26 de abril de 2024 Atualizado 18:10

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Retaliação

Ônibus foram incendiados a mando de traficante

Responsável por pontos de drogas em Americana e contratado para colocar fogo foram presos na última semana

Por Leonardo Oliveira

21 de agosto de 2019, às 09h35

Os dois ônibus incendiados no mês passado, em Americana, foram atos de represália contra a Gama (Guarda Municipal de Americana), praticados a mando do traficante que controla a venda de drogas no Jardim da Paz e em outros bairros. Ele e um dos homens contratados para atear fogo nos coletivos foram presos na semana passada. Ao todo, sete pessoas são investigadas.

A informação é do delegado responsável pela Dise (Delegacia de Investigações Gerais) de Americana, Luiz Carlos Gazarini, e foi divulgada somente nesta terça. Além da dupla, um gerente de uma “biqueira” também foi detido. Os três foram presos temporariamente por 30 dias, com a possibilidade de que seja pedida a preventiva ao fim deste prazo.

Foto: Corpo de Bombeiros de Americana / Divulgação
Os dois veículos foram queimados em atos de represália contra a Gama no mês passado

Um dos suspeitos de colocar fogo nos veículos da empresa Sancetur confessou a participação no crime e disse que recebeu dez pedras de crack para praticar o vandalismo. Contou ainda que o ato era uma vingança contra a apreensão de 791 porções de maconha feita pela Gama (Guarda Municipal de Americana) no dia 26 de julho, uma sexta-feira.

Essa apreensão desencadeou no dia seguinte em um revide contra uma viatura da Guarda, que foi atingida por uma pedra quando realizava patrulhamento na Praça da Fraternidade. Segundo Gazarini, o agressor vendia drogas e disse que foi orientado pelo traficante do bairro a fazer o arremesso em direção aos agentes de segurança. No domingo, houve o episódio dos ônibus incendiados.

Ao ser localizado, o rapaz que ateou fogo nos coletivos apontou quem seria o mandante e o outro envolvido. Por ter colaborado com a polícia, vai ser investigado em liberdade. Somente o comparsa foi preso temporariamente. “A prisão temporária é justamente para investigar. Se já tem apurado a participação dele, não havia necessidade [da prisão temporária]”, disse Gazarini.

A Dise chegou até a casa do traficante no São Roque, em Americana, mas ele não estava nela. Através de contas de energia elétrica em seu nome, localizou um segundo imóvel, no Jardim San Marino, em Santa Bárbara d’Oeste, onde foi achado.

Ele era o responsável por controlar os pontos de venda de drogas na pista de skate do Jardim da Paz, na Praça da Fraternidade, além dos bairros São Roque e Mário Covas, ambos em Americana. Outros dois suspeitos de integrarem o esquema foram identificados, mas estão foragidos.

Investigação contra o tráfico ocorria há meses

Uma investigação para apurar os crimes de tráfico na região estava em andamento antes mesmo de os ônibus serem vandalizados. A polícia chegou ao rapaz que lavava o dinheiro arrecadado. Na casa dele, foram encontrados R$ 105 mil em cheques e R$ 18,7 mil em dinheiro.

Foto: Corpo de Bombeiros / Divulgação
Veículos ficaram totalmente destruídos após incêndio criminoso

“Se você tivesse ido esses dias lá, ia ver que o movimento na praça praticamente acabou. A gente foi onde era o cerne da questão. O problema da praça era esse. Aquele trabalho de ficar prendendo as pessoas que ficam vendendo ali é importante, mas mais importante que isso é pegar o cara que é responsável pelo local”, declarou o delegado Gazarini.

O LIBERAL mostrou no dia 1º deste mês que a Gama (Guarda Municipal de Americana) havia intensificado em junho e julho as ações de combate ao tráfico de drogas no Parque da Liberdade e no Jardim da Paz. O reforço nas ações ocorreu em pontos escolhidos com base no relato de moradores e de levantamentos estatísticos do setor de inteligência da corporação.

O resultado foi o aumento do número de apreensão de drogas. Em 2018, entre junho e julho, foram três casos, ante 24 ocorrências registradas no mesmo período deste ano, que resultaram na apreensão de três quilos e meio de maconha, pouco mais de um quilo de cocaína e 23 gramas de crack.

“O combate ao tráfico de drogas vai continuar, não vamos recuar por conta disso. É natural que o pessoal que está no crime ficar descontente com a situação, mas vamos seguir em frente”, afirmou o comandante da Gama, Marcos Guilherme.

Publicidade