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Notícias que inspiram

A delicadeza de um belo ato de amor

Mesmo com a saúde bem debilitada, aposentada dedica parte de seu tempo produzindo lindos buquês americanos que ela doa para noivas que queiram algo único no grande dia

Por Jucimara Lima

11 de abril de 2022, às 08h50 • Última atualização em 11 de abril de 2022, às 08h52

Extremamente caprichosa, Dona Lúcia se preocupa com os detalhes e faz tudo com muito amor - Foto: Marcelo Rocha - O Liberal.JPG

Um dos itens mais simbólicos, observados e desejados de um casamento é o buquê da noiva, portanto, para quem acredita no poder da energia de tudo aquilo que é feito com amor, vai adorar conhecer a história de Lúcia Borges dos Santos, uma aposentada e artesã, moradora de Nova Odessa, que há dois anos produz buquês americanos para presentear noivas que desejam levar o acessório com elas para o altar.

Prestes a completar 78 anos, apesar da fragilidade física provocada por alguns problemas sérios de saúde, Dona Lúcia é, na verdade, uma mulher muito forte com uma história de vida marcada por perdas e recomeços. Para se ter uma ideia, essa piracicabana de nascimento e novaodessense por escolha perdeu praticamente toda família (entre pais e irmãos) em um curto espaço de tempo. Ainda assim, a maior dor de sua vida foi a partida do filho único Marcelo, falecido em dezembro de 2018 em decorrência de um câncer. “Quando perdi meu filho, metade da minha vida foi embora. A dor é muito grande”, relata, comovida.

Mesmo com muitos motivos para se entregar à depressão, um mal que ela já sofria antes mesmo da partida do filho, Dona Lúcia não se permitiu desistir, afinal, para uma mulher que contrariando a vontade do pai se formou em contabilidade aos 17 anos, em uma época na qual profissão de mulher era no máximo ser professora, desistir nunca foi opção.

A aposentada encontrou um refúgio no artesanato e além do prazer de produzir belas coisas com as próprias mãos, continuar fazendo algo significativo para ela, também atendeu um pedido feito pelo próprio filho antes de falecer.

Aposentada encontrou um refúgio no artesanato – Foto: Marcelo Rocha – O Liberal.JPG

De volta ao passado. Quando Dona Lúcia chegou a Nova Odessa, há mais de 40 anos, a cidade tinha poucos habitantes, era pacata e segundo ela própria nem semáforo possuía. Vinda de São Paulo, a ideia dela e do marido era encontrar um lugar tranquilo para viver e criar o filho adolescente. “Queria uma cidade que não tivesse muita vida noturna”, diverte-se.

Com o tempo, ela foi se adaptando novamente ao interior e passou a fazer artesanatos por encomenda, como topos de bolos, lembrancinhas em biscuit e muitas outras artes, como a pintura em camisetas que ela chegou até a exportar.

Perfeccionista e autoditada, a artesã diz sofrer com TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), algo que para muitos pode ser terrível por impossibilitar de fazer coisas básicas, mas que Dona Lúcia encara como uma maneira de fazer tudo sempre melhor.

“Eu nunca tinha feito buquês, nunca aprendi nada em um curso, tudo que faço foi sempre de olhar os outros fazendo. Aprendo de maneira espontânea e faço questão de tentar chegar mais perto possível da perfeição, apesar de nunca achar que fica bom o suficiente”, diz.

A história com os buquês americanos começou quando ela viu um vídeo de uma mulher ensinando a fazer as flores. “O vídeo era estrangeiro, mas observando percebi ser bem simples e que dava para fazer e até incrementar.”

As primeiras flores foram para enfeitar o túmulo do filho. Já a ideia de produzir buquês para doar veio quase um ano depois, quando ela estava hospitalizada por conta de uma cirurgia no joelho. Na época, a neta contou para as colaboradoras do hospital o trabalho da avó e muitas demonstraram interesse.

“Eu me prometi que se melhorasse iria fazer para doar. Choveu gente querendo, e sabe que duas médicas casaram e outras três ficaram noivas? Eu falo que o buquê é como se fosse um passo para o comprometimento”, brinca.

Atualmente, existe uma fila de espera por um dos buquês de Dona Lúcia e há quem diga que eles trazem sorte. Além disso, eles podem ser guardados, afinal, nunca morrem.

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Se você conhece uma boa história que todo mundo merece saber, conte para a gente. Ela pode virar uma reportagem no LIBERAL.

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