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Inadimplência

Três a cada dez moradores da região estão com as contas atrasadas

Números, divulgados pela Serasa, são reflexo da inflação em alta, redução da massa salarial intensificada pela pandemia da Covid-19 e diminuição da renda

Por Ana Carolina Leal

13 de setembro de 2021, às 07h18

Três a cada dez moradores da RPT (Região do Polo Têxtil) estão com as contas atrasadas. São 301 mil inadimplentes em um universo de 1 milhão de habitantes nas cidades. Os números, divulgados pela Serasa, são reflexo da inflação em alta, redução da massa salarial intensificada pela pandemia da Covid-19 e diminuição da renda.

O processo até chegar à inadimplência, segundo a Serasa, envolve quatro etapas. Primeiramente, o atraso de contas. Depois, a cobrança do débito pelo credor. Na sequência, o prazo e o informe da negativação e, enfim, o nome negativado.

De acordo com o último Mapa da Inadimplência e Renegociações de Dívidas da Serasa, em julho, o Brasil apresentava mais de 62,2 milhões de pessoas em situação de inadimplência. Na RPT, Sumaré lidera o ranking, com 92 mil casos, seguido por Hortolândia, com 74 mil, e Americana, com 65 mil.

Segundo a gerente da Serasa, Nathalia Dirani, seja pela baixa renda ou por falta de educação financeira, o brasileiro está acostumado a viver no limite das suas finanças e o número de inadimplentes no País já externa uma dificuldade de organização econômica.

Economista do Observatório PUC-Campinas, Paulo Oliveira diz que esses números têm seguido estável com alguns crescimentos em relação à inadimplência. “O que aumentou bastante, desde o início da pandemia, é a quantidade de famílias tomadoras de crédito, que recorreram a empréstimos e se endividaram”.

Paulo explicou que embora as famílias estivessem endividadas, não estavam aumentando o nível de inadimplência. “Mas, preocupa, porque o endividamento tem aumentado, sobretudo para as famílias mais pobres como uma forma de custo de vida basicamente. Não é um endividamento para investimentos como compra da casa própria ou de um veículo”, declarou.

O endividamento das famílias brasileiras chegou a 72,9% em agosto, segundo a Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). O percentual passou julho (71,4%) e agosto do ano passado (67,5%).

“O que se tem observado é que boa parte desse endividamento é em função da inflação, redução da massa salarial com reforço do efeito pandemia e ausência de mecanismos robustos para recuperação do emprego”, disse o economista.

Dificuldades

As famílias de classe mais baixa são as que mais sofrem para quitar as dívidas durante a pandemia da Covid-19. Mesmo com o auxílio emergencial, a perda de renda e o aumento do preço do combustível, energia elétrica e de alimentos básicos fizeram a inadimplência disparar.

É o caso da vendedora Valéria Oliveira, de 30 anos, moradora de Americana. “As contas começaram a atrasar no começo do ano passado devido à alta dos preços e à perda de emprego. Com o auxílio, consegui garantir as compras no mercado, mas entrei no cartão de crédito e cheque especial”.

Casado e com um filho de quatro meses, o engenheiro civil Bruno Mobilon Tomazella, está aos poucos tentando quitar as dívidas.

“Trabalhava em uma empresa e com o avançar da pandemia os trabalhos começaram a ficar escassos. Cheguei a ficar sete meses em casa porque não achava emprego na minha área. Acumulei algumas dívidas com banco e parcela de carro. Algumas já consegui acertar, mas o cartão de crédito que no começo estava em R$ 700, já passa de R$ 5 mil. Não tenho esse dinheiro agora”, relatou.

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