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Alessandra Olivato

Mais verde, por favor

Não sei quantos têm a mesma percepção que eu, mas sempre achei Americana uma cidade de muito pouco verde, comparada a algumas outras; é preciso fazer algo

Por Alessandra Olivato

31 de janeiro de 2024, às 07h00 • Última atualização em 31 de janeiro de 2024, às 08h33

Em 2015, a Organização das Nações Unidas definiu como uma das metas globais dos “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável” (ODS), a “Ação contra a mudança global do clima.” Não poderia ser mais oportuno, e talvez até tarde demais, considerando que 2023 foi o ano mais quente da história, desde que se começaram as medições.

É óbvio que um dos principais parâmetros para efetivar esse objetivo é o percentual de área verde dos lugares, o que inclui não apenas a preservação de redutos importantes como a Amazônia, questão que sempre tem grande destaque, dada sua importância geopolítica, mas também o tamanho de áreas verdes nos espaços urbanos, o que infelizmente passa mais despercebido, tem menor apelo midiático e recebe menos investimento.

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Segundo o Censo de 2010 do IBGE, entre as cidades com mais de um milhão de habitantes no Brasil, as mais verdes são Goiânia, com 89,5% de arborização ou 94m² de área verde por habitante, Campinas (88,4%) e Belo Horizonte (83%), seguidas de Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Fortaleza e Guarulhos, entre outras.

Em Americana, certamente esse percentual incluiria áreas como Parque Ecológico, o Jardim Botânico e a Gruta Dainese. E aqui fica uma pergunta às autoridades locais e aos profissionais do meio ambiente – qual seria esse índice em Americana e região? Mais ainda: qual seria esse índice, aqui, sem contar o zoológico e o Jardim Botânico, que causam um viés na média?

Parque Ecológico de Americana, ponto turístico da cidade – Foto: Willian Gregio/Divulgação

Não sei quantos têm a mesma percepção que eu, mas sempre achei Americana uma cidade de muito pouco verde, comparada a algumas outras, ao menos em se tratando da quantidade de árvores nas calçadas e logradouros públicos. Percebe-se facilmente isso quando se procura a sombra de uma árvore para estacionar o carro ou caminhando a pé pelos bairros, além da característica arquitetônica de impermeabilização de boa parte das construções residenciais, comerciais e públicas.

Se eu estiver parcial ou totalmente certa sobre o pouco verde de Americana, ele deve se explicar por vários fatores, entre os quais a falta de investimento público. Mas não só isso. Outra percepção muito pessoal seria a existência de uma “cultura” de poda de árvores sem uma avaliação mais criteriosa e, talvez, por motivos simples como não ter que varrer as folhas de frente de casa (eu também varro). Não raro nos deparamos com poda de árvores em locais onde não existe fiação, ou poda de galhos e troncos em árvores verdes, o que causa estranhamento. Claro, sou leiga no assunto, mas gostaria muito de saber se sempre há uma avaliação criteriosa para esses cortes.

Seria demais perguntar quais são os motivos relevantes para que essas podas e erradicações preponderem sobre a necessidade de termos o mínimo de área verde no espaço urbano, que propicie melhor qualidade de vida, sem contar todos os demais benefícios que a arborização e a permeabilidade propiciam? O quanto se investe em área verde na cidade? Por que não se investe mais?

O sol de dezembro em um fim de tarde na Avenida da Saudade, em Americana: calor extremo – Foto: Claudeci Junior / Liberal

Não é demais e muito menos cedo para nos questionarmos o que podemos fazer, em nível local, para contribuir com um planeta menos quente nos próximos anos e décadas, haja vista as previsões de um aquecimento cada vez maior. Seria bastante interessante um levantamento e estudo criterioso no município sobre isso. Fica aqui um questionamento aos responsáveis e profissionais do verde em Americana, mas também à sua população.

Alessandra Olivato

Mestre em Sociologia, Alessandra Olivato aborda filosofias do cotidiano a partir de temas como política, gênero, espiritualidade, eventos da cidade e do País.