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Liberal entrevista Denis Andia

De saída da Prefeitura de Santa Bárbara, Denis diz que objetivo é ser deputado

Prefeito falou sobre plano de disputar novo cargo e sobre os oito anos à frente da prefeitura barbarense

Por Leonardo Oliveira

20 de dezembro de 2020, às 08h07 • Última atualização em 20 de dezembro de 2020, às 08h23

Aos 49 anos, Denis Andia (PV) chega no próximo dia 31 ao fim de um ciclo de oito anos como prefeito de Santa Bárbara d’Oeste.

Nesse período, diz que o trabalho como chefe do Executivo lhe ocupou sete dias por semana. Ainda assim, não pensa em deixar a política.

Em entrevista exclusiva ao LIBERAL na última quarta-feira, Denis confirmou, pela primeira vez, que seu principal objetivo é concorrer a deputado em 2022.

O prefeito Denis Andia, durante entrevista ao LIBERAL no gabinete da prefeitura, na última quarta-feira; ele deixa o cargo este mês – Foto: Ernesto Rodrigues / O Liberal

Na conversa, o prefeito falou sobre a gestão, as polêmicas eleições de 2020 que elegeram o sucessor Rafael Piovezan (PV) e de sua participação na nova administração.

Fã de NBA, mais precisamente do Los Angeles Lakers, e integrante de uma banda cover do Pink Floyd, Denis diz não ter abdicado de tantos hobbies desde 2013, quando iniciou sua caminhada na prefeitura.

Duas vontades, no entanto, estão no seu radar para o próximo ano, quando deixará as obrigações como prefeito: tocar em um Santa Bárbara Rock Fest e tirar um tempo para descansar. Confira os principais trechos da entrevista:

Qual o sentimento após este ciclo de oito anos à frente da prefeitura?
Sentimento muito claro de gratidão. Gratidão a Deus, primeiramente, por ter nos dado tudo o que foi necessário para enfrentar todos os desafios. Gratidão aos barbarenses, que sempre confiaram no projeto, pela possibilidade de trabalhar pela cidade onde nasci, onde me criei.

Poder trabalhar para essa cidade é uma honra muito grande. Tudo deu certo ao final das contas. Graças a Deus tudo o que nós planejamos nós conseguimos realizar. Os planos de governo seguidos à risca e coisas novas que foram acontecendo ao longo dessa jornada.

Tive a honra de ser o primeiro prefeito reeleito da história da cidade, isso é uma honra ainda maior, saber que se desejou que o trabalho fosse continuado.

Dentre as medidas, qual a que mais se orgulha?
Em termos de obra, eu entendo que quando nós conseguimos fazer as moradias populares e conseguimos erradicar uma favela inteira. Cerca de 200 a 300 famílias da antiga favela do Zumbi dos Palmares foram erradicadas. Conseguimos dar moradia e vida decente e digna.

Em contexto, acho que o resumo de tudo é um sentimento de autoestima do barbarense. Isso eu vou levar para sempre. O amor pela cidade, a valorização que o próprio barbarense passou a dar para as coisas daqui.

Teve algo planejado no começo e que não foi possível executar?
Não tem nada que nós planejamos fazer com os recursos próprios do município que nós deixamos de fazer. Os dois planos de governo que nós fizemos foram seguidos à risca. A gente conseguiu fazer até mais do que a gente imaginava.

Até na área da saúde. A reestruturação que a gente imaginou era até menor do que a que a gente conseguiu fazer. O Centro de Exames agora, recém-inaugurado, não estava nem no plano de governo e foi algo que a gente conseguiu fazer.

Depois de 40 anos da primeira creche da cidade, esse é o primeiro ano que a quantidade de vagas disponíveis é maior do que as solicitações de matrícula. Qualidade de ensino é uma das maiores da história do município, segurança avançou muito, alcançando níveis que a gente nem imaginava.

Isso tudo não quer dizer que a cidade é perfeita. É só um sinal de que a caminhada foi boa e valeu a pena. Sempre vão existir desafios novos e certamente o Rafael terá muita coisa pela frente.

Qual a situação financeira da cidade?
Nós tínhamos, em 2013, um déficit financeiro de R$ 42 milhões. Hoje, temos um saldo positivo de cerca de R$ 20 milhões. Apesar do período de crise, nós estamos fechando 2020 com um novo superávit, de R$ 20 milhões, dinheiro em caixa, 13º pago com antecipação na semana passada, CND (Certidão Negativa de Débito) em dia.

