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Americana, 148 anos

Livro apresenta um novo panorama da formação populacional de Americana

Pesquisadores se debruçaram sobre formação rural e escravização

Por Isabella Holouka

27 de agosto de 2023, às 21h03 • Última atualização em 27 de agosto de 2023, às 21h04

A história da formação do núcleo urbano de Americana, com contribuição da imigração europeia e norte-americana, é bastante difundida. Com o lançamento do livro “Americana-SP, uma história entre rios: das sesmarias a Salto Grande”, o grupo Historiadores Independentes de Carioba lança luz sobre a habitação do núcleo rural e explica como a região se enquadrava na lógica escravista nacional.

Ao preencher esta lacuna, o livro afirma a importância dos descendentes proprietários de terras e, principalmente, da população negra escravizada na construção da cidade.

A região da Fazenda Salto Grande, área que é tida como uma das primeiras ocupações do território americanense – Foto: Reprodução / Instagram

O trabalho enfoca a história da Fazenda Salto Grande e expõe inconsistências sobre a propriedade do local, tendo como fontes documentações dos proprietários de terras, inventários e testamentos. Também detalha a formação de riqueza das famílias detentoras da fazenda e o trabalho escravizado.

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“Tentamos olhar para essa parte da história que muitas vezes é silenciada, de como Americana, antes de ser formada por braços da imigração europeia e norte-americana, foi formada pela população proprietária de terra, descendente de portugueses e, principalmente, pela população não-branca, negra e escravizada”, contou ao LIBERAL Gabriela Simonetti Trevisan, que integra o grupo de historiadores, ao lado de Mariana Spaulucci Feltrin, Elizabete Carla Guedes e Jefferson Luis Rodrigues Bocardi.

Novo livro de historiadores discute a posse de áreas no início da história de Americana – Foto: Reprodução

O livro historiográfico é baseado em uma pesquisa que levou sete anos para ser concluída, incluindo diferentes tipos de arquivos e fontes históricas. Foram inúmeras visitas ao Arquivo Público do Estado de São Paulo, na capital paulista, e ao Centro de Memória Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), além de consultas aos arquivos municipais e outras bibliografias, descritas ao longo da obra.

Além de descrever a história da propriedade e de seus proprietários, o livro mostra a diversidade da população escravizada, apresentando um novo panorama da formação populacional da cidade e da região.

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“Essa documentação, quando olhamos criticamente, com metodologia historiográfica, permite perceber como era essa vasta população escravizada que vivia aqui, sua diversidade”, afirmou Gabriela.

“Eram de várias regiões, várias etnias, brasileiros e africanos, com diversidade de ofícios, muitas idades diferentes, e percebemos relações sociais entre eles, estado civil, os filhos. O livro está esquematizando como foi a formação de Americana no período rural e escravista, tentando lançar um outro olhar sobre a formação da cidade”, explicou.

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Como anexo, o livro traz listagens de escravizados dos proprietários de Salto Grande e informações sobre eles encontradas nas documentações. Além disso, a partir de delimitações encontradas nas fontes históricas, o livro traz mapas inéditos das sesmarias e das terras, executados por Vanessa Mazzer.

Os historiadores também fazem análises iconográficas. “Existe uma ideia de que Hercule Florence, famoso pintor francês, teria pintado Salto Grande. E fazemos análise iconográfica para tentar contra-argumentar isso”, revelou Gabriela.

As lacunas bibliográficas

O período rural e escravista não é único na história de Americana sofrendo com lacunas bibliográficas, segundo o orientador cultural da Biblioteca Municipal, Leonardo Luciano.

O orientador cultural Leonardo, da Biblioteca Municipal de Americana – Foto: Claudeci Junior / Liberal

“Nossa história, de fato, tem buracos consideráveis”, diz, lamentando a falta de iniciativas suficientes para registros e preservações e, inclusive, a ausência de faculdades de humanidades, como sociologia, história e geografia, cujos núcleos acadêmicos poderiam se dedicar a este trabalho no município.

Segundo Leonardo, o LIBERAL é a instituição que mais contribuiu na produção de conteúdo no século passado e no atual, mas ainda falta dedicação na sistematização das informações para a composição de livros de história.

“Dos anos 2000 para cá, ninguém contou a história por meio de situações e pessoas, por exemplo. Não existe isso sistematizado, na forma de publicação, para virar referência bibliográfica. Há esperança de que venha a acontecer”, disse.

Quer conhecer a cidade?

12 livros para entender saber mais sobre a história de Americana

  • As nossas riquezas: Município de Villa Americana (1930)
    João Netto Caldeira
  • História da cidade de Campinas (1956-1969)
    Jolumá Brito
  • Campinas, seu berço e juventude (1969)
    Celso Maria de Mello Pupo
  • Americana: edição histórica (1974)
    Abílio Serra Bryan e Judith Mac Knigth Jones
  • Preservando Nossa História (1999)
    Célia Gobbo, Fanny Olivieri, Melquesedec Ferreira e Maria José Ferreira de Araújo Ribeiro
  • Recordações de Carioba: Álbum de Memórias (1999)
    Antônio Bertalia
  • Americana: Paróquia de Santo Antônio: Um século de fé: 1900-2000 (2000) Fanny Olivieri
  • Americana em um século: a evolução urbana de uma cidade industrial de porte médio (2002) Daniela Morelli de Lima
  • Memória viva de Americana (2010)
    Juarez Godoy
  • Carioba: um lugar, uma herança (2011)
    Suzete de Cássia Volpato Stock
  • Carioba sob o olhar feminino (2012)
    Divina Bertalia
  • Memórias em cena: História do Teatro Lulu Benencase (2020)
    Gabriela Cunha.

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