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Boas Histórias

O Bom Samaritano já ajudou mais de 2 mil dependentes químicos

Desde 1999 na ativa, comunidade terapêutica O Bom Samaritano ajuda dependentes químicos em Americana a buscar novo rumo

Por Isabella Holouka

18 de março de 2020, às 14h00 • Última atualização em 18 de março de 2020, às 16h41

“Eu creio que vou sair curado daqui”, afirma, aos 48 anos, um dos 36 acolhidos pela comunidade terapêutica O Bom Samaritano, no Jardim Santa Eliza, em Americana. Ao todo, a instituição já recebeu mais de 2 mil acolhidos desde 1999.

Na última semana, o repasse do governo federal teve um aumento de 12% por acolhido, alcançando um orçamento de R$ 263 mil para 2020. Além do recurso, a comunidade terapêutica conta com o apoio da igreja Assembleia de Deus.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Comunidade terapêutica O Bom Samaritano atende no Jardim Santa Eliza

Marcos* passou por outras quatro internações, mas somente agora sente que tem chances de se reintegrar à sociedade. No quarto mês de tratamento, ele conta ter se formado no Ensino Médio e participado de diversos cursos. Também retomou o contato com a família e começa a traçar planos para o futuro.

Depois de 28 anos na dependência de álcool e drogas sintéticas, o maior pesar sempre foi a relação comprometida com os filhos, que hoje têm 21 e 30 anos.

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“Eu olhava no espelho, via meu rosto e marcava com eles para sair. Mas quando eu olhava para a minha cara de novo eu já estava embriagado, sem condições”, desabafa.

Outro que pensa na comunidade terapêutica com gratidão é Lucas*, de 28 anos. Durante 18 anos de dependência química, ele conta que tentou superar o problema várias vezes sozinho, sem sucesso. Agora, com sinais de recuperação, planeja terminar os estudos e sonha em cursar a faculdade de arquitetura.

Os acolhidos recebem um tratamento gratuito de seis meses. Quinze vagas são oferecidas pelo convênio com o governo estadual e outras 18 pelo federal. Além disso, a instituição mantém três vagas para casos emergenciais. O aumento na verba será utilizado para a ampliação do espaço.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Os acolhidos pela comunidade recebem um tratamento gratuito de seis meses

Para ser acolhido, é necessário encaminhamento do Caps (Centro de Atenção Psicossocial), com um atestado psiquiátrico. “Faz parte do tratamento eles quererem estar aqui. Se na entrevista a gente perceber que a família quer mais do que a pessoa, a gente pede para voltar depois, porque pode não ser o melhor momento”, explica a psicóloga Jaqueline Mocima da Silva. Os familiares dos acolhidos também são encaminhados para grupos de apoio.

A psicóloga detalha ainda que, na primeira fase de tratamento, o acolhido reconhece a adicção e passa por um período de desintoxicação. Depois, volta a desenvolver vínculos sociais saudáveis, reestruturando o contato com a família.

O último passo é a reinserção no mercado de trabalho, e cada etapa do tratamento leva em média dois meses.

Neste período, eles são incentivados a terminarem os estudos no Ceeja (Centro Educacional de Educação de Jovens e Adultos) de Americana, participam de palestras sobre empregabilidade, têm o acompanhamento de um educador físico e recebem diariamente orientações de um grupo de psicólogos.

“70% das pessoas já saem daqui com um emprego. Tratamos a dependência química, o fortalecimento do vínculo familiar e também preparamos para uma saída com emprego”, aponta Jaqueline.

O vice-presidente Graciano Santos Aroste conta da felicidade em saber que diversos ex-acolhidos conseguiram seguir com suas vidas. “É gratificante saber e ver as pessoas com suas vidas reconstruídas, com famílias, filhos, pais. São pessoas boas. É isso que dá forças para continuar e encarar a realidade”.

* Nomes fictícios, para preservação das identidades dos acolhidos.

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Além da Capa, o podcast do LIBERAL

A edição desta semana do podcast “Além da Capa” fala sobre a pandemia do Covid-19, o novo coronavírus, e seus impactos nas cidades que fazem parte da RPT (Região do Polo Têxtil). Ouça:

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