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Americana

Comandante deixa 19° BPM/I nesta sexta-feira e vai para a reserva

Tenente-coronel do 19º BPM/I se diz realizado e destaca a intenção de dedicar mais tempo para família a partir de agora

Por Leonardo Oliveira

12 de fevereiro de 2021, às 08h03 • Última atualização em 12 de fevereiro de 2021, às 09h32

Depois de dois anos no comando do 19° BPM/I (Batalhão de Polícia Militar do Interior), o tenente-coronel Luiz Horácio Raposo Borges de Moraes anunciou nesta semana sua aposentadoria, indo para a reserva da corporação. Essa sexta-feira (12) será o último dia dele no comando do local.

Nesses dois anos, ele foi o primeiro nome na hierarquia do batalhão, que cuida do policiamento nas cidades de Americana, Cosmópolis, Artur Nogueira, Engenheiro Coelho e Santa Bárbara d’Oeste, substituindo o tenente-coronel Mauro Luchiari Junior, que recebeu convite para chefiar o gabinete da Casa Militar do governo estadual.

Com 50 anos, Horácio entendeu que era o momento ideal para dedicar um tempo a sua família, principalmente após a sua esposa, a coronel reformada da PM, Adriana Cristina Sgrigneiro Nunes, encerrar seu mandato como vereadora em Piracicaba.

Luiz Horácio foi o primeiro nome na hierarquia do batalhão – Foto: Ernesto Rodrigues / O Liberal

Foram 33 anos servindo a Polícia Militar. Nascido no Rio de Janeiro, trabalhou em batalhões da Grande São Paulo e migrou para o interior em 2008, depois de ser promovido a capitão. Passou por Piracicaba, Sumaré, Limeira e Rio Claro até assumir o comando do 35° BPM/I, com sede em Campinas.

Em janeiro de 2019 foi transferido para o 19° BPM/I, em período marcado por redução dos índices criminais.

Quem assume interinamente é o major Moisés Sabino Zecheto. Ele fica até o mês de março, quando o também major Eurípedes Mota Furtado retorna de férias.

Um novo tenente-coronel, no entanto, só deve ser designado para a área em maio, quando devem ocorrer as próximas promoções na corporação.

Em entrevista ao LIBERAL, o tenente-coronel Horácio falou sobre a sua aposentadoria, sobre os anos de Polícia Militar e adiantou algum dos seus próximos passos.

Qual o sentimento após 33 anos na Polícia Militar?
Eu me sinto realizado, fiz o que eu sempre gostei. Sempre gostei de policiamento, nunca objetivei nenhuma unidade de especialidade, sempre gostei da infantaria. Das dez unidades que eu trabalhei, oito foram batalhões de policiamento. Me sinto realizado nesse aspecto, fiz o que eu gosto de fazer pelo tempo que achei necessário e me achei útil.

Quais os planos para o futuro?
Quero descansar um pouquinho, ficar sem um celular que possa tocar a qualquer minuto, sem ficar na expectativa de que vá acontecer alguma coisa. Vai ser uma sensação nova para mim.

Tem algum passatempo que quer se dedicar a partir de agora?
Quando eu era tenente, eu gostava de jogar pôquer, mas como tenente eu tinha tempo para fazer isso. Depois o tempo foi ficando escasso e, raramente eu consegui jogar pôquer, uma vez ou outra online, mas é uma coisa que eu gosto de fazer. É um jogo onde você consegue perceber muito as pessoas, acho interessante essa dinâmica.

Gosto de jogar xadrez, mas está cada vez mais raro achar quem jogue com a gente. Agora a gente brinca mais online. Pretendo fazer isso como entretenimento. Na campanha da minha esposa, só pedi que ela fizesse uma promessa para mim, que ela comprasse um Playstation 5.

Aí, ela cumpriu a promessa, compramos, acho que vou jogar um pouquinho com as minhas filhas. Eu gosto de futebol, sou bom em PES [Pro Evolution Soccer]. Pelo menos um mês eu vou dar uma pausa, depois eu vou ver o que vou fazer.

Pensa em seguir o caminho da sua esposa e ir para a política?
Essa é outra opção. Gosto muito da área política. A polícia te dá um preparo muito bom para as questões estratégias, isso facilita muito em uma campanha política. Mas eu confesso que não tenho estômago para ser político não.

Pra ser candidato eu não tenho estômago. Admiro quem tem, porque é uma superexposição que eu não consigo visualizar pra mim, mas nos bastidores eu não vejo problema nenhum

Eu gosto muito da área da Educação. Fiquei pensando se tenho querosene para quatro anos de estudos, talvez no formato híbrido, planos a gente tem.

Tem algum momento na Polícia Militar que te marcou mais?
Em 2005 nós tínhamos um problema muito sério na pior favela de São Miguel Paulista, a Favela Pantanal. Era uma área com a comunidade muito carente, a Polícia Militar era vista ali apenas como força invasora.

