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Liberal Entrevista

Prefeituras precisam conscientizar sobre isolamento, defende secretário

Responsável pela articulação com os municípios, secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, diz que região de Campinas é preocupante

Por Marina Zanaki

10 de maio de 2020, às 08h06 • Última atualização em 10 de maio de 2020, às 08h53

Com 56 casos confirmados do novo coronavírus (Covid-19) e quatro mortes pela doença, Americana parece viver situação mais tranquila do que quando comparada, por exemplo, com cidades como Hortolândia e Campinas, que contabilizam 10 e 26 óbitos, respectivamente.

Os números aparentemente “controlados” em Americana, entretanto, não são suficientes para indiciar que a cidade tem um cenário diferente da região de Campinas ou que não será afetado por ela, alerta o secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi.

Secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi afirma que números da região preocupam sobre coronavírus – Foto: Governo do Estado de São Paulo

A região administrativa campineira, formada por 90 municípios, é a terceira do Estado de São Paulo em número de casos, atrás apenas da Região Metropolitana de São Paulo e a Baixada Santista.

Na área, entre as duas primeiras e as duas últimas quinzenas de abril, o isolamento social caiu de 55% para 50%, mínimo considerado satisfatório pelo governo. Já o número de casos no mesmo período teve um aumento percentual de 282%, saltando de 330 para 1260 confirmações da doença.

O avanço das contaminações e a queda no isolamento social foram motivos para, na última sexta-feira, o governo estadual anunciar a prorrogação da quarentena em todo o Estado, até o dia 31 de maio.

Responsável pela articulação do Palácio dos Bandeirantes com os 645 municípios paulistas, Vinholi falou com o LIBERAL na sexta-feira. Segundo ele, a aceleração de casos na região é evidente. “O vírus não respeita fronteiras”, afirma. Leia os principais trechos da entrevista.

Como o senhor avalia a ampliação da quarentena, principalmente em relação ao interior?

MARCO VINHOLI
Verificamos esses dias que a aceleração que se deu no interior do Estado foi muito forte, e isso acabou inviabilizando qualquer tipo de flexibilização. O que diz a prática internacional é que é fundamental fazer a flexibilização quando se tem intervalo de declínio no vírus, e não é o que estamos observando. Tivemos pico no dia 25 [de abril], no dia 28, no dia 30, no dia 6 [de maio]. Todas as regiões crescendo.

Americana tem alguns dias sem óbito, mas na realidade, considerando a região como um todo e verificando a tendência como um todo, tudo isso preocupa muito – a região de Campinas, e Americana também. Então não é possível se fazer nesse momento com segurança uma flexibilização.

Em Americana, são 56 casos e quatro mortes até agora. A cidade não confirma casos todos os dias e tem boa parte dos leitos exclusivos de coronavírus ociosos. Diante desses números, ainda assim não é possível pensar em flexibilizar?

Nós não conseguimos com esses números afirmar que existe qualquer situação em Americana diferente do resto da região. Se a gente verificar a aceleração que se deu na própria região, superior a 200%, e que vírus não respeita fronteiras, é evidente a aceleração nesse período. Não adianta ter um dia, dois dias sem casos. O intervalo avaliado é verificar de 10 a 14 dias com declínio e não é isso que se verifica.

Sobre os leitos, quando você está em fase de aceleração, fatalmente terá mais casos. Verificamos que a taxa de letalidade das pessoas que vão para UTI é muito grande. Tem taxa em grupos de risco superior a 40%, mesmo com número de leitos considerado razoável. O risco de se fazer abertura enquanto a região inteira cresce é muito grande. Por conta disso tudo, é impossível fazer reabertura com segurança nesse momento.

O que as prefeituras podem fazer para aumentar isolamento?

É fundamental conscientizar a população da necessidade de isolamento. São Paulo tinha mais de 60% casos em março e agora, em maio, menos de 30% dos casos do Brasil. O País é o que mais cresce proporcionalmente a aceleração do vírus. Passamos a China e estamos em curva ascendente com muito impacto nesse momento.

O isolamento social é fundamental, os números estão crescendo de forma intensa no Estado, a região de Campinas é preocupante, é evidente e fácil fazer avaliação que Americana tem impacto direto nesse crescimento em Campinas. Não tem como isolar Americana, Santa Bárbara d’Oeste ou outro município disso. Que a taxa de isolamento possa subir a níveis que vamos conseguir suportar dentro do sistema de saúde.

Paralelo a isso, desde ontem [quinta-feira] foi colocada a obrigatoriedade do uso de máscaras, e essa obrigatoriedade se dá aqui em São Paulo de forma intensa desde segunda-feira. Pela rua, se vê por todos os lugares com pessoas a adesão maciça das máscaras, e as próprias pessoas com respeito às outras compreendem a necessidade disso. Essas são as duas armas que temos nesse momento para superar a fase mais aguda da crise.

Nesta sexta-feira, o governador João Doria anunciou a criação de um Conselho Municipalista. Como ele vai funcionar?

Vai funcionar com reuniões semanais de prefeitos das 15 regiões administrativas e São Paulo. De Campinas, o representante é o prefeito Jonas Donizette. E, com isso, cada um dos 645 municípios será representado pelo município sede da sua região.

A ideia é que os municípios possam se reunir, dialogar na própria região, e que esses prefeitos tragam apontamentos e que a gente possa compactuar ações com o governo do Estado. Tanto de enfrentamento quanto da retomada gradual, assim que a saúde e a ciência nos permitirem.

Podcast: Além da Capa
A quarentena decretada no Estado de São Paulo para combater a proliferação da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) completa 50 dias nesta semana. Com as restrições impostas, muitas pessoas tiveram a rotina, hábitos e até o convívio familiar alterado. Nesse episódio do Além da Capa, o editor Bruno Moreira conversa com o repórter André Rossi, que ouviu moradores de Americana, Santa Bárbara d’Oeste e Nova Odessa para entender como a pandemia mudou a dinâmica de suas vidas.

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