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Transporte coletivo

Regressão de fase no Plano São Paulo não impede lotação de ônibus

Horários de pico mantêm rotina de aglomeração nos ônibus de Americana e região mesmo na etapa mais restritiva do Plano SP

Por Leonardo Oliveira

19 de julho de 2020, às 08h36 • Última atualização em 19 de julho de 2020, às 18h08

Os usuários do transporte público regional têm lidado com aglomerações e um longo tempo de espera para utilizar o serviço durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), mesmo após a regressão das cidades da região de Campinas para a fase vermelha, a mais restritiva do Plano São Paulo, ocorrida no último dia 3.

Os problemas são apontados nos horários de pico, tanto nas linhas do transporte municipal de Americana quanto no trajeto até Santa Bárbara d’Oeste, gerenciado pela EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos). Apesar dos comércios não essenciais terem fechado, ainda há uma grande demanda pelo uso dos coletivos, apontam os usuários.

Fila para embarque no terminal de Americana, na terça-feira, dia 14 – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Imagens enviadas ao LIBERAL por um leitor mostram a linha intermunicipal 621, que liga Santa Bárbara a Americana, com todos os assentos ocupados e o corredor lotado no início da manhã da última terça-feira. Uma das recomendações das autoridades para frear a curva de contágio do vírus é justamente evitar aglomerações.

“Tinham mais de 100 pessoas, estava insuportável, não tinha como andar dentro do ônibus. Não consegui passar a catraca de tanta gente, tive que descer pela frente. Começou a virar uma confusão porque não tinha mais onde caber”, relata o enfermeiro Alan Roger, de 29 anos.

Ônibus intermunicipal lotado em Santa Bárbara – Foto: Reprodução

A reportagem esteve no Terminal Metropolitano de Americana na última semana e ouviu, da maioria dos entrevistados, que os coletivos têm circulado com lotação máxima pela manhã, entre 6h e 8h, e no fim da tarde, entre 17h e 18h.

As três linhas citadas como “mais problemáticas” foram a 119 (Praia dos Namorados-Jardim da Paz), 114 (Mathiensen-Zanaga) e 105 (Bertini-Alvorada). Os passageiros argumentam que esses itinerários têm lotado devido à redução da frota por conta da pandemia.

A primeira delas, por exemplo, tem o primeiro coletivo do dia saindo às 5h30 da Praia dos Namorados. Os dois próximos passam depois de um intervalo de quase duas horas: às 7h25 e às 9h20. Como no horário das 8h não há mais veículos passando pela região, os passageiros se acumulam nos outros horários.

É o caso da atendente de telemarketing Camila Rivelino, de 20 anos. Ela precisa estar no trabalho às 9h. Para não se atrasar, tem que entrar no ônibus que passa às 7h25. “O horário do ônibus é bem reduzido. Quem entra às 9h acaba atrasando ou tem que entrar mais cedo”, explica.

A situação tem causado uma sobrecarga em algumas das linhas, segundo a diarista Mariane Paula, de 21 anos. “Estou tendo que reorganizar meu horário. Tem vezes que o ônibus nem para no ponto que eu estou e passa reto porque não cabe mais gente”.

Quem precisa do transporte público coletivo para ir ao trabalho enfrente diariamente os riscos causados pela aglomeração – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Com isso, os usuários do transporte público têm se dividido entre a necessidade de trabalhar para prover o próprio sustento e o medo de se contaminar pela Covid-19. “Até porque a gente tem família em casa. A gente tenta ao máximo se prevenir, mas está difícil”, diz a auxiliar de farmácia Aline de Oliveira, de 24 anos.

A Prefeitura de Americana informou que a Unidade de Transportes e Sistema Viário está apurando o que está ocorrendo nas linhas do transporte municipal mencionadas para tomar “as devidas providências”.

Queda de receita tira veículos da rua

Desde o início da pandemia, tanto o Consórcio Bus +, que gere o transporte metropolitano, quanto a Sancetur, responsável pelas viagens em Americana, informaram a redução de linhas com o argumento de que o número de passageiros sofreu uma queda drástica. E a justificativa para manter um contingente reduzido de veículos nas ruas quatro meses depois permanece o mesmo.

Com menos passageiros, a receita é menor, consequentemente cresce a dificuldade para pagar funcionários, fornecedores e a estrutura necessária para fazer o serviço rodar.

“É importante entender que, a cada ônibus a mais que é colocado nas ruas, você tem o custo aumentado e não existe a devida contrapartida da receita. A cada novo ônibus, há desgaste do equipamento, dos pneus, maior gasto com combustível”, defende o Consórcio Bus +, em nota.

O consórcio ainda afirma que hoje existe uma queda de 62% nos passageiros transportados. “Mesmo assim, neste cenário depressivo por conta da pandemia, mantemos uma frota de 70% de ônibus do período normal”, alega.

O diretor da Sancetur, Marco Chedid, afirma que os problemas no transporte público são uma questão “nacional”, que resulta de uma falta de incentivos para manutenção dos trabalhos.

“A linha está de acordo com a demanda, alinhada com a prefeitura. Gente de pé [dentro dos ônibus], o que eu posso fazer? Não tem muito o que fazer. Você tem que colocar três vezes mais ônibus e o custo é maior, quem vai pagar? Não tem, é uma solução difícil de resolver. Temos que torcer para acabar esse assunto da pandemia rápido”, enfatiza.

A reportagem questionou à EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo), empresa controlada pelo Estado para fiscalizar o transporte metropolitano, se ela prevê algum tipo de incentivo para o Consórcio Bus + neste período, mas não houve resposta.

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