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Região

Entenda por que a dengue voltou a ter alta nos casos em Americana e no País

Especialistas ouvidos pelo LIBERAL explicam o porquê deste cenário de novo surto e o que pode ser feito

Por Ana Carolina Leal

24 de abril de 2022, às 08h26 • Última atualização em 24 de abril de 2022, às 08h29

As larvas do mosquito Aedes aegypti, causador da dengue; criadouros são o grande risco a cidades - Foto: Tânia Rêgo - Agência Brasil

Desde janeiro, o Brasil contabilizou 393,9 mil casos prováveis de dengue e 112 mortes pela doença. Os números, disponíveis no último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, em 18 de abril, revelam um aumento de 95,2% nas infecções por esse vírus, transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti, em relação ao mesmo período do ano passado.

Em Americana, de janeiro até a última quarta-feira, o município confirmou 982 casos de dengue e 92 ainda esperavam resultados de exames. No período, também foram registradas três mortes e outros quatro óbitos suspeitos aguardavam resultados. Em todo o ano passado, foram 283 ocorrências de infecções pelo vírus.

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Mas o que está por trás desse cenário? E o que pode ser feito para combatê-lo? Especialistas ouvidos pelo LIBERAL explicam por que o Brasil e a região de Americana têm convivido com esse novo surto de dengue.

Andréa Sobral, pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, afirma que o aumento de casos de dengue neste ano pode estar relacionado à redução de medidas e ações de prevenção, como por exemplo, a de eliminar criadouros do mosquito Aedes aegypti para o controle da doença, durante a pandemia de Covid-19, aliado às condições favoráveis do clima, como chuvas intensas e prolongadas e calor.

“Os sistemas de vigilância da dengue foram muito prejudicados em função desses últimos dois anos de pandemia”, destaca. Outro aspecto importante, de acordo com a pesquisadora, refere-se à vulnerabilidade das habitações nas cidades, especialmente em áreas empobrecidas.

“Tem que se investir em infraestrutura, no saneamento básico, buscando que um maior número da população tenha acesso adequado ao abastecimento de água, a coleta regular de lixo, drenagem de águas pluviais e esgotamento sanitário”, afirma.

Em Americana, os bairros com maior incidência de dengue são o Antônio Zanaga, Vila Bertini e Vila Belvedere. Para tentar conter o avanço da doença na cidade, a Secretaria de Saúde montou uma força-tarefa para visitar, em média, 1,2 mil imóveis por dia. O objetivo é orientar a população e eliminar criadouros do mosquito Aedes aegypti.

“A lógica é reduzir focos, para reduzir o número de casos da doença. Além disso, reforçar os serviços públicos de saúde, para conseguir acolher os pacientes com complicações da dengue”, diz Andréa.

ENDEMIA. Segundo Rubem Borges Fialho Junior, médico sanitarista, especialista em medicina preventiva e social e docente da Faculdade de Medicina da PUC-Campinas, a dengue se tornou endêmica, ou seja, mantém um padrão de casos significativo, mas abaixo de um número que possa ser considerada epidêmica, pelo menos por enquanto.

E o papel que a população tem para não chegarmos a vivenciar novamente uma epidemia é muito relevante, afirma o médico. “Avalio que a forma de enfrentamento deva ser de novas maneiras de educação em saúde e clareza a respeito desta doença”.

De acordo com o especialista, em geral, o trabalho com crianças em escolas sempre mostra impacto. “A eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti é determinante para a evitarmos o crescimento de casos”, enfatiza.

Atue contra o mosquito

  • A mudança de hábitos e a incorporação de medidas que estão ao alcance da população precisam ser desencadeadas continuadamente, segundo o médico sanitarista Rubem Borges Fialho Junior.
  • Entre elas, destaca o especialista, permitir a orientação e avaliação necessária pelos agentes comunitários de saúde ou pelos agentes de controle ambiental nos imóveis. “Em geral, um percentual alto dos imóveis se encontram fechados ou não são abertos quando da visita sanitária”, diz.
  • É preciso ainda manter terrenos livres de entulhos, tampar recipientes que acumulam água, calhas que juntam a água, garrafas devem ser deixadas com a “boca” para baixo, ralos devem ter tela ou estar fechados, os potinhos de água dos animais devem ser limpos e a água trocada diariamente e os pratos de plantas preenchidos com areia. “Tudo ao alcance da população”, afirma o médico.

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