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DIA DAS MÃES

As ‘mães de muitos’

As histórias de mulheres de Americana e região que ganharam “filhos” que a profissão lhes deu

Por Paula Nacasaki

12 de maio de 2024, às 08h19

Eliane é diretora de escola estadual em Americana - Foto: Marcelo Rocha/Liberal

A maternidade vai muito além da biologia, da concepção, do parto. Ela é definida também pela conexão emocional e pelo vínculo de amor que se estabelece entre uma figura materna e uma criança. Essa relação é construída ao longo do tempo, por meio de momentos de alegria, doação, comprometimento e desafios compartilhados.

Mulheres que adotam, que criam enteados, netos, que se tornam mentoras ou cuidadoras de crianças em suas comunidades – todas elas são mães em essência. São as mães de “muitos”. Parte delas encontra novos “filhos” na profissão que exercem.

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Bianca Ferraz, de 42 anos, é um destes exemplos. Ela é presidente e coordenadora-geral da Semear, entidade localizada no Parque da Liberdade, em Americana, que é responsável pelo atendimento de 148 crianças e adolescentes em oficinas culturais e projetos socioeducacativos, voltados para educação, bem-estar e fortalecimento de vínculos.

Ao LIBERAL, ela conta que há muitas situações em que assume o papel de mãe dos assistidos: dá carinhos, broncas e conselhos, acompanha em consultas médicas, leva para tomar vacina, e também recebe visitas de antigos assistidos, que fazem questão de voltarem para matar a saudade e até para colaborarem de alguma maneira.

Bianca é responsável por crianças do Projeto Semear – Foto: Marcelo Rocha/Liberal

“Primeiramente, o que me move é o amor. É um amor incondicional. De alguma forma, eu acredito que vim a este mundo para contribuir, e essa é a minha forma de contribuir para a transformação de vidas”, afirma Bianca.

No Sespa (Serviço Social Presbiteriano de Americana), também há as “mãezonas”. A coordenadora e assistente social Eloisa Belezine, de 39 anos, e a educadora social Cleusa Piai de Campos, de 51, atuam diretamente com crianças e adolescentes de 0 a 14 anos. Diversas atividades são realizadas, com o foco de fortalecimento de vínculos e prevenção a situações de vulnerabilidade.

Cleusa e Eloisa dividem a atenção com acolhidos – Foto: Marcelo Rocha/Liberal

O momento em que mais se sentem mães, contam, é na chegada dos pequenos à entidade que sempre as procuram para dar um abraço. Além disso, durante as oficinas e nas conversas, sempre há uma troca de experiências, o que fortalece os relacionamentos.

“Tem dias que elas nos procuram para acolhimento, porque muitas vezes o que elas precisam é de alguém que as ouça, que as trate com carinho, que sinta e fale sobre as coisas do mundo, e elas nos ouvem bastante”, pontuam.

As oficinas realizadas e o compartilhamento de histórias, o acolhimento, segundo Eloísa e Cleusa, fortalecem a confiança entre eles.

“Muitos não têm esse carinho, um abraço, um acolhimento em casa, e quando damos essa atenção aqui, criamos um vínculo materno e de confiança”, afirmam as profissionais.

Na AAMA, Isolina faz papel de mãe e avó de abrigados – Foto: Marcelo Rocha/Liberal

A educadora e cuidadora da AAMA (Associação Americanense de Acolhimento) Isolina Delacruz Cortz Veron, de 61 anos, relatou ao LIBERAL que para exercer a profissão é necessário ter muito amor em suas ações, especialmente no caso do abrigo, que envolve crianças e adolescentes separados de suas famílias.
Isolina diz que em muitos momentos se vê como mãe e avó dos abrigados, que a veem como uma fonte de carinho e acolhimento. Apesar desta fraternidade, há momentos também das broncas e das limitações, como os “nãos” necessários para educar.

“Se você ama um filho, você também tem que falar não e explicar o porquê disso”, relata Isolina.
Ela, junto com outros profissionais, traz às crianças e adolescentes do abrigo relações de afeto e acolhimento, com o foco de minimizar a falta de uma base familiar.

A escola também é um espaço onde muitos funcionários e educadores acabam exercendo papel de pais. São pessoas que fazem “algo a mais” para possibilitar que os alunos tenham oportunidades.

Eliane Josefina Lopes Angelelli, de 57 anos, é diretora da escola Escola Estadual Martinho Rubens Bellucco, no bairro São Benedito, em Americana, desde 2021.

Desde então, ela diz procurar parcerias para ajudar os estudantes a desenvolverem seu potencial, entre elas o atendimento psicológico gratuito para adolescentes com crise de ansiedade e grávidas precoces e o apoio a alunos que participam de processos seletivos para bolsas de intercâmbios.

Além disso, a diretora que deixou a rede particular para se dedicar apenas à direção da escola estadual, diz ter mudado a forma de acolhimento na Bellucco, para promover uma vivência mais humana.
“A gente quer o melhor para os nossos filhos. Eu vejo ele como os meus filhos. Todos”, conta.

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