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Mortalidade

Número de óbitos em Americana em 2020 foi o maior dos últimos 17 anos

Cidade teve 1.812 mortes em 2020 e um aumento percentual recorde; pandemia é causa indicada para ano atípico

Por Marina Zanaki

14 de fevereiro de 2021, às 08h18 • Última atualização em 14 de fevereiro de 2021, às 17h07

No ano em que enfrentou a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), Americana teve a maior mortalidade desde 2003.

De acordo com dados levantados pela Arpen (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais), morreram 1.812 pessoas no ano passado na cidade. Esse é o maior número absoluto de óbitos desde 2003, primeiro ano informado no levantamento da associação.

Além disso, 2020 teve o maior crescimento percentual de óbitos nos últimos anos. As mortes aumentaram 21,6% em relação a 2019, que teve 1.490 óbitos. A mortalidade tem variações para cima ou para baixo ano a ano, mas a Arpen calculou uma variação média de 2,6% na cidade.

Comparando com dados da Prefeitura de Americana, o crescimento percentual da mortalidade em 2020 foi semelhante ao apurado pela Arpen.
A cidade teve 1.503 mortes em 2019 e 1.789 em 2020, segundo números da Vigilância Epidemiológica.

O crescimento foi de 19%, bem acima do que foi observado no período de 2013 a 2017, com números disponíveis nos informativos socioeconômicos divulgados pela prefeitura.

EXCESSO
Diretor regional de Campinas da Arpen, Fernando Sartori avalia que os óbitos em 2020 em Americana fugiram da variação normal observada nos registros da cidade.

“Não tenho dúvida que infelizmente esse crescimento se deve à pandemia, não tem outra razão que possa explicar esse incremento. Não tivemos nada diferente, não caiu nenhum avião em Americana que pudesse justificar esse aumento de mais de 20%”, exemplificou Fernando.

Doutora em Geografia Humana pela USP e professora da PUC-Campinas, Juleusa Maria Theodoro Turra apontou para o conceito de excesso de morte, observado em várias regiões e países em 2020 como um efeito da pandemia. Essa situação se caracteriza quando há um registro de mortes acima do projetado para determinado período.

“Pessoas que morreram pela Covid, que faleceram de outra coisa, mas a existência da pandemia tornou difícil o acesso, ou não tinha como ser atendida, ou não tinha vaga na UTI”, exemplificou a professora.

A expectativa de vida do brasileiro ao nascer deve cair em até dois anos por causa das mortes pela doença no País. Será a primeira queda desse indicador registrada no País desde 1940, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

“Temos uma mortalidade maior da população mais idosa e tínhamos uma expectativa de vida que estava aumentando ano a ano. Pode existir uma queda. Mesmo que fique igual, já é um impacto, porque deveria ter ampliado a expectativa de vida”, analisou Juleusa.

CAUSAS
No ano passado, 220 pessoas foram mortas pelo coronavírus, segundo levantamento do LIBERAL com base em dados da Vigilância Epidemiológica.

A reportagem pediu números das principais causas de morte em 2020, mas o órgão municipal informou que, em função da alta demanda da pandemia não seria possível fazer o levantamento.

A Arpen trouxe queda nas mortes por doenças respiratórias (18%), insuficiência respiratória (35%), doenças cardíacas (36%) e causas cardiovasculares inespecíficas (39%). Houve aumento apenas nos óbitos em domicílio (15%). Questionado, Fernando acredita que a redução tenha a ver com a forma como os casos foram registrados em cartório ou atestado pelos médicos.

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