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Um maestro e o recomeço nas corridas de rua

Atleta amador ficou 15 anos longe do esporte e, após superar desafios, voltou a se destacar nas provas

Por Jucimara Lima

14 de abril de 2024, às 09h46 • Última atualização em 14 de abril de 2024, às 09h47

Quem vê o maestro Raphael Rodrigues, de 41 anos, regendo a Orquestra Filarmônica de Metais de Americana não imagina que além da música ele também demonstra grande habilidade em outras áreas que exigem dedicação e talento. Atleta amador, o americanense chegou a se profissionalizar no atletismo, ficou longe do esporte durante 15 anos e há algum tempo voltou com tudo, comprovando que, como ele mesmo afirma, “nunca é tarde para recomeçar”.

Esportista desde a primeira infância, Raphael começou jogando futebol, depois passou para o vôlei e, aos 17 anos, inspirado pelo pai, se interessou pelo atletismo. “Ele começou a correr em uma época que a corrida não tinha todo esse reconhecimento.”

O maestro Raphael Rodrigues, que também pratica corrida de rua – Foto: Marcelo Rocha/Liberal

Veloz e com espírito esportivo aflorado, em pouco tempo o jovem já estava superando as próprias marcas. “Comecei na categoria juvenil e, nos três primeiros meses, já tinha me aproximado dos atletas de elite”, recorda.

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Devido ao desempenho, no início dos anos 2000, Raphael foi convidado a participar da equipe de Americana para correr as provas de 5 a 10 mil metros. Um dos fatos que marcaram sua breve carreira foi a época em que teve como treinador João Alves de Souza, o “Passarinho”, um técnico renomado que só trabalhava com atletas de ponta.

“Após quatro meses já estava inscrito na Confederação Brasileira de Atletismo e acabei me classificando para o 1º Campeonato Brasileiro Sub-23, quando somente os 10 melhores atletas do País disputavam”, conta.

Outro momento inesquecível foi sua participação no Troféu Brasil de Atletismo, quando ele afirma ter tido o prazer de correr lado a lado com alguns dos seus ídolos, como os ex-maratonistas Marílson Gomes dos Santos e Vanderlei Cordeiro de Lima. “Foi uma experiência fantástica”, resume.

Distanciamento

Em 2005, devido às dificuldades financeiras de se manter apenas treinando e alguns contratempos de comunicação – em uma época de acesso limitado à internet, ele perdeu contato com o técnico e aos poucos foi deixando o esporte de lado. Assim, aos 24 anos, encerrou a carreira de atleta profissional e foi fazer faculdade de música, mercado no qual atua até hoje como trompetista, professor e maestro.

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Durante quase 15 anos, Raphael se afastou dos esportes e chegou a ganhar 30 kg. “Não me sentia mais bem para correr, então, nesse período não queria nem saber. Acho que fiquei desiludido, frustrado, porque sonhava em ir mais longe, queria ir para as Olimpíadas.”

Desafios

Em meados de 2014, o ex-atleta de ponta enfrentou outro grande desafio: uma depressão, que veio acompanhada de uma demissão. “Não tinha vontade de fazer nada. Saí do esporte para entrar na música, duas profissões que são bem difíceis de encontrar espaço, então, eu achava que minha vida tinha acabado.”

Depois que se afastou da corrida, Raphael engordou cerca de 30 kg – Foto: Arquivo pessoal

Após se reorganizar, em 2018, sentiu necessidade de trilhar o caminho de volta rumo a uma vida mais saudável.

Para isso, começou caminhando para só depois se aventurar a correr. Curiosamente, durante a pandemia, um período no qual muita gente ganhou peso, ele perdeu. “Aprendi a me controlar na quantidade. Muita gente pensa que emagreci porque voltei a correr, mas é o contrário. Só voltei a correr porque emagreci, caso contrário não conseguiria”, reflete.

Para essa maratona, contou com o auxílio importante da esposa Hariane Bueno, de 37 anos, que é nutricionista. “Alimentação adequada e saudável não é para ser difícil. Com moderação, é possível comer de tudo e, agora, ele entendeu”, argumenta ela.

Somado a isso, por considerar importante uma orientação profissional, Raphael também contratou uma assessoria de corrida. Assim, apesar da volta ter iniciado despretensiosamente, a vontade de competir falou mais alto e em 2022 ele retornou às provas.

Rumo aos 42

Vivendo uma nova realidade desde então, entre os sonhos retomados, o desejo de completar uma maratona – algo que nunca havia feito – acaba de ser realizado. Foi no último dia 7 de abril, quando completou a Maratona de São Paulo, para comemorar seu aniversário de 42 anos.

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“Esse foi meu projeto pessoal, rumo aos 42, corri 42km. O mais bacana é que acabei largando no pelotão de elite, devido ao meu histórico, e isso foi um grande presente para mim, afinal, é uma prova internacional, que tinha a presença de grandes atletas, então, foi uma sensação indescritível,” comenta ele, que chegou em vigésimo lugar no pelotão, com o tempo 2h50min49s. A prova teve cerca de 5 mil inscritos.

Para ele, hoje, a corrida é terapia, uma das razões pelas quais não pretende mais se afastar dos esportes. “Treino sozinho e utilizo esse tempo para colocar a cabeça no lugar.”

Agora, a ideia é continuar se superando a cada dia. “Apesar do meu espírito competitivo, hoje eu não sou um atleta para tentar ganhar prova, mas sempre tento chegar mais perto do primeiro. Meu maior adversário sou eu mesmo”, finaliza ele, que não tem dúvidas, de que atualmente está muito melhor do que há dez anos.

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