O resultado apertado das eleições te surpreendeu?
Não. A candidatura do Rafael é de construção. As pessoas quando olham que o candidato é o atual vice-prefeito, elas imaginam que a pessoa é conhecida, mas não é assim. Na verdade, o Rafael nunca foi uma pessoa da política. Entrou a meu convite e era muito pouco conhecido. Então, era uma candidatura de construção.

Nós saímos lá de baixo. E foi dia após dia construindo essa caminhada. Há de se ressaltar que há um mês antes da eleição houve a divulgação de uma pesquisa amplamente questionada pela campanha adversária, e aquilo mexe com a cabeça das pessoas.

Acho que isso interferiu na percepção das pessoas, sem dúvida alguma. E depois, na reta final, teve uma outra pesquisa, e essa eu posso dizer de maneira mais clara que era falsa, dando uma diferença de 32 pontos para outro candidato. Até agora eles não acreditaram como nós ganhamos a eleição três dias depois.

O desempenho da campanha poderia ter sido um pouco maior, se não tivesse havido esses dois pontos. Eu falo isso porque, em 2012 e em 2016, também lançaram mão disso. Acaba virando uma prática recorrente em todas as eleições, ao invés de se apresentar ideias, a estratégia é divulgar pesquisa falsa.

Tem algum passatempo que teve que abdicar e que agora vai retomar no próximo ano?
Eu não deixei de lado a música, mas evitei determinadas situações. A gente iniciou aqui o Santa Bárbara Rock Fest e eu sempre fiquei um pouco precavido em tocar, tentar não misturar as coisas. Talvez, tendo a oportunidade, se receber o convite, a gente vai poder tocar junto com todos os outros músicos, que são amigos queridos de caminhada.

Gostava muito de jogar futebol, mas deixei de lado e troquei por outras atividades físicas, pelo basquete, que gosto de jogar, consigo dar uns arremessos sozinhos. Eu sempre gostei do Lakers. A minha predileção por ele vem da época do Magic Johnson, aquele time fantástico que rivalizava com o Chicago Bulls, que tinha o Michael Jordan. Confesso que acompanho menos, mas gosto.

Passear é uma coisa que ficou muito mais difícil esse tempo todo, porque você não desliga das coisas. Prefeito é prefeito 24 horas por dia, sete dias por semana. Acho que devo voltar para uma vida mais normal agora.

Pensar em ter filhos?
É algo pra se pensar.

Como está a sua construção para as eleições de 2022?
Agora, depois dessa última etapa que foi a eleição do Rafael, eu tenho que dizer com muita clareza: o objetivo é, sim, disputar uma vaga ao legislativo, é representar nossa cidade, representar nossa região, poder fazer isso de uma maneira diferente, muito mais ativa dentro das cidades, mais próxima.

Agora o momento é de passar para as pessoas que é esse o projeto, sabendo que aqui em Santa Bárbara, em especial, e em Americana, tem duas pessoas muito próximas e em perfeita sintonia para que se, eventualmente, tiver a possibilidade de ser eleito, todos saberem que vai haver uma sintonia com o Chico [Sardelli] e o Rafael [Piovezan].

Tem clareza se sairá a deputado estadual ou federal?
Depende muito da conta partidária. Vamos precisar olhar para a melhor configuração em termos do número de votos. Se dependesse apenas do que eu acho, eu gostaria de ser deputado federal. Acho que os assuntos debatidos, a pauta do Congresso, é uma pauta que, com a experiência de oito anos à frente de uma cidade importante para o Brasil, essa experiência seria muito útil para o Estado e nossa região lá no Congresso, mas isso é o ponto de vista pessoal.

Haverá mudança de partido?
Tem que ter uma conversa muito franca dentro do partido. Da conta partidária, da capacidade do partido eleger seus deputados. É uma conversa que eu estou tendo há algum tempo. É um partido que eu tenho um apreço muito grande, minha jornada toda como prefeito foi dentro do PV e a ideia é construir isso dentro do próprio partido.

Nesse momento, não posso deixar de dizer que existem muitos partidos que me procuram para conversar. Mas ainda existe um período de maturação. O que for melhor e objetivo para o projeto é o caminho que nós vamos seguir.

Ocupará alguma secretaria no novo governo?
Eu desejo ser um amigo próximo, sempre disponível para ajudar e que vou ser o que mais vai torcer pra tudo dar certo, mas ao mesmo entendo que o Rafael tem o jeito dele e o formato dele de conduzir. É o momento dele, é o ciclo que ele está iniciando, e eu já encerrei um ciclo de oito anos.

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