Nós começamos a desenvolver um trabalho que acabou dando muito certo, foi um trabalho que foi expandido para a Polícia Militar inteira, ficou conhecida como Jornada da Cidadania. A gente conseguia captar forças vivas da região e elas voltaram para atuar na comunidade.

Com isso, a comunidade ganhava um amor próprio e maior respeito tanto pelas comunidades como pela Polícia Militar. Foi algo muito bacana, foi marcante.

A gente sediou o trabalho em uma escola totalmente degradada, mato alto, portão caído, sem pintura nenhuma, as salas totalmente detonadas.

Nós conseguimos recuperar toda a escola, que era o polo educacional daquela comunidade. As pessoas vendo o trabalho da Polícia Militar tiveram uma outra percepção para que serve a polícia.

Como avalia o seu tempo à frente do Batalhão?
Em questão de ambiente de trabalho, na 3ª Cia nós conseguimos uma nova base para Engenheiro Coelho junto ao poder público, ficou muito bonita. Isso é mérito exclusivo dos policiais que ali atuam.

O mesmo eu posso dizer aqui da nova sede do batalhão, que não é um mérito meu, mas foi algo conquistado durante o tempo que eu fiz parte dessa equipe. Nós também avançamos bastante na regularização da então 1ª Cia, o que hoje é a sede da Força Tática.

A gente precisa regularizar ali para passar para o Estado aquele prédio para a gente poder fazer melhorias. Isso está bem encaminhado, ainda no tempo do prefeito Omar [Najar] ele assinou o decreto, foi votado pela câmara, houve uma pequena interrupção por conta da pandemia, mas eu já passei para os majores e eles já vão dar continuidade a esse trabalho.

Nós temos então a sede da Força Tática, que não existia. Eles estavam agrupados no batalhão, hoje eles têm uma sede própria. O batalhão agora está com uma sede nova e muito boa também, e nós já fizemos reuniões essa

E sobre os indicadores criminais?
Nós tivemos alguns momentos bons. De um modo geral, ocorreram reduções. Lógico que foi um período atípico, a gente nunca teve um ano voltado para a situação pandêmica como no ano passado, mas ainda sim tivemos muitos bons resultados no ano anterior, antes da pandemia, não dá nem para colocar nas costas da Covid essa questão.

Isso é fruto do trabalho que a gente fez junto a equipe, de voltar a nossa atenção para os anseios da população. Nosso trabalho é preventivo. A gente tem que sempre tentar antecipar o movimento criminoso.

A gente tava acompanhando os indicadores criminais mais de perto. Fizemos um trabalho para diminuir as apreensões de veículos. Não que elas não fossem necessárias, mas o foco das apreensões devem ser criminais.

A apreensão de veículo é uma coisa que toma muito tempo. Você tem que parar, abordar o veículo, identificar qual é o problema, chamar o guincho, que vem, recolhe, aí você dá a baixa na ocorrência.

Eu confesso que a gente trouxe a experiência de outros locais. Quando você ganha tempo de policiamento, se você aproveita bem esse tempo ganho, você tende a ter melhor resultado.

Se eu tiver com a viatura empenhada em alguma coisa que não traz ganho em termos de prevenção e prisão de criminosos, na prática nesse aspecto criminal eu não to tendo ganho.

Eu posso ter redução de acidentes de trânsito, redução de vítimas, mas isso a gente também pode conseguir atuando em outras frentes.

Há algo que faltou fazer no seu período?
Eu gostaria de ter conseguido fazer o convênio de trânsito nos municípios de Americana e Santa Bárbara. A gente, na época, fez um trabalho junto ao poder executivo dos dois municípios, fizemos uma apresentação técnica mostrando que ninguém quer criar indústria de multas, muito pelo contrário.

O meu objetivo era simplesmente poder dar possibilidade do policial fazer o serviço que ele tem que fazer. A pessoa quando solicita, ela não se importa muito se é Polícia Militar, se é Guarda Municipal, ela quer ser bem atendida. Na medida que você não tem a possibilidade legal de atender, você acaba frustrando o cidadão.

Houve uma resistência na Câmara Municipal de Santa Bárbara e nem chegou a ser colocado na pauta em razão de todo o burburinho que causou e não houve tempo de fazer uma apresentação aos vereadores, aí pode até ter ocorrido uma falha da nossa parte.

De repente nós deveríamos ter apresentado esse projeto também aos vereadores para que eles tivessem o entendimento daquilo que a gente apresentou para o prefeito. Já em Americana nós fizemos diferente, conversamos com alguns vereadores sobre o tema.

Aí veio a pandemia e impediu que a gente fizesse a apresentação para os vereadores em plenário, junto com a proximidade das eleições, o que causou uma certa cisão, interpretações equivocadas. Mas até onde eu sei o projeto não foi retirado, então pode ser agora, numa nova câmara, ser apreciado.

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