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Americana

Com medo de contaminação, pais ainda resistem a enviar alunos à escola

Em meio à vacinação e ao retorno presencial do ensino, temor de contágio ainda é obstáculo para volta de estudantes

Por Ana Carolina Leal

27 de junho de 2021, às 08h52

No dia 16 de junho, o governo estadual anunciou que vai ampliar a retomada das aulas presenciais em agosto - Foto: School photo created by freepik - www.freepik.com

Por medo de contaminação pelo novo coronavírus, algumas famílias de Americana ainda resistem em mandar os filhos de volta para a escola. Mães e pais de crianças e adolescentes ouvidos pelo LIBERAL afirmam que apesar da expansão da vacina para outros públicos, ainda não se sentem seguros para tirar os filhos do ensino remoto.

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“Não enviamos nossos filhos para a escola pois entendemos que o compromisso maior, neste momento, é com a vida. Com tantas dúvidas sobre tratamento e cura, possíveis sequelas e pessoas que perderam a vida em todas as faixas etárias, sem vacina para estes menores de idade, não abrimos mão da segurança”, afirmou o fotógrafo Tyto Neves, de 50 anos. Ele é pai de dois adolescentes de 16 e 12 anos matriculados em uma escola particular.

No dia 16 de junho, o governo estadual anunciou que vai ampliar a retomada das aulas presenciais em agosto. Cada unidade de ensino deverá determinar a capacidade de acolhimento total de alunos de acordo com sua realidade.

Em Americana, na rede privada, as escolas retomaram às aulas presenciais com revezamento entre alunos e respeitando o limite de 35% da capacidade no mês de fevereiro. No Estado, porém, os estudantes voltaram às unidades a partir do dia 14 de abril. Já na rede municipal, as aulas presenciais retornaram no dia 24 de maio.

“Reconheço que as aulas on-line perdem em aproveitamento pois os alunos, dentro de casa, não têm o mesmo empenho e se distraem muito mais. É cansativo para os pais administrarem o trabalho e a supervisão da aula. Estamos todos cansados da nova rotina, mas entendemos que o cuidado com a vida é mais importante”, explicou Tyto sobre o tema.

Mãe de três crianças, duas delas em idade escolar, a autônoma Ana Vitória Bortolasso, 30, afirma que ainda não se sente segura para mandar os filhos para escola. “Apesar de não ter casos onde eles estudam, sei que as crianças não têm a atenção que precisam para se prevenir. E os professores não vão conseguir controlar, monitorar e cuidar de todos”.

Médico otorrinolaringologista em Americana, Ivan de Picoli Dantas, defende o retorno às aulas, porém, desde que seguidas algumas regras.

“Todo mundo com uma boa máscara. Os alunos que não sabem ou não se comportam para usar máscara devem ser tirados do ambiente escolar. E hoje existem protocolos muito bem estabelecidos para conseguir – e as escolas privadas estão conseguindo – manter o índice e transmissão baixíssimos”, afirmou.

Ele ressaltou, no entanto, que se fosse gestor, não permitiria o retorno das creches, onde as crianças não usam máscara. “Todas as faixas etárias que têm condições de utilização de máscara devem retornar. Em todos lugares da Europa, onde foi feito um lockdown de verdade, o último setor a parar foi a educação. Alguns lugares, inclusive, não pararam, mesmo eles tendo condições de oferecer um estudo à distância”, argumentou.

Para o médico, o grande problema não está na escola. “A gente restringe as aulas e vê todo o resto aberto. Isso para mim é inadmissível, não consigo entender. As crianças estão deixando de aprender, a gente está perdendo o desenvolvimento de uma geração com graves problemas neuropsíquicos relacionados a isso, então não faz nenhum sentido as escolas permanecerem fechadas”.

A arquiteta Daniele Campagnolo, de 31 anos, disse em entrevista ao LIBERAL que a filha, de 11 anos, chegou a frequentar as aulas presenciais no início do ano. “Os casos começaram a aumentar e achei muito arriscado, principalmente porque moro com os meus pais e eles estavam muito inseguros. A intenção é que ela retorno depois das férias, mas vai depender de como estará a pandemia”.

Com um filho matriculado em uma escola particular e outro em uma Emei (Escola Municipal do Ensino Infantil), a analista de RH Cristina Dantas Avelar, de 36 anos, só pretende enviar os filhos de volta para as unidades de ensino quando a vacinação atingir o público infantil. “Meus filhos estão loucos para voltar, mas entendem. Não me sinto segura para mandar sem vacina”.

Doutora em psicologia e docente da pós-graduação em educação da Unicamp, Angela Soligo, diz não ser favorável ao retorno das aulas presenciais, não nesse momento. “A vacinação no Estado de São Paulo foi antecipada, o que é muito bom, mas em agosto nós não teremos toda população com 18 anos ou mais vacinada. E se não está todo mundo imunizado, está todo mundo em risco”, afirmou.

Mesmo com todos os adultos vacinados, a professora, ainda assim, vê com cuidado a retomada das aulas presenciais, uma vez que as crianças não estarão imunizadas. “Vejo que poderia ser feito um cronograma parcial de retorno. Mas esse ano, veria como um ano de cuidar da imunização, antes de voltar todo mundo para a escola”.

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