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Casa Funcional de portas abertas

Após reforma, APAE de Americana tira antigo projeto do papel e sonho realizado pode virar referência

Por Jucimara Lima

28 de março de 2022, às 07h41

Colaboradoras do projeto, mãe de usuário e profissionais envolvidas na reforma celebram o momento de festa - Foto: Marcelo Rocha - O Liberal

O sonho de ter uma casa funcional na APAE (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais) de Americana é antigo, contudo, quando a ideia tomou força, em pouco tempo virou realidade. A inauguração do espaço, uma casa de 60 metros quadrados, composta por sala, cozinha, quarto, banheiro, sala de jantar e área de lazer, aconteceu na quinta-feira (24). Assim sendo, a partir de amanhã, crianças, adolescentes e adultos com autismo ou determinadas deficiências intelectuais poderão viver experiências, que para alguns podem ser básicas do dia a dia, mas que para eles muitas vezes são limitadoras.

Segundo Jocemeire Aparecida Pires Godoi, 51 anos, diretora clínica da APAE, inaugurar o espaço foi a realização de um sonho antigo de várias pessoas que passaram pela entidade aos longo desses 54 anos de existência. “Sempre queremos ter uma casa assim, para podermos trabalhar a autonomia e uma maior liberdade para nossos usuários, afinal, os pais vão envelhecendo e uma preocupação constante para a família é o futuro deles. Por tudo isso, para nós essa inauguração é motivo de festa”, revela.

De acordo com Simone da Silva Pereira, 45 anos, prestadora de serviços e proprietária do Espaço Atitude, empresa que oferece assessoria, capacitação e treinamento para equipe da APAE, a casa será uma referência regional e deve inspirar outras associações. Psicóloga e especialista em análise do comportamento aplicado ao autismo, deficiência intelectual e linguagem, Simone é uma das idealizadoras do projeto e ressalta a importância da iniciativa. “Nós não conseguimos ir até a casa das pessoas para auxiliá-las nas atividades diárias, mas é um trabalho muito necessário, então, aqui vamos conseguir dar esse suporte”.

Dentre essas atividades, os usuários aprenderão desde arrumar a cama, lavar louça, cozinhar, assistir a um filme em grupo e até tomar banho. “Com o tempo, queremos fazer uma horta para eles plantarem verduras e chás, até para podermos trabalhar com eles aromas, texturas, seletividade alimentar, entre outras coisas como a habilidade social de saber como se portar em grupo”, comenta Simone.

Carine Cristina, 42 anos, mãe de Davi, um aluno autista de 4 anos, está muito feliz com a novidade. “Será um espaço ótimo de aprendizado para eles. O meu filho está aqui há dois meses e o desenvolvimento dele, nesse período, foi muito grande. Posso dizer que existe um Davi antes e depois da APAE, então, estou muito ansiosa para ver a evolução dele agora com a Casa Funcional”.

A reforma. A reforma do espaço aconteceu em menos de 30 dias e contou com o trabalho voluntário da designer de interiores Ariane Sayão, 48 anos, e da arquiteta Emanuela Moraes, 38 anos. Além do trabalho delas, todos os móveis e eletrodomésticos da Casa Funcional também são fruto de doações de outras pessoas e empresas. Ariane conta que a principal preocupação delas com o espaço foi garantir que a realidade fosse adaptada conforme o universo deles. “Até as cores nós pensamos de uma maneira que não interferisse no emocional. Além disso, escolhemos os elementos que simbolizam o Autismo (o quebra-cabeça) e o girassol (símbolo de todas as deficiências)”.

Colaboradora assídua da APAE, Emanuela explica que a acessibilidade é algo que já está muito presente na atual realidade e por essa razão, sempre busca inserir nos projetos que costuma elaborar. “A gente tenta ajudar da maneira que conseguimos e a APAE tem um lugarzinho no nosso coração”, pontua.

Funcionamento. O espaço, que já foi a casa do caseiro, o bazar da APAE e o setor administrativo funcionará como um espécie de laboratório, por agendamento e acompanhamento especializado. Os usuários serão orientados por psicólogos e terapeutas ocupacionais. Além disso, o atendimento será individual ou coletivo, dependendo das necessidades de cada um. “Esse foi o primeiro passo para quem sabe um dia, termos uma residência terapêutica. Esse é um novo sonho”, finaliza Jocemeire.

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