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Vida... Lida...

Hino de Americana completa 25 anos nesta quinta

Composição de Ivanfly Bueno Quirino foi escolhida em concurso nos anos 90 e é resumo da história e dos símbolos da cidade

Por André Rossi

12 de dezembro de 2019, às 07h49 • Última atualização em 12 de dezembro de 2019, às 11h23

Foto: Marcelo Rocha - O Liberal
O músico é frequentemente convidado para ir até as escolas da cidade para conversar com as crianças sobre o hino

Instituído em 12 de dezembro de 1994, o Hino de Americana foi fruto das pesquisas e vivências de Ivanfly Bueno Quirino, 62. Nascido na antiga Vila Operária em 1957, o músico americanense buscou resumir – literalmente – a origem do município numa letra didática, mas que consegue, ao mesmo tempo, ser poética.

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Em 1993, o então prefeito Frederico Polo Muller lançou um concurso para escolher o hino da cidade. Assim como diversos músicos, Ivanfly decidiu participar. O primeiro passo foi ir até a Biblioteca de Americana em busca de livros que pudessem fornecer a base para a letra. “Eu sentava lá na biblioteca, lia uma parte daqueles livros antigos da Vila Americana, fazia um resumo e levava para o meu professor de português ver onde estavam os erros. E também perguntava para as pessoas antigas da cidade. Entre a letra e a música, demorou uns dois meses e meio para terminar o hino”, contou Ivanfly.

Logo na primeira estrofe, o músico faz referência a linha férrea que ia de Jundiaí a Campinas e passou por uma expansão que culminou na construção da Estação Vila Americana em 1875. A cidade se desenvolveu ao redor do prédio, que ficou conhecido como Estação da Villa dos Americanos.

Outro trecho relembra que a presença dos imigrantes estadunidenses que vieram ao Brasil após a Guerra da Secessão resultou num forte comércio de melancia e algodão, dois dos principais produtos cultivados por eles.

Figuras fundamentais para o desenvolvimento de Americana também são lembradas na letra. É o caso de Ignácio Correa Pacheco, um dos proprietários da Fazenda Machadinho, onde hoje fica a Praça Basílio Rangel.

Já para a canção, Ivanfly buscou uma sonoridade mais tradicional. “Quando você vai fazer um hino, ele tem que ser cívico mesmo, tem que fazer ele com imponência. Eu experimentei vários tipos de música, mas essa melodia encaixou melhor”, disse.

O músico é frequentemente convidado para ir até as escolas da cidade para conversar com as crianças sobre o hino. O trecho que mais desperta atenção dos estudantes é: “Vida, lida…; Ah, Como a vila cresceu!; Vida, lida…; Uma cidade apareceu!”.

“As crianças perguntam: ‘vida lida?’. ‘O que é vida lida?’. Lida é trabalho. O seu pai lida com o que? Meu pai lida com canavial, horta… lida é trabalho. Mas a primeira pergunta que fazem é ‘quantos anos o senhor tem?’ (risos). As crianças pensam que o autor do hino já está morto ou é muito velhinho, barrigudo. Estou com 62 anos, mas não estou morto ainda”, brincou Ivanfly.

Foto: Marcelo Rocha - O Liberal
Há 30 anos, Ivanfly é percursionista da Banda Municipal de Americana “Monsenhor Nazareno Maggi”

Vida

Ivanfly (pronuncia-se ‘ivanflí’) cresceu em um ambiente musical. Desde muito pequeno se lembra do pai tocando violão, da mãe cantando e do irmão mais velho acompanhando no acordeão. O inevitável interesse por música fez com que o pai lhe presenteasse com um pandeiro.

“Fui crescendo, começamos a tocar na escola de Carioba, nas festas juninas. Mais tarde começamos a nos apresentar na rádio em Americana”, contou Ivanfly à Revista L.

