Hortolândia
Asilo é fechado após denúncia de que idosos eram amarrados
Promotoria recebeu informação de que os internos se alimentavam de restos e apanhavam; dono nega acusações
Por George Aravanis
09 de janeiro de 2020, às 09h00 • Última atualização em 09 de janeiro de 2020, às 09h04
Link da matéria: https://liberal.com.br/cidades/hortolandia/asilo-e-fechado-apos-denuncia-de-que-idosos-eram-amarrados-1131744/
A casa de repouso Nosso Lar, em Hortolândia, foi interditada por ordem da Justiça após denúncia de que idosos eram amarrados, agredidos, alimentados de restos e que um deles foi obrigado a comer o próprio vômito.
O asilo foi fechado dia 20 de dezembro. Das nove pessoas que estavam no local, sete voltaram a conviver com as famílias e duas foram transferidas a outra instituição, segundo a prefeitura.
A promotora Renata Brandão Lazzarini, que solicitou a interdição, ainda pediu que os responsáveis sejam condenados a pagar R$ 2,7 milhões pelo descumprimento de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) por causa de irregularidades no local, como falta de atividades e de alimentação balanceada e também instalações adequadas.
Um dos administradores do local nega todas as denúncias e afirma que vai recorrer.
A casa de repouso funcionava desde abril de 2018 no Jardim Stella, às margens da Rodovia Jornalista Francisco Aguirre Proença (SP-101).
O local foi alvo de diversas denúncias de maus-tratos. Várias vistorias foram feitas por órgãos como Vigilância Sanitária, Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) e Conselho do Idoso.
Um ponto frequente nos relatórios das equipes de fiscalização é que os responsáveis demoravam muito para abrir o portão, que os idosos ficavam ociosos e que os proprietários e a cuidadora tentavam evitar que os fiscais conversassem a sós com eles. Alimentos com validade vencida foram encontrados, relataram os órgãos. Porém, em nenhuma das ocasiões uma situação de violência foi flagrada.
Ouça o “Além da Capa”, um podcast do LIBERAL
Até que, em dezembro de 2019, uma idosa que estava internada no local conseguiu escapar simulando uma doença grave para ir ao hospital. Ela e uma familiar contaram à equipe do Creas que os responsáveis demoravam para abrir a porta para esconder alimentos vencidos e desamarrar os idosos.
“Os castigos variam geralmente entre ficar amarrado na cama ou na cadeira, ficar trancado num quarto sozinho, sem conversar com ninguém, ficar sem alimentação, sem assistir televisão, sem remédios para dor; alguns chegam a apanhar, no rosto ou corpo”, transcreveu a promotora na ação que resultou na interdição.
A mulher relatou ainda que um idoso foi obrigado a comer, vomitou no prato e os donos o fizeram ingerir a comida com o vômito. O juiz Leonardo Delfino concedeu a liminar.
A casa é registrada em nome de Aline Lanes Martins da Silva. Nos relatos de autoridades, ela e o marido são apontados como responsáveis.
O esposo de Aline, Roni Antônio Silva, disse ao LIBERAL que as denúncias são mentira e fruto de uma rixa política – mas ele não quis dizer com quem. “O cara que põe a mão num idoso, põe a mão numa criança, para mim tem que morrer, ele é sujo, ele é podre. Eu defendo o idoso”, completa.