Americana
Jardim Boer vira o bairro dos terrenos abandonados
Em só quatro dias foram cerca de 750 notificações para limpeza e construção de passeio; moradores reclamam e pedem que valor da multa seja aumentada
Por Valéria Barreira
09 de junho de 2019, às 08h50 • Última atualização em 09 de junho de 2019, às 09h08
Link da matéria: https://liberal.com.br/cidades/americana/jardim-boer-vira-o-bairro-dos-terrenos-abandonados-1024161/
Basta uma volta pelos bairros Jardim Boer I e II para perceber que os terrenos abandonados ainda compõem a paisagem do local, mais de uma década após o primeiro deles ter sido implantado. O fato também se expressa em números. Apenas em quatro publicações recentes do Diário Oficial do município – nos dias 9, 23 e 30 de maio e 6 de junho – a prefeitura emitiu cerca de 750 notificações intimando proprietários a limparem áreas ou construírem o passeio.
“Está sendo feito um trabalho específico de fiscalização neste dois bairros e novas notificações devem acontecer”, informou a USU ((Unidade de Serviços Urbanos), órgão ligado à Secretaria Municipal de Obras. Após a notificação, o proprietário tem prazo de dez dias para fazer a limpeza.
Os dois loteamentos somam 2.547 lotes. Cerca de 2 mil ainda constam no cadastro de imóveis da prefeitura como sem uso. Alguns podem estar em fase de construção, mas ainda sem a devida regularização junto ao cadastro municipal. Mesmo assim, os que ainda de fato estão tomados pelo mato chamam a atenção. Em alguns quarteirões, o número de lotes vazios necessitando limpeza é superior ao de imóveis construídos.
É o caso da Rua Glória (antiga Rua 8), onde reside a dona de casa Jucilene da Silva. Ela mora no bairro há três anos e diz que desde então nunca viu alguns os terrenos do seu quarteirão serem limpos pelos proprietários. “O mato só está baixo assim porque colocaram fogo”, lamenta. Na sua opinião, a situação favorece o aparecimento de insetos e animais peçonhentos nas casas próximas.
“Já flagramos uma cobra coral entrando no quintal e escorpião na garagem e dentro de casa”, conta. Ela é mãe de duas crianças – de 4 e 11 anos – e diz que não deixa os filhos brincarem em frente de casa porque acredita que o mato alto dos terrenos compromete a segurança. “Eu também evito sair sozinha na rua, mesmo que seja durante o dia”.
MULTA. De acordo com as notificações da prefeitura, pelo menos 80% dos lotes alvo das notificações ainda não foram vendidos e permanecem nas mãos de empreendedores. Para a associação amigos de bairro, isso explica a demora na construção dos imóveis.
A presidente da entidade, Alessandra Vilas Boas Gallo, defende que a prefeitura aumente o valor das multas para motivar a limpeza dessas áreas. “Entre pagar a multa e fazer a limpeza, sai mais barato pagar a multa. Por isso, os terrenos acabam não sendo limpos e continuam causando problemas”, afirma.
Alessandra reside há 11 anos no Jardim Boer 1. Ela foi a primeira moradora da rua e diz que a situação se complica porque os terrenos com mato acabam acumulando também entulho. “Uma coisa puxa a outra e aí a situação vai se agravando”. Os terrenos da prefeitura, segundo ela, são limpos a cada dois ou três meses. “A gente liga e eles mandam a equipe para fazer a limpeza. O problema são os particulares”, diz.
Atualmente, o valor da multa para quem não cumprir com a determinação para limpeza é de um décimo da Ufesp (Unidade Fiscal do Estado de São Paulo) por metro quadrado. Cada Ufesp está cotada em R$ 26,53. Sobre a possibilidade de reajustar o valor a prefeitura não comentou.