Ouça o “Além da Capa”, um podcast do LIBERAL

No final da adolescência, o músico teve de prestar serviço militar na base da Força Aérea em Pirassununga. Não demorou muito para que entrasse para a banda da Força Área como percussionista. Quando regressou para Americana, decidiu dedicar sua vida totalmente à música. Um dos episódios que lembra com mais carinho é a participação no 8º Festival de MPB (Música Popular Brasileira) de Americana, realizado em 8 de agosto de 1968.

Ao lado do Grupo Cinco Estrelas, Ivanfly interpretou a canção “Quem não sofreu?”, letra e música de sua autoria. A apresentação lhe rendeu o primeiro lugar. “Por incrível que pareça, quebrei um tabu aquele dia. Era difícil você ganhar um festival de música brasileira com samba, e a minha música era um samba. O festival foi no Centro Cívico. Era para ser no Teatro de Arena, mas, como choveu aquele dia, mudou para o Centro, que era coberto”, lembrou.

Há 30 anos, Ivanfly é percursionista da Banda Municipal de Americana “Monsenhor Nazareno Maggi”. “É assim que levo a minha vida. Desde pequeno, a minha vida foi sempre música”, resumiu.

Podcast

O editor Bruno Moreira conversa com o repórter André Rossi, que assina a matéria da Revista L. O episódio também conta com a participação da jornalista Karina Pilotto, ex-repórter de Cultura do LIBERAL, e do locutor Cris Correa, da FM Gold (94.7), emissora do Grupo Liberal.

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A HISTÓRIA, EM MÚSICA: Entenda as referências

Nascida às margens do Rio Quilombo
junto à estrada de ferro (1),
Por entre as terras de Machadinho,
os homens bravos prosperam!
O Imperador (2) proclamou,
uma estação coroou
À luz de Ignácio Corrêa Pacheco (3),
Um povoado formou.
Já habitavam
por estas paragens
muitos dos confederados (4)
Que nos trouxeram
o trole, a melancia (5),
o algodão e o arado.
E o progresso chegou,
qual despertar do amanhã.
E os teares tecidos teciam
a “Princesa Tecelã (6)…”

Vida… lida…
Ah, como a Vila (7) cresceu!
Vida… lida…
Uma cidade apareceu!
Vida… lida…
O parque têxtil surgiu!
Brilha, Americana,
A cidade que veste o Brasil!

Filhos de Carioba (8),
Salto Grande, Machadinho.
Filhos da Palmeiras,
paulistas são os seus filhos,
Filhos brasileiros!
Santo Antonio (9) abençoou,
a liberdade surgiu.
Brilha o povo de Americana
A cidade que veste o Brasil!
Americana,
Cidade Trabalho (10),
orgulho desta nação!
Americana,
que traz no passado
sua história de grandezas.
Mãe que eu chamo de chão,
terra de minha raiz.
Americana é justiça e verdade…
Princesa do meu País!’

  • (1) A estação de trem que cortava o território que viria a ser Americana foi fundamental para o comércio e os loteamentos
  • (2) A construção de ferrovias e estações de trem são um marco na fundação de Americana, tendo, inclusive contado com a visita do imperador Dom Pedro II em inauguração
  • (3) Considerado o fundador de Americana, loteou parte da Fazenda Machadinho, dando início à urbanização da vila
  • (4) A imigração de sulistas norte-americanos ajudou a povoar a região da vila, que ficou marcada pela presença deles ganhando, inclusive, um nome alusivo aos imigrantes
  • (5) Os americanos foram responsáveis por trazer técnicas inovadoras de cultivo, introduzindo o plantio de melancia nas terras
  • (6) A forte vocação têxtil rendeu o apelido de Princesa Tecelã ao município
  • (7) No início, Americana era Vila Americana
  • (8) Carioba ficou marcado por dar início à vocação têxtil e impulsionar o desenvolvimento da cidade
  • (9) Santo Antonio se tornou o padroeiro de Americana
  • (10) A bandeira de Americana tem como lema “Ex Labore Dulcedo”, expressão em latim que enaltece o trabalho: “Do trabalho vem a doçura”.

Confira o hino de Americana íntegra:

https://liberal.com.br/wp-content/uploads/2019/12/Hino-de-Americana.mp3?_=1

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