eu disse: “chega”. Procurei o Silvio de Abreu (diretor de dramaturgia da Globo) para saber o que estava acontecendo na emissora.

Em vez de ser escalado, foi você quem se escalou para fazer o Pancrácio, então?
O Silvio me mostrou o que estava sendo desenvolvido e os projetos futuros. E eu gostei muito da proposta leve e divertida que o Walcyr (Carrasco) montou em “Êta Mundo Bom!”. A primeira coisa que perguntei ao Silvio era se o autor e o diretor me queriam nessa novela. A pior coisa do mundo é ser um intruso (risos).

Mesmo com o prestígio conquistado ao longo da carreira, você ainda fica inseguro se vão querê-lo ou não em um projeto?
Acho que perder essa humildade seria o fim para mim. Sem ela, tudo já começa errado. Tenho preguiça em relação a atores que se acham os bambambãs. Mas, para me acalmar, logo que falei com o Silvio, o Walcyr me ligou e disse que ficou muito feliz de eu ter me interessado pelo papel e que adoraria me ter no elenco. O saudoso Jorge Fernando também me telefonou e ficou tudo acertado. Hoje assisto à novela e morro de saudades das brincadeiras e da convivência com ele no estúdio.

Alguma trama ou acontecimento nos bastidores o marcou em especial
As risadas eram constantes, mas duas situações foram bem marcantes: as sequências da bailarina saltitante e a história do Pandolfo, irmão gêmeo do Pancrácio, que apareceu mais adiante na trama. Walcyr apostou nesses múltiplos tipos e acho que funcionou muito bem. O trabalho de caracterização era absurdo, mas valeu a pena.

Existia algum acordo com a direção para facilitar seu roteiro de gravações?
Quando aceitei o personagem, atentei os produtores e o Jorge para essa logística que o Pancrácio exigia. Imagina ter de fazer duas maquiagens que duram mais de uma hora no mesmo dia? Aí ficou combinado que eu só faria um personagem desses por dia. Em tempos de “full HD”, a maquiagem precisa de um cuidado maior. Não dava para se fazer qualquer coisa. Ficou todo mundo feliz: eu, o autor, o diretor e as equipes de maquiagem e figurino.

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