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SUMARÉ, 156 ANOS

Associação Pró-Memória se mantém há 20 anos como referência na história de Sumaré

Entidade guarda milhares de registros do município, que completa 156 anos nesta sexta-feira

Por Gabriel Pitor

26 de julho de 2024, às 10h44

O trabalho de resgate à história quase sempre é ingrato para quem faz. Embora seja essencial para a construção da cultura e da identidade de um determinado local, os pesquisadores sofrem com a falta de reconhecimento e de apoio financeiro. Ainda assim, muitos persistem — em parte, por paixão.

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Linda Alloi, gerente do acervo da Associação Pró-Memória, segura foto de antigo pronto-socorro de Sumaré – Foto: Leonardo Matos/Liberal

A situação não é diferente com os historiadores Alaerte Menuzzo e Francisco Antonio de Toledo que, juntos com Ulisses Pedroni e Leovigildo Duarte Junior, fundaram em 14 de janeiro de 2004 a Associação Pró-Memória de Sumaré. Hoje, a entidade é presidida por Hugo Jasiulionis e é referência sobre a história da cidade, que completa 156 anos nesta sexta-feira.

Em 20 anos de trabalho, o grupo praticamente resgatou a memória de cada bairro e instituição do município: da política, passando pela administração e chegando ao esporte.

“Nós saímos do zero. Consideramos que o nosso centro documental é o segundo maior da região, atrás apenas da Unicamp [Universidade Estadual de Campinas]. Só que tem gente que acha que a Pró-Memória é museu. Nós não temos a divulgação necessária para conscientizar a população”, disse Alaerte.

“A gente não descobriu o caminho para mostrar às pessoas as riquezas que temos. São materiais muito valiosos, para contar a história de Sumaré”, completou Francisco.

Esse caminho, porém, é fácil e acessível para qualquer sumareense. A associação é responsável pelo Centro de Memória Thomaz Didona, prédio construído em 1913 e localizado na Praça da República, 102, no Centro. As visitações podem ser feitas de segunda a sexta-feira das 9h às 17h.

Ao chegar na sede do grupo, é possível entender a dimensão do trabalho de resgate à história. O local não é um museu, ainda que tenha alguns objetos que dão essas características, mas sim, é um centro documental com jornais de décadas, 250 mil materiais de clipagem, 160 mil fotos, coleção de discos, livros impressos e manuscritos — alguns deles separados por autores de Sumaré e Campinas — e acervo audiovisual (fitas e CDs).

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Ainda é possível encontrar no centro todos os registros dos cemitérios da cidade desde o século passado, inclusive com os atestados de todas as pessoas que morreram durante a pandemia da Covid-19.

Há documentos que mostram as cobranças de impostos quando Sumaré ainda se chamava Rebouças, livros-atas da câmara e mapas de vários períodos do município, que são conservados e higienizados de forma especial pela gerente do acervo Linda Alloi.

“Esses mapas passam por desmetalização. Não tem empresa, a empresa sou eu. A gente pega um pincel de coelho, coloca uma máscara e passa sobre o mapa para tirar todo o metal. Isso conserva o material”, contou.

Por fim, está disponibilizado todo o acervo de Odilon Nogueira de Matos, importante historiador de Campinas. Todos os itens do centro são catalogados.

O local tem, atualmente, de 70 a 80 associados — entre empresas e cidadãos. Antes da pandemia, eram 200. A diminuição faz com que integrantes e fundadores da associação coloquem dinheiro do próprio bolso para manutenções. Também são arrecadadas pequenas quantias com venda de livros em uma estante virtual.

“Tem gente que acha que somos da prefeitura, não somos. Mas precisamos de dinheiro. Nós gostaríamos de ser uma entidade autônoma, independente, porém precisamos de investimento”, comentou Francisco.

Segundo o diretor de patrimônio Roberto Cordenonsi, o estatuto da associação passará por adaptações para que empresários possam apoiar. “É uma entidade que deu certo. Tem 20 anos. Mas vejo que a Pró-Memória, a partir de hoje, ou profissionaliza ou para”, ponderou.

A diretoria tem intenção de ampliar as atividades, fazer um museu e eventos que possam ajudar na integração cultural de Sumaré. Os interessados em se associar podem ir ao centro de memória e preencher uma ficha, ou entrar em contato pelos telefones (19) 3803-3016 e (19) 98918-1410.

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A “Cidade Orquídea” e suas histórias

RIBEIRÃO QUILOMBO
Assim como outras cidades da região, Sumaré nasceu às margens do Ribeirão Quilombo, ainda no século 18. O povoado era uma das fazendas de café da Vila de São Carlos (hoje Campinas) e tinha descendentes de portugueses e italianos.

SANT’ANA
Católicos teriam construído no povoado uma capela para Sant’Ana, em 1868. Este ano se juntou ao dia de comemoração da santa, 26 de julho, para formar a data de fundação de Sumaré. Pesquisadores contestam a existência dessa capela.

A igreja de Sant’Ana, nos anos 70, marco da história de Sumaré; foto é parte do acervo da Associação Pró-Memória – Foto: Acervo/Associação Pró-Memória

ESTAÇÃO
A produção de café na região aumentou exponencialmente ao longo das décadas, necessitando a construção de uma estação para facilitar o escoamento das sacas. A Estação de Rebouças foi inaugurada em 1875 e deu início a um vilarejo.

A Estação Rebouças, outro marco do início de Sumaré – Foto: Acervo/Associação Pró-Memória

REBOUÇAS
O nome vem do engenheiro Antônio Pereira Rebouças Filho, responsável pela construção da estação e de parte das ferrovias paulistas. O vilarejo que se desenvolveu ao redor da estação ganhou o mesmo nome, até mudar para Sumaré em 1945.

300 PESSOAS
Essa era população estimada de Rebouças em 1909, quando se tornou distrito de paz de Campinas. No Censo de 1940 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o 1º que Sumaré apareceu, foram registrados 5.188 habitantes.

FLOR
Sumaré é um tipo de orquídea e o nome foi sugerido pelo jardineiro da subprefeitura Alfredo Marques Pereira. Na época, a ideia teve muito apoio de torcedores do São Paulo, já que o estádio do tricolor, na capital, ficava em bairro homônimo.

EMANCIPAÇÃO
O crescimento e a industrialização de Sumaré levou à emancipação em relação a Campinas, oficializada em 22 de novembro de 1953. O primeiro prefeito foi o padre José Giordano, que era vigário da igreja de Sant’Ana.

CRESCIMENTO
Do Censo de 1970 ao de 1991 — todas as edições são feitas pelo IBGE —, Sumaré ganhou mais de 200 mil habitantes. A cidade ainda é uma das que mais crescem na Região do Metropolitana de Campinas, muito por conta da industrialização.

HORTOLÂNDIA
Sumaré cresceu tanto desde os anos 1970 que “perdeu” uma cidade. Em 1991, Hortolândia, que por anos foi distrito de Sumaré, se emancipou já com população de cerca de 80 mil. No Censo de 2022, Hortolândia registrou 236.641 habitantes